A questão que se levanta com a renúncia do papa Bento XVI não é, de modo
algum, original. Outros papas já renunciaram ao trono papal. O que o Direito Canônico exige é que,
tal renúncia seja dada a mais ampla publicidade aos cardeais sem que haja
necessidade de ser aceita pelos demais, isto segundo o “Codex Iuris Canonici” In( Can. 332.§ 2CIC).
Como a renúncia é o ato contrário à assunção da eleição, termina por remover
os seus efeitos. Desse modo, o papa perderá o direito de condução, passando o
ex-papa a ter o chamado direito ao “estatuto de bispo emérito”.
Como já o afirmamos aqui, muitos papas
já se demitiram, o mesmo que pedir demissão. É estranho que sendo eles
considerados’ infalíveis’ ontem,
de repente se vejam nas dores dos renunciantes, seja a que título e sob quais
desculpas. Muitos se demitiram, a exemplo do papa Celestino V, assim como o papa Gregório
XII que foi obrigado a demitir-se durante o Concílio de Constança, Bento IX que renunciou três vezes em
favor dos seus parentes em 1044, 1045 e 1048. A lista não para por aí.
A pressão e as disputas dentro do
Vaticano são quase insuportáveis. Cardeais brigam e disputam cargos e posições,
além de almejarem aberta escancaradamente o trono que só pode ser de um. O
labirinto de intrigas do Vaticano é surpreendente e escandaloso. Na escolha dos
papas muitas brigas e piadas rolam entre os cardeais. É muito comum o “quem dá
mais”, sendo o que promete e o mais político, o que comumente ganha a
“disputa”. Há muita bebedeira e fumo nos salões do Vaticano.
A propósito, dos 265 papas com a presunção de terem sido legítimos,
outros
32 existiram, os chamados antipapas.
Porém, fica aqui registrado que a Alemanha, sozinha, teve oito (8) papas. Também será preciso dizer que o papado
dependia do rei ou príncipe mais poderoso que impunha o papa do momento,
simplesmente pela força da espada. Não era uma questão de escolha pelos
cardeais. Muitos papas eram analfabetos de pai e mãe, outros, simplesmente eram
oriundos da nobreza, e, era o papado, meramente cargo político. Piedade não se
exigia. Mesmo porque, foram todos muito sanguinários a serviço dos seus
mentores e sustentadores.
Max Brandão Cirne – É historiador
formado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e Bacharel em
Direito pela Universidade Federal da Bahia.Possui outros títulos variados.
14/02/2013
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