O que você quer saber sobre História?



Este blog tem como objetivo discutir História, postar artigos, discutir assuntos da atualidade, falar do que ninguém quer ouvir. Então sintam-se a vontade para perguntar, comentar, questionar alguma informação. Este é um espaço livre para quem gosta de fazer História.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

“A POLACA INVEJOSA”.

                                    
          Cultura e conhecimento são coisas absolutamente diferentes. Se chocam, se embatem, assim como  se debatem entre o senso comum e a ausência de conhecimento acadêmico das massas.
          Tão muito mais grave e cruel quanto jocoso e alegre, o retrato de sangue pintado pelos canhões e as ambições da humanidade, costumam desarvorar famílias, desalojar populações, destruir vidas e corroer esperanças.
          Por que Polaca?
          A história se volta contra o homem. Durante a Segunda Guerra, com a invasão e ocupação da Polônia pelas tropas alemães, causando mortes, destruição de cidades por todo o país, selecionou, com seu antissemitismo e degradação humana homens, mulheres e crianças que deveriam morrer especialmente judeus odiados e perseguidos pela Europa.
         Muitas famílias conseguiram escapar da Polônia com o quase nada que lhe restara numa fuga incerta. Centenas de famílias de poloneses vieram parar no Brasil, fixando morada em especial na cidade do Rio de Janeiro.
          O governo Brasileiro, como todos sabem, hospedava a nata da nobreza alemã no Brasil, simpatizava e dava apoio a olhos vistos, aqui mantinha agentes da Gestapo, apoiava o Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul fornecendo as necessidades das colônias imensas de alemães que viviam nesses estados mantendo negócios, embora, só muito tempo depois de comprados com a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) preço da falta de vergonha do nosso governo, os EE.UU conseguiram nos subornar para que apoiássemos as tropas que faziam frente ao Eixo.
         Chegados ao Rio os poloneses não tinham assistência social nem lhe dedicavam apoio aos exilados. Não tinham empregos. Precisavam comer se vestir e pagar alugueres. As mulheres, senhoras as mais recatadas, jovens e velhas de todas as idades passaram, ainda que sob a mais profunda vergonha dos seus esposos e pais, a se prostituir na Zona da Lapa e nos Arcos.
         Como se tratavam de mulheres nem tanto jovens, nem tanto belas se desdobravam em carícias e práticas sexuais, as mais degradadas cujas prostitutas brasileiras jamais ousaram igual ou se comparar, trazendo práticas muito além do famoso “beijo francês” largamente praticado na França e em todo o resto da Europa, bem como outras proezas da alcova que não se pode publicá-las.
         Criou-se o termo qualificativo de “polaca velha”, “polaca malandra” indicando, hoje muito pouco usadas as expressões, como qualificativos de inteligência e domínio e conhecimento, passando à história brasileira como sinônimo de malandragem e esperteza.
         Era pura sobrevivência.
      Sabe-se que fora do Brasil os travestis e as prostitutas brasileiras praticam sexo e se submetem a práticas tais que causam repugnância aos europeus, tudo em busca de dólares que chegam ao Brasil para sustentar os familiares.
         Com a prostituição modernosa que campeia hoje no Brasil e com a carniceira das tais “garotas de programas”, as polacas estão invejosas se vivas fossem, tamanha a desfaçatez com que agem as nossas “meninas”.
          Mas aquelas se redimiram pela fome e o degredo, a exposição e a necessidade não lhe puderam impedir a degradação imposta.
       


        

ITIÚBA A TERRA DO JÁ TEVE.

Essa vida de velho ocioso e aposentado, embora não pareça para quem não conhece nem ainda alcançou essa coisa que alguns teimam em apelidá-la de “melhor idade”, tem lá suas vantagens. Não sei se virtude; que é a de obrigar o sujeito a ficar marrento a rememorar coisas do passado. Muita cama, não ter o que fazer e pura preguiça aguda! Costumo dizer que quem nasceu em Itiúba entre 1946 e 197, como o “Degas” aqui, conheceu algumas maravilhas da vida como o antigo Cine Teatro de Itiúba que frequentei muito na minha infância, vi peças teatrais levadas a efeito e função, e me ilustrei naquela terra não só que espantou e afugentou, segundo almas generosas, almas que afirmam o cabra Lampião e seus jagunços não entraram lá. Lembro-me depois de outro cinema que me faz lembrar o filme “Cinema Paradiso” onde mantinha uma cadeira cativa aos domingos, aonde assisti tudo de bom que se fez em Hollywood e outras partes do mundo. Quem frequentou o “Cinema do Bertinho” não precisa nem necessita sequer ir mais aos cinemas. De cambulhada, me vêm coletorias federal e estadual, Sociedade 2 de Julho, Clube Ferroviários, times imbatíveis e futebol, de campos dominicais abarrotados de pessoas, de times de outras cidades derrotados por nós, carne no açougue, de bois mortos ainda tremendo, de festas de largo maravilhosas e inesquecíveis, de pessoas que se foram e não foram repostas, de amizades e de folguedos, de vida, e de suspiros, e aís, e de despedidas, de trens noturnos, mochilas e cargueiros, de caminhões carregados e abarrotados de peixes, de carnavais maravilhosos e inocentes. Vamos apagar a luz. Era uma vez em Itiúba.

Polaca invejosa

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

A CAPIVARA DE CHOCALHO.

                                        
        O ano  não tenho  recordação. Era somente um garoto imberbe de pouco mais de cinco anos. Soube-o depois por notícia de meu pai.
        Como funcionário público fora transferido para Jupaguá na Carreira o Rio São Francisco até retornar para Itiuba seu berço recôndito e lugar devotado e escolhido para toda a sua existência, tanto é verdade que lá se encontra numa sepultura.
          Quando voltou de Jupaguá trouxe na sua bagagem muitos couros de animais, especialmente de jacarés que dizia servia para faze garrafadas contra mordidas de cobras peçonhentas. Lembro-me de um couro de sucuri curtido, imenso e enrolado que eu costumava, quando criança brincar, estendendo-o. Não sei para que aquelas tralhas trazidas de lá.
         Mas o que quero reportar-me mesmo é a história da capivara que ele trouxe viva. Em chegando em Itiúba colocou um chocalho no pobre do animal e o soltou na Fazenda Alto Vermelho que era da sua propriedade, na esperança de que o animal descesse até o Açude do Coité e retornasse para a fazenda. Pobre papai esqueceu-se de trazer um casal.
       Não se sabe se o animal foi abatido por caçador, ou se comido por onças ou outro animal.

       O interessante é que sempre que eu, já adulto; perguntava ao meu pai, ele desconversava com aquele jeito sisudo e monossilábico de se manifestar sem nada dizer.

PROSTITUTAS DO PASSADO E SEU SIGNIFiCADO.

                          

       É um tema que costumo falar com muita delicadeza embora no primeiro momento pareça grosseiro. No entanto, examinado pela ótica da sociologia- a prostituição é uma realidade através dos séculos- não apenas era estimulada pelas autoridades, como era a prostituição considerada necessária, evitando o avanço da rapaziadas sobre as “moças de família” e contendora das ameaças às “donzelas casadoiras”chegando até ao ponto de muitos afirmarem ter sido a “mais antiga profissão do mundo”, o que discordo ser uma profissão, merecendo  algumas reflexões, resgatando as mulheres que por variadas razões chegaram ou foram prostitutas.
       Aliás, sobre a temática da prostituição, merece referencia a excelente monografia escrita por minha filha Dianayara dos Santos Cirne – intitulada “GLAMOUR E DECADENCIA DA LADEIRA DA MONTANHA”. 2004 -Tese de Colação de Grau e Especialização, Universidade do Estado da Bahia –UNEB –Departamento de Ciências Humanas e Letras Campus V.

        O registro mais antigo que se faz da prostituição encontra-se na Mesopotâmia, mais precisamente perante o Império Assírio, e se refere desde a época do início da civilização Camita, cujas observações da sua “profissão” obrigavam-nas a usarem um longo e pesado véu cobrindo desde a cabeça até o peito, assim como elas estavam obrigadas ao corte de cabelos curtos, quando não raspados, a usarem vestes absolutamente identificadoras para que as “pessoas de bem” não cometessem, em especial os seus usuários, qualquer dúvida a respeito das senhoras recatadas.
         Porém, não quero falar de antiguidades prostitutas, mas das modernas e não tão atuais, a exemplo das “putas” fossem novas ou velhas, e, que tanto fizeram parte das vidas dos jovens da minha geração. Eram apelidadas de várias maneiras. “Putas”, sendo o mais comum; “prostituta”, bastante usado pelas senhoras quando a elas faziam referencia; “vadias”, não muito usual; “rameiras” pouquíssimo usado; sendo o indefectível “mulheres –de- vida-facil” o mais comum e conhecido.
          Hoje a coisa ficou mais sofisticada. Elas mantém hospedados “sítios” nas redes de computador com preços e exposição de corpos, condições e circunstâncias, para expor em poses sensuais e estudadas, explicar e expor um mesmo fenômeno. Outras desfilam com homens endinheirados pelas baladas, pelas festas sociais, ainda outras são as indefectíveis “acompanhantes”, trocando alimentação por badalação social. Talvez “garota de programa”, muitas que afirmam serem possuidoras de patrimônios fabulosos, segundo dizem, graças aos “programas”,algumas se tornam artistas de cinema e atrizes de novelas de televisão.
          Já existiram prostitutas que foram mulheres de papas, amantes de reis e não foram poucas as que se transformaram em rainhas. Que saibamos muitas se tonaram espiãs, amantes de presidentes e poderosos, mas sem perderem condição de rameiras, outras receberam comendas e agradecimentos.
             A velha fórmula continua a mesma. A mulher é paga pelos necessitados e “abafados” se trancam num quarto e começam a fazer “aquilo”; “naquilo”, como todo e qualquer mortal da vida. Resumindo: tudo termina num quarto qualquer da vida.
        Entretanto, se trata aqui, de uma homenagem, ainda que tardia devida à velha e quase sepultada, para não dizer esquecida “puta” da minha e da sua existência de adolescente. Ela funcionava como quebra-galho dos sem dinheiro, dos rapazolas e dos despossuídos, e, não foram poucas às vezes em que elas “financiaram as atividades dos arroubos juvenis, deixando “fiado” para receberem, normalmente “as sextas-feiras”, exatamente véspera da feira lá nos sertões. Tinha aquelas que confiavam e deixavam a rapaziada “desafogar”, e “afogar” ainda que fiado, com a promessa de receberem até a sexta. Era o “nunca mais
         Tinham os malandros que batiam em portas cerradas nas madrugadas, diziam modulando as vozes, à luz rubra e mortiça dos fifós sertanejos, nomes absolutamente errados, porém propositais desgraçando para sempre as vidas de amigos e irmãos, entravam furtivamente ludibriando a confiança da pobre da “puta”; fazia o “serviço”, ficava fiado, mas terminava dando o “virote”, passando o “calote” e assim desgraçavam as vidas dos que lhe seguiam desavisadamente os passos.
        Outro dia num desses programas de televisão; duas moças, de fino trato, se declaravam e se diziam “garotas de programa” e que saíam com homens que lhe pagavam até trinta mil para ter um só programa. Quem sou eu para discutir? Outras se diziam universitárias outras em final de curso de faculdade, outra, que era casada, outra, que era noiva e assim sucessivamente.

        No meu tempo que se esconde na bruma imperdoável da existência as “putas”, eram pobres e comuns seres mortais assustadas e assombradas com as ameaças das senhoras casadas, como se dizia. Coitadas! Não podiam seque ir ao açougue antes de certo horário, bem como não podiam permanecer sobre a mesma calçada que alguma senhora,  nem levantavam as cabeças quando saíam as ruas. Coisas da vida.

SAUDADES DO VALMIR SIMÕES.

                            
        Hoje amanheci com aquela saudade danada do meu amigo de infância Valmir Simões. Amanheci o dia, lavei e escovei as travagens, joguei umas gotas d!água na cara cheia de dobras e vincadas das cobertas, preparei um cafezinho, sentei na cozinha e me pus a matutar sobre nossas vidas na” Itiubinha dos amores”.
        Vi o danado no armazém do seu pai contíguo à farmácia da Dona Ziru pesando e arrumando as coisas para vender à clientela. No sábado, principalmente, lá estava o camarada a vender aos cachacistas; doses de “tampa-de-capuco” ou martinis; aos mais endinheirados, jurubeba Leão do Norte, Cachaça do “seo” Joel Grande e, entre esses mesmos afazeres, açúcar, fumo de corda, pimenta-do-reino e outras coisas que eram vendidas nas antigas vendas dos sertões, precursoras dos modernos supermercados.
          Então fui e vou às crônicas dele estampadas no Site Itiúba do meu tempo e lá derramo na telinha do meu PC as recordações das amizades e dos amigos idos, da ermidão e dos desertos que se formam lentamente, porém, inexoráveis ao nosso redor.
         Somos ilhas desérticas lavoradas que se esmaecem e perdem suas árvores na descida dos rios formidandos a destruir o “ontem”, e a nos apontar um “amanhã” que não existe. Quando muito esmaecemos e crostamos com aquele pardo encardido e pegajoso, não obstante, mas  esmaecido do tempo cujas pinceladas se incapacitam por uma  renovação.
         Somos árvores baqueadas pelo machado, ainda que, por breves momentos, nos permita perfumar o ar com aquele  perfume que exala delas, mesmo depois de abatidas.

        “Requienscat in pacem”, Valmir Simões.Você fez por merecer.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

ADEUS, NÃO; ATÉ LOGO

                                               
       Sim. Adeus. Damos tantos adeuses que mais um será apenas e tão apenas mais um. Estou acometido por enfermidade dolorosa e cruel que não poupa e não tem cura. No dia 1º de abril de 2014 fui internado de emergência no Hospital Português em Salvador. Logo viria o terrível diagnóstico. Não sei explicar essa minha ausência de medo e destemor, nem sei explicar de onde retiro tantas forças para encara e dar até risadas da minha situação de saúde. Sei que muitas pessoas me acham estranha, outras pensam até que sou louco. Outras consideram que meus neurônios desaparecem na voragem da doença e que eu estou apenas divagando. Não. Trata-se de um homem de fé. Sempre fui um radical em matéria de fé. Sempre achei um, desperdício e uma intromissão pedir a Deus que me curasse de enfermidades, embora eu tenha pedido e orado por centenas de pessoas para que fossem libertadas das doenças.
        Não sei e nem tenho lá muitas explicações. Só sei que estou indo pelo caminho de todos os mortais. Não sinto nenhuma angústia, salvo quando estou sozinho. Sinto que minha fé se fortalece cada dia a mais, lembro-me dos dias em que pregava e ensinava os Evangelhos nas praças e nas igrejas. Afastado por discordar da maneira dos nossos irmãos na fé, não consigo ver a igreja paradona e estática, quase afundando com os pecadores, andando lado a lado, incólume e sem perspectivas de salvação para os perdidos.
          Uso o meu “Face” para falar das coisas sagradas, bem ao meu estilo radical e rasgado desagradando as pessoas como se elas fossem e estivessem obrigadas a me perdoarem pelas minhas grosserias e franquezas. Espero todos os dias com certa sofreguidão a minha chamada.
        Incrivelmente e surpreendentemente não sou ou um homem triste. Muitas vezes sinto-me como se estivesse curado, e, francamente, salvo os sintomas que só eu sei e os cancerosos reconhecem, podem dizer e falar. Estou me findando, ou seja, em outras palavras estou deixando o mundo dos vivos para buscar o abrigo da imortalidade, a cura e a glorificação que sei não mais conquistarei neste mundo, mas glória do Senhor, que está o outro lado da existência.
        Meus familiares não gostaram quando anunciei que não desejava mais prolongar o tratamento. Operei do pulmão, retirei um pedaço do mesmo do lado direito, fiz quimioterapia, depois a  radioterapia tudo dentro do figurino, todos os dias, segui as prescrições médicas, fiz e refiz exames os mais dolorosos, retirei do corpo coisas e implantei coisas, violei o sacrário do meu corpo santo e sagrado tudo na busca da cura, embora lá dentro, bem no íntimo, sempre achasse da inutilidade já que as células apenas se  transportam de um lado para o outro sempre levadas pela corrente sanguínea, e se instalando, e se repartindo, e se,multiplicando nesse sangrar da vida, em outras partes do corpo.
        Continuo a pilotar minha moto. Bem verdade muita coisas deixei de fazer, como, por exemplo, fazer viagens longas. Deixei de viajar, hoje apenas saiu na cidade. Mas faço sexo com certa regularidade, às vezes até três por semana,aproveitando que minha esposa já fez 60 anos, mas ainda gosta de sexo, uma das melhores, senão a melhor coisa que Deus fez para o ser humano; sorrio e não procuro demonstrar tristeza, pois tenho a certeza e a maior de todas as esperanças de alcançar  o que Hebreus capítulo onze versículo um, descreve.
      Certeza no que jamais vi, mas sei que existe.
        O câncer está se espalhando. Sinto os sintomas terríveis. Tem dias que as dores são terríveis. Outros dias nem parece que tenho câncer. Vou à cidade com frequência, visito alguns poucos, e  cuido das coisas. Não tenho por incrível que pareça, nenhuma tristeza pelo câncer. E, é exatamente essa coisa que eu não entendo. O sujeito está morrendo numa contagem regressiva, está se findando pelo somatório de sintomas, as dores lancinantes e perversas fustigam o seu peito, tórax e outras partes do corpo, estou minguando, surpreendentemente me alimento como um cavalo depois de uma cruza,e, ainda assim não consigo ter nem sentir revolta.
        Sei que estou partindo. O pior de tudo é que sei de todas as consequências e coisas dolorosas que o câncer causa no corpo humano. Mas é como se eu lançasse um desafio a ele, não sinto nem experimento nenhum medo e, passar para o lado de lá é como, na minha mente estivesse passando o umbral de uma porta para ter acesso a outra parte e do quarto.
       Muitas vezes me sinto imaginando voando pelo espaço sideral. Como sempre estudei os astros, sei que apreciarei o espaço sideral, seu colorido sua infinitude, sabendo que logo, logo deverei estar sendo hospedado em uma das galáxias aonde o Paraíso se situa.
       Já treinei muitas vezes a morte. Não deixo crianças nem órfãos necessitados do meu auxílio. Serei em breve uma bela e saudosa recordação, permanecerei eterno nos corações dos que me amam e dos que eu ajudei a plantar um pouco dessa fé que me enche e me pulsa no meu coração.

