O que você quer saber sobre História?



Este blog tem como objetivo discutir História, postar artigos, discutir assuntos da atualidade, falar do que ninguém quer ouvir. Então sintam-se a vontade para perguntar, comentar, questionar alguma informação. Este é um espaço livre para quem gosta de fazer História.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

BRASIL - UMA NAÇÃO FALIDA

                             

         O Brasil é um país verdadeiramente surpreendente. De povo absolutamente tacanho e afastado dos centros das decisões políticas que lhe afetam, se distancia dia a dia da realidade crua e azeda que nos atinge diretamente como povo. Pagamos os mais escorchantes impostos do mundo para sustentarmos os Três poderes da república que são as sanguessugas maiores da nação. Quando operários e professores, além de militares fazem movimentos paredistas para reclamarem atualizações salariais, as policias são enviadas pelos governantes para atacar com desumanidade os reivindicadores como bombeiros, professores, garis, comerciários. As negociações, quando ocorrem, demoram meses e até anos para os governos concederem aumentos de 2%, 3% quando muito, um mísero 5% sob as mais repugnantes e deslavadas desculpas de que a seguridade social será quebrada, que os pobres consumirão mais, que   trarão a inflação de volta, que a previdência quebrará, que as contas do tesouro não podem pagar.
         Segundo capítulo: Quando juízes e políticos (executivo) enviam cartinhas ao poder central imediatamente os aumentos são concedidos civilizadamente. Os poderes que estão corroendo o Brasil são, pela ordem: Primeiro, o Executivo, que reúne o de mais ordinário e criminoso ao seu derredor, verdadeiros bandidões que exercem cargos em seus benefícios, formando as matilhas, os cães do poder, os subordinados e sacripantas que assacam e atassalham a nação em proveito dos interesses próprios e dos grupos,  em nome do povo que está bem distanciado. Em  segundo lugar o velho e asqueroso apodrecido Judiciário, cansado e, corrompido e, coator a proteger as maracutaias dos governantes e políticos. Eles estão trocando favores entre si para não aplicar a lei em favor do povo e em desfavor dos privilegiados. O terceiro segmento é o Legislativo que aplaude tudo quanto é imoralidade do Executivo e acata todas as determinações estapafúrdias do servil e desmoralizado Judiciário.
         Não tem o brasileiro nenhum poder que o livre das garras nem da rapinagem  dos Três Poderes da República falida. Ganham exorbitâncias enquanto permitem que um professor com dois ou mais cursos superiores fique a ganhar R$1.000,00 por mês, quando muito ou manter o salário mínimo em menos de R$800,00 mensais.
         Insensíveis, são incapazes de compreenderem, encerrados  pelo seu egoísmo em que se fecharam, das necessidades básicas de um povo que também sonha e tem o direito de viver bem. Organizados em quadrilhas e matilhas se compõem em órgãos colegiados que asseguram toda sorte de falcatruas e a premiação da impunidade nessa república de desigualdades e de crimes encobertos sob o “ manto da toga da justiça brasileira”.
         A república fede, está putrefata, nojenta e nauseabunda. Esta decomposta, nua, fajuta,  suja, imunda, sem rumo e sem norte. Cada homem público parece disputar a iniquidade e a capacidade de suplantar uns aos outros. Tudo fede, tudo fossiliza e se esmaece na ausência de vontade de mudar e de se redimir. A nação está atolada na miséria e na infâmia, na mais degradante imoralidade e na mais crassa incivilidade e crueldade social aplicada contra o povão.
         Embora tenha eleições, falcatruas e a ausência de boa fé se espalham pelo território na certeza de que são fraudadas e, que mesmo havendo eleições os homens eleitos sempre são cooptados para a degradação moral e espiritual. Ser santo e ser decente parecem ofender os mandatários do país, enquanto eles embasbacados vicejam seus filhos na continuidade corruptiva deixando e permitindo que os conceitos de civilidade e mortalidade sejam decompostos nas valas comuns da imoralidade aceita e praticada pelos lideres e pelos que determinam a nação. 

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

PULLU – O ANDARILHO


        Uma das mais vivas recordações da infância itiubeira sertaneja, é a de um homem, uma população assombrada e um homem simples e mirrado de apelido Pullu.
        Ocasionalmente o Pullu assombrava a cidade ou a punha em polvorosa com notícias de mulheres que foram atacadas, estupradas e mortas por ele conforme se afirmava no tempo. As noticias vinham da zona rural e chegavam à cidade com a força do impacto da moral vigente cheia de recatos e boas práticas desconhecidas do mundo atual .
       O Pullu era um home mais para andarilho com problemas mentais que costumava se vestir com várias roupas, umas sobre as outras, e, assim, saia pelas estradas da sua região, do Povoado de Cacimbas, bem próximo da cidade de Itiúba, levando nas costas sacos de roupas e outros petrechos.
       Quando atacava a sua doideira, o Pullu deixava sua casa e parentela dando lugar a toda sorte de boataria que lançavam sobre o pobre. Nunca, na verdade, ninguém o viu atacando ou matando, muito menos estuprando mulheres da zona rural ou de outra localidade. Jamais se provou tenha o Pullu causado qualquer nocividade a quem quer que fosse.
      Conheci-o bem. Era um sujeitinho branquinho, mirrado, mãos finas de quem nunca pegou no pesado, que naqueles tempos era a enxada das roças, dono de umaface pequena e um pouco encaveirada, olhos azuis claros e fala mansa, mas muito mansa mesmo, de uma educação de gestos impressionantes, a sair pelas casas a pedir um prato de comida e um copo com água. Costumávamos entabular pequenos papos com o Pullu, não obstante sua má fama, cheios de desconfianças daquele simples e miúdo homem,pois que, ele se encerrava num mutismo que nos incapacitava de travar bate papolongo ou até mesmo mediado.
      Pedia água e comida indo de porta em porta, isso quando raramente aparecia uma vez por ano, sendo diversas vezes preso na cadeia local onde passava dias até os seus familiares de lá o retirarem, mas não que o Pullu tivesse feito algum mau. Pura má fama. Nada mais.
      O Pullu sumiu no oco do mundo. Dele apenas a lembrança de um tempo que virou na esquina da vida com as lembranças e recordações.


