É, quem pensa que somos o país da camaradagem e da justiça, se engana
redondamente. Na nossa página histórica, muita coisa de negra e pavorosa está
gravada. Por exemplo, os campos de
concentração. Muito pouca gente sabe que tivemos os nossos campos e
concentração, tão ou mais nefastos que os de Hitler e outros, para o deleite
dos nossos ditadores de plantão, que perseguimos e privamos muitos milhares de
pessoas não apenas de bens, mas de dignidade, quando lhes negamos tratamento
decente.
Páginas de vergonha para os
brasileiros.
Refiro-me aos japoneses que foram mantidos em Pernambuco e em São Paulo em
campos de concentração quando da Segunda
Guerra Mundial. Com os alemães residentes no Brasil houve
perda de bens conquistados com pessoas cujo pecado era o de tão apenas terem a
nacionalidade alemã. Essas pessoas foram encerradas e enterradas em campos
imundos, foram privados da sua liberdade, muitos padeceram e chegaram a morrer
neles, e, outros tiveram sobre suas cabeças a suspeição de colaboração com o
inimigo.
Cidades como São Felix e
Cachoeira apresentaram um quadro agudo de perseguições, ocasião em que
açulados pelo governo brasileiro, os nacionais invadiram e arrebentaram fábricas
de charutos e outros destruindo e forçando a saída dos alemães abandonando todo
o produto das suas vidas, quebra-quebra de fábricas, destruição de maquinários,
de escritórios e outros bens, só por serem eles alemães. Particularmente,
conheci, na década de ‘60’, alguns velhos e alquebrados alemães, na cidade de
Maracás que, ressentidos contra a ação do governo brasileiro por terem perdido
o fruto de toda a vida, viviam em extremada pobreza.
Outra questão que não está bastante
clara é a que diz respeito aos espanhóis e portugueses. Eles chegaram aqui, cada
povo, depois de instaladas as ditaduras na Espanha pelo general Franco,
enquanto os portugueses fugiram da ditadura de Salazar, aquele cidadão que
encontrou asilo no Brasil depois da chamada Revolução dos Cravos em Portugal,
aqui vivendo nababescamente e morrendo com todas as honrarias, indiferente a
tanta dor e sofrimento dos seus compatriotas. O Brasil costuma dar asilo aos
piores assassinos e genocidas de todos os naipes, de todo o lixo que o mundo
produz e de todo o ódio que esses crápulas e asseclas encontram, sendo o
rosário de facilidades e comodidades ofertado como se fossem dignos e
merecedores. Alfredo Stroissener, então ditador do Paraguai aqui viveu sob o
manto da proteção dos ditadores brasileiros em total afronta ao povo paraguaio
e brasileiro, pois, que assaltaram e tomaram o Brasil pós 1964. Pinochet então
o ditador mai feroz do Chie foi aqui recebido pelos generais embora os
estudantes tenham feito passeatas de protestos, tenham apanhado muito e
parlamentares oposicionistas tenham curtido cadeias e prisões por discursos
contrários à visita infame, a exemplo do deputado federal por Feira, Chico.
Bem, todos conhecem a hospitalidade do povo brasileiro e o verdadeiro
apego pelos brasileiros, demonstrado pelos japoneses que veneram os brasileiros
lá e cá, não obstante tratamentos tão sórdidos tenham aqui recebido. Espanhóis
e portugueses ensinaram aos brasileiros muitas coisas num intercâmbio cultural,
podendo dizer que depois da década de 1950 quando aqui começaram a se instalar,
recebidos como asilados dos seus respectivos países, estabelecidos como
comerciantes e empreendedores. Eles se vingaram dos brasileiros, de um modo
atípico, barrando e humilhando os que chegavam aos seus países, mesmo que em
viagens de férias e temporárias, devolvendo-os ao Brasil, deportando-os de
volta. Muitos não passavam dos aeroportos. Dentistas brasileiros em Portugal
foram execrados e proibidos de desenvolverem suas atividades assim como outros
brasileiros ali estabelecidos. Foram uns ingratos que a frouxidão e a
descompromissada diplomacia brasileira, ineficiente e covarde nunca conseguiu
contornar, muito menos jogar nas caras deles os favores que lhes fizemos.
Quanto ao mais consta dos anais dessa republiqueta de bananas.
27/02/2013
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