     Então não me peçam para prolongar em cessões de quimioterapia a desesperança daqueles que desesperados não aprenderam a crer nem a confiar no SALVADOR.Aos meus filhos e mais próximos peço que respeitem apenas a minha vontade soberana de estar quanto mais rápido na presença do meu Senhor.Por favor não me levem, seja em qualquer estado físico ou mental, a nenhum médico. Quero e desejo partir em paz.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

JOÃO MUTTI – O COMUNISTA

                                 
       Conheci aquele alto e civilizado homem. Marido de uma das minhas professoras da infância, Professora Ligia, ele sabia relacionar-se com os concidadãos, exercendo sua profissão, e, como grande brasileiro soube fazer oposição firme e serena ao criminoso Getúlio Vargas, assim como aos que o sucederiam, tenham sido pelo voto ou não, seus sucessores, de quem muito dele se deve dizer, sobretudo ao escrever sobre as atrocidades cometidas pelo criminoso frio e sanguinário que foi Getúlio Vargas.
       Como somos um povo sem memória e sem interesse em aprender, devemos dizer que Vargas até certo tempo era ostentado nas repartições e salas com o seu retrato num verdadeiro culto imerecido à personalidade, em especial por bajuladores sanguinários e defensores dele que apregoavam e o chamavam de “pai dos pobres” epíteto que, por bem ou por mal, cresceu entre os pobres e iletrados.
       Vargas foi um tremendo caráter malfazejo, um fascista sem lampejos de consciência cujos crimes estão necessitando de serem descobertos e revelados por boa parte dos historiadores.
       Criminoso frio e sanguinário foi esse Getúlio Vargas. Ditador inescrupuloso!!!
       Algum tempo atrás escrevi para o meu blog dando algumas pistas e denunciando os muitos milhares de soldados que, durante a Revolução de São Paulo ele mandou enterrar vivos, só por se negarem à rendição.

       Mas, o que queremos falar é de João Mutti em Itiúba disfarçando e deixando seus panfletos, jornais e mensagens comunistas nos bares, em especial do Carlos Pires, na tentativa de fazer divulgar o comunismo. Sei, pois conheci mais alguém, hoje falecido, em Itiúba, que comungava dos mesmos ideais. Infelizmente ele se desvaneceu com o comunismo como eu também. Não existe liberdade no comunismo, mas eu batalhei por toda a minha vida pela doutrina e pela vitória do comunismo.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

FOLIA DE REIS EM ITIÚBA

                             
         O tempo, este nosso companheiro implacável, possui a celeridade do átimo existencial. Porém, não se possibilita para enfraquecer as lembranças, sejam elas boas, sejam elas más. Assim e agora, levanto-me do sono, nesse despertar que se parece muito mais uma ressurreição, como muito bem o disse Exupéry, instando-nos a levantarmos com um sorriso com as mais vívidas recordações de um tempo que se esvai na bruma do passado.
          Vêm a mim a mais profunda recordação de uma fase da minha existência em Itiúba, idos da década de “60” em que reis, princesas, mulinhas, lobisomens e outros seres do imaginário pululavam e às vezes alegrava; outras atanazavam as vidas e as existências apegadas ou não ao supersticionalismo.
        Lembro-me de um pequeno grupo misto de pessoas, homens e mulheres; de todos os naipes e de todas as idades tocando pandeiros, violões, violas e reco-recos, a andarilhar pelas ruas mais humildes de Itiúba entoando belos cantares em que os cantantes se revezavam em versos tão bem rimados, mas de uma beleza e sonoridade verdadeiramente palpitante.
          Lembro-me do grupo chegando todos os anos, adredemente avisados meus pais, na alta madrugada à porta da minha casa. Entre cantos de “aviso da chegança” entremeava como parte do ritual, certo tempo que era como se fosse um aviso aos da casa para que se aprontassem e se preparassem para recebê-los.
          Primeiro tinha o ritual depois de um lapso temporal, em que o dono da casa acendia o candeeiro, o fifó, ou a lamparina como aviso de que iria o grupo ser recebido e que as pessoas davam desse modo, as boas vindas aos cantantes da folia de reis.
        Em seguida, a porta era aberta, ocasião em que entre cantos e versos os cantantes da folia pediam permissão ao dono da casa para que a adentrassem. Tinha a hora exata de abrir a porta. Adentrado o grupo às dependências, efetuavam cantorias as mais belas, ecoando nas cercanias e na negridão das noites sem lâmpadas e sem estrelas o planger livre e o tanger de versos doloridos daquela gente saudando o” Menino Jesus”. Seguiam-se, para os que podiam o servir vinhos e cachaças que sorviam com sofreguidão.
       Finalmente a hora da oferenda além das bebidas e que consistia normalmente em pequenas quantias em dinheiro sob a desculpa de ajudar a pagar as roupas e adereços que ainda deviam nas lojas e fornecedores da cidade.