segunda-feira, 10 de novembro de 2014

MARIA CESAR – A PARTEIRA

 Antigamente se dizia assim: Maria Cesar a maior parteira de Itiúba. Hoje não; jaz no esquecimento, porque as pessoas são esquecidas, assim que descem à sepultura ou deixam as suas práticas. Nasci no sertão itiubano. Sou, portanto, itiubano da gema, se você se aborrecer com o adjetivo pátrio, chame-me de itiubense, pouco importa, e,vim ao mundo pelas mãos de uma outra grande parteira chamada “Mãe Teodora”. Pois é, é assim que chamávamos as parteiras que nos “pegavam”. Fui “pegado” pelas mãos da gloriosa mãe Teodora, mulher rija, de fala grossa e gutural, dessas escaveiradas, a distribuir “Deus lhe abençoe” a molecada respeitosa e severa, quando passava apressada,de andar pelas madrugadas e pelas poeirentas estradas sertânicas a assombrar espectros e a abrir caminhos para esperar os rebentos com peitos de aço que vinham ao mundo.
       Hoje são esquecidas. Mãe Teodora “pegou” muitos milhares de filhos que nasceram em Itiúba e cidades circunvizinhas. D. Maria Cesar que na verdade não era Cesar, mas, Maria Batista Cirne Maria, o que deixavao marido Joaquim Brandão azucrinando e chispando fulo da vida, era assim conhecida desde a sua mocidade, mulher que fora do seu marido esposa Manoel Cesar, sujeitinho infame e miserável de uma perversidade e crueldade dessas de assombrar corações humanos. Viuvou e casou-sed. Maria com meu pai Joaquim BrandãoCirne que não perdoava ninguém que chamava sua esposa amada de “Maria Cesar”. Retava-se, atanava-se, consumia-se deixava de atender as pessoas, mas simplesmente tinha, ou melhor, teve de conviver a vida inteira com o apelido da sua esposa que fora casada primeiro com outro. Coisas da vida. Curioso é que Mãe Teodora foi a parteira que “pegou” D. Maria Cesar. Ironias da vida.
Maria Cesar – a parteira “pegou” o seu primeiro “filho”, no ano de 1945, de uma mulher chamada Berosa, prostituta pobre e miserável que estava a parir abandonada de tudo e de todos, sem nenhum socorro”. Lá se foi D. Maria Cesar e fez o seu primeiro parto. Depois, se seguiu uma cambulhada, de roldão, a mão cheia, menino que nunca acabanava de nascer em Itiúba. Inicialmente fazia partos as escondidas do marido com medo de represálias coisa que nunca passou pela cabeça do grande e fabuloso Joaquim Brandão. Maria Cesar afazia até oito partos por dia conforme a safra, pois quem naqueles tempos se fazia menino a rodo.
         Ensinou e orientava os estudantes de medicina do antigo e findo Projeto Rondon que vinham de São Paulo e do Rio com catas de recomendação do Ministério da Saúde. Hoje são menosprezadas e chamadas de “aparadeiras” e outras adjetições infames e humilhantes para lhes retirar os brios e a boa fama. Sem parteira, especialmente uma de nome Maria Cesar, mais de 27 crianças não teriam vindo ao mundo na segurança daquelas mãos firmes que lhes esperava com uma doce saudação. Obrigado D. Maria Cesar.
        D. Maria adquiriu certa notoriedade e começou a vir gente até da Bolívia. Fez uns três partos internacionais. Poisé, a mulher era uma danada mesmo. Sua vida toda ela “pegou “ mais de vinte e sete mil meninos e meninas. Repito: 27 mil crianças que ela “pegou” com amor, carinho e denodo, do lar rico ao mais pobre e miserável ela entrava com honras levada por aflitos maridos, amasios, safardanas, vagabundos, fazedores de filhos e raparigueiros. Não tinha essa de condição social. Maria Cesar não lhes olhava as caras nem queria saber se casados ou não. Não sabemos às vezes em que as prostitutas foram ajudadas, e, feitos seus partos por D. Maria Cesar. Nada recebia, salvo alguns trocados quando e se aprouve os maridos mais abonados.
        Maria Cesar chorava para fazer caridade, socorrer as mulheres e proporcionar-lhes alívios e alegria. Mantém todos os seus partos registrados em livros enormes, cujos registros eram feitos por seu marido, tornando referencial para registros púbicos civis dos que nasceram pelas mãos da parteira Maria Cesar.

        Quando você falar ou escrever esse nome, persigne e respeite o nome. Já que respeito e consideração são moedas de desvalorização junto ao esquecimento.