         Por fim, e, como último ato, cantavam despedidas pedindo aos donos da casa, portanto aos recepcionistas, “permissão” para que se retirassem. Normalmente e usualmente usavam introduzindo nos versos, os nomes do dono da casa, algumas vezes, os filhos. Lembro-me de versos que diziam sobre minha mãe: “Sá Maria, Sá Maria, é a flor, é a flor da laranjeira” e assim sucessivamente. Elogiavam o marido também, enfim era uma bela festa que não resistiu ao tempo, pelo menos nos sertões de Itiúba.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

LARAPIUS, O JUIZ.

                  
       A crônica da velha e corrompida Roma dos Césares está impregnada de ironias interessantes, como se, a própria ironia já não fosse interessante.
         Roma se tornou o maior e mais fenomenal império de todos os tempos. Da pequenina e insignificante aldeia a  beira do Tibre, se projetou para o mundo revelando uma capacidade nem sempre vista, de expandir-se e tornar-se conhecido e respeitado como o mais poderosos império da face da terra.
        Mas, se é verdade que Roma se projetou fenomenalmente sobre quatro continentes, sendo um dos mais longevos em dominação, mais que beliculosidade o império conseguiria a façanha não apenas de dominar mais longamente o mundo, como se tornaria o mais rico e sofisticado em todas as áreas, em especial a do direito, cujos fundamentos lançou e espalhou por todas as províncias   como eram  chamadas as colônias naqueles tempos.
          O direito romano se espraiu pelo mundo, levando saberes e conhecimentos, elevando os conceitos de “civilis”, se projetando “Urbe et orbe”, ou seja, da Cidade para o mundo, numa intimidade assombrosa e numa exclusividade fenomenal se impondo sobre os demais e aumentando poderio e domínios.
         Entretanto, foi na velha Roma após tantas conquistas, e, subjugação do mundo rendido aos seus pés caprichosos e tirânicos, mas que as suas Coortes jamais conseguiriam aplacar a ambição e a sede de poder dos seus cidadãos.
          Aqui chegamos ao cerne da nossa história. Um sujeito chamado Larapius que viveu na poluta Roma antiga, ocupando um cargo muito importante para o estabelecimento da paz e do direito. Ele foi um juiz de direito. Sim, juiz togado com pompas e circunstâncias a aplicar a lei do seu tempo e do seu pais. A herança curiosa que ele legou ao mundo depois de ter sido tão corrupto, ladrão e defeituoso moralmente, passou à história, como sinônimo de ladrão.

          Como curiosidade não deixa de ser notável o fato de um adjetivo tão negativo socialmente observado, ter se tornado sinônimo de falcatrua, ainda mais sendo o sujeito um juiz de quem se esperava decência, sisudez e seriedade.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

A HISTÓRIA ESQUECIDA

                                            
       A história é a testemunha eloquente da existência. Lembro-me do Brasil e será forçado e, sempre faço comparações como de certo, todo historiador é capaz de fazer. Quero reportar-me à história dos Judeus que, a bem da verdade, nasceram no Egito. Discordo e tenho manifestado com veemência contra as idéias de muitos teólogos que defendem que o povo hebreu nasceu na Antiga Canãa. Não; o povo nasceu de uma andança pelos desertos e terras entre o Egito e a Canãa Antiga.
       Mas,  quero reportar-me principalmente aos fundamentos de Israel atual, desde que embalados por uma promessa, partiu o povo em direção ao deserto, açoitado pela esperança da Terra Prometida ora separada pelas agruras de terras e povos inóspitos, assim como a hostilidade climática.
        Primeiro, será preciso dizer que dos mais de cinco milhões de pessoas que originariamente partiram do Egito, apenas duas entraram na chamada Terra de Canãa, representadas por Calebe e Josué, sendo o restante findado pelos ínvios caminhos.
        Segundo, precisamos deixar claro que Canãa, ao contrário do que muitos pensam e desconhecem, era habitada por centenas de milhares de povos, de norte a sul, de leste a oeste, citando aqui alguns, os mais aguerridos, como os Filisteus, Amalequitas, Heveus, Jebuseus, Amonitas, Amorreus, Anaquins, enfim, centenas de milhares de tribos que se espraiavam desde o Hermon ao norte, até o deserto da Arábia e adjacências, desde o Mar Mediterrâneo até a Arábia Pétrea.
        Aqueles povos aguerridos formavam culturas de hábitos terríveis, eram sanguinários e sem escrúpulos, e sem civilidade, praticavam ritos pagãos recheados da mais pura devassidão moral, queimavam seus filhos em fogueiras ardentes como oferendas e holocaustos aos seus deuses, a exemplo de Moloc com suas estátuas representativas dos deuses, aonde queimavam incenso e crianças em oferendas sangrentas e cruéis, entre outros, diante de quem filhos e filhas eram submetidos ainda à pedófilia, praticavam francamente e abertamente a zoofilia que é a relação sexual com animais de todos os tipos, praticada por homens e mulheres, como lugares comuns, entre eles, se davam e se relacionavam sexualmente com pais e mães, parentes e afins, as relações homossexuais eram praticadas com criancinhas, velhos  e jovens, numa imoralidade e desregramento que feririam os pudores dos mais devassos, se aqui acaso fossem descritos, eram aguerridos e sanguinários, hostis e covardes, praticavam as coisas mais terríveis que se possa imaginar.
        Ao contrário do que se possa pensar, a ocupação se deu pelas vitórias dos hebreus sobre aqueles povos, não obstante tenham descumprido a ordem de destruir as tribos e povos por completo. Por mais chocante que possa parecer, a ordem Divina era no sentido da exterminação total e absoluta, tendo havido, muitas vezes, verdadeiros embates verbais quando os exércitos de Moisés e Josué deixavam de matar até mesmo os animais.
          Se alguém quer se revoltar contra Deus que visite as páginas da bíblia e se manifeste, sendo aqui apenas reproduzidas as palavras e fatos, sem aumentar, sem diminuir qualquer, bastando à pesquisa.
          Se a ordem era exterminar em verdadeiro genocídio aqueles povos não caberia ao Povo de Deus questionar, muito menos compreender, senão pelo cansaço e comodidade, quando deixaram de erguer a espada. As praticas terríveis, a devassidão moral, espiritual e social que chafurdava aqueles povos, justificava a matança até de crianças, mulheres e velhos, para não falar nos animais e utensílios considerados malditos. Não cabe ao historiador tergiversar sobre as razões, senão expor o que o registro tem o fundamento da história como testemunha. Essa fraqueza de descumprir a Lei e as ordens deu no que vemos hoje., Palestinos ocupando uma terra que a moleza e a preguiça, além do cansaço do Povo de Deus se permitiu. Comodismo. A ordem era matar e exterminar a todos. Até a mais tenra criancinha.
          O Brasil se assemelha em muito, aquelas nações. Mais tarde, cidades como Sodoma, Gomorra, Zoar e outras se notabilizariam pelas práticas sexuais em que filhos se relacionavam sexualmente com os próprios pais; irmão, com irmãos; mães com filhos; numa promiscuidade cruel; chegando ao ponto de a mulher deixar de ter uso costumeiro; como continuadora da espécie, pois os homens não se realizavam nem se relacionavam sexualmente com suas esposas, mas macho com macho; e fêmea com fêmea; quando não as mulheres em Israel se notabilizaram por manterem relações sexuais com equídeos, disputando, inclusive, tamanhos de membros dos cavalos, tudo relatado em Jeremias e outros profetas, na mais degradante e profunda depravação moral, física e espiritual.
        Na mesma Palestina que deveria ser luzeiro, a pátria do Senhor, os juízes tomavam dos pobres suas riquezas para vendê-las e negociá-las com os ricos e poderosos, as viúvas perdiam seus bens confiscados por juízes e ricos, as classes dos nobres como os príncipes tomavam a produção, mas não assalariavam os trabalhadores, a justiça não se resolvia pelo direito nem pelos pobres. Emprestar a juros passou a ser exercício dos gananciosos, os pobres eram escravizados, os estrangeiros eram assaltados e não pagos, a justiça era só para aos ricos e poderosos, juízes se vendiam atabalhadoadamente, a liberdade não lhes era concedida, o jubileu deixou de ser aplicado.
        Os reis passaram à mais profunda degradação, as côrtes foram  infestadas por parasitas sociais e bajuladores, a política se transformou numa atividade de oportunistas, enquanto nas cidades lavoravam a destruição moral e social e os inimigos se aproveitavam de uma nação enfraquecida e baqueada por toda sorte de devassidões.
         Israel precisou sofrer duas intervenções. Desde o final do grande reinado de David e seu filho Salomão Israel experimentava como resultado do pecado de Salomão que chegou a ter mais de mil mulheres, entre esposas e concubinas, o declínio que iria se acentuar com a sua morte e as disputas pela herança levadas a efeito, por dois de seus filhos que dividiram Israel em duas partes, sendo Israel com dez tribos e Judá com duas tribos que foi a chamada  Diáspora constituindo na separação das Doze Tribos que formavam o potente Israel no passado.
          O homossexualismo em Israel chegou a ser epidêmico. Para se ter uma idéia, os pederastas chegaram por várias vezes, ocupar e fazer morada no Templo de Salomão que foi considerado, historicamente a maior de todas as obras na história de Israel. Até o Templo; que fora erguido para ser morada de Deus, (simbolicamente) em várias fases da história da vida dos Israelitas, se tornou prostíbulo de todos os pederastas que mandavam e desmandavam, na conformidade das leis frouxas de Israel e a aprovação dos reis do período, embora muitos promovessem verdadeiras matanças daqueles, uma vez que na Antiga Lei Mosaica deveriam ser mortos os homossexuais, que eram chamados de “uns rapazes alegres”
        Resulta que, já em 1.130 a. C. Tiglate-Pilnéser, a Assíria então senhora do mundo , movida pelos desígnios do soberano continuará a levantar inimigos, até Assurbanipal entre 668 a 626 a. C.  que arrebatará, do seu território do Norte as Doze Tribos que ocupavam então a parte Norte da Palestina, levando-a para o cativeiro, então na antiga Babilônia sob a égide, poder e domínio dos Sargônidas,  desaparecendo como povo sem deixar resquícios da sua existência.
        Das restantes tribos de Israel, duas apenas restarão: Judá e Simeão, cuja ocupação ficava ao sul da Palestina Antiga, também, desaparecerão sob o domínio da então Babilônia em 597 a. C. e 586 a. C., então a potencia da época, até que se dá o retorno no ano de 538 a. C..
         Quando então nos debruçamos sobre ao crescimento dos grandes impérios em todos os tempos, vemos e constatamos que a sua queda vertiginosa se dá pela devassidão, pela lassidão dos costumes dos seus povos e populações, quer pela abrangência da devassidão, quer moral, quer espiritual. Não existe um caso na história, mesmo que nos voltemos para a história daquele que fora o maior de todos os impérios, - o Romano, cuja queda se dará pela adição de costumes e da devassidão das pessoas.
        Oxalá o Brasil pense nessas coisas, embora não sejamos, nem jamais sejamos uma potencia.


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domingo, 17 de janeiro de 2016

“GUERRA DE ESPADAS”

                                       
        O ano não mais  recordo-me. Acho que por volta de 1960 a 1962, em Itiúba tinha um médico chamado carinhosamente “Drº Manoel”, um sujeito todo bondade que, formado na capital escolheu a cidade de Itiúba para clinicar.
        Era ele uma mistura de todas as especialidades. Parece ter sido talhado para ser médicos nos sertões carentes e tão necessitados.
         Bonachão e simplório, cheio de amigos e camaradagens, o doutor gostava de uma branquinha que sorvia como se fosse o último gole da vida, o que não lhe tirava os méritos do reconhecimento de ser, quanto mais alto, um excelente médico.
       Aplicava injeção, visitava enfermos em suas casas e, praticamente não cobrava dos pacientes. Era um caridoso, um mão aberta, um sujeito porreta, mas explorado evidentemente.
        Durante as festas juninas, costumava recepcionar em sua casa muitas pessoas que ficavam sentadas à porta, enquanto bebericavam, segundo o costume local e da época fartos goles de puro licor de jenipapo.
          Costumava acender a sua fogueira e se jactanciava de que “ninguém comeria sua fogueira crua”, o que na época significava que ninguém derrubaria antes do fogo consumir todo o caule e madeira, quando a turma avançava em disputa alegre e feliz ,os frutos e até o segredo que era uma prenda de maior valor.
          Municiava-se de espadas que nada mais eram do que busca-pés, fogos letais e que exigem perícia de quem os queima. Numa dessas festas, meu pai Joaquim Brandão que ainda era relativamente jovem, fora convidado com sua “turma” que era eu o Mario (falecido), e o Aloísio um moço praticamente criado em nossa casa, para que fôssemos fazer uma guerra de espadas.
        Papai costumava gastar uma fortuna tocando e queimando dinheiro em espadas e outros fogos, mas não atirávamos nas pessoas, e sim, íamos quando convidados, tal o nosso caso, em que papai nos comunicou o desafio do doutor para a guerra de fogos, porém com regras. Cavalheiros existiam e fomos. Na noite fizemos uma bela festa até antes de a fogueira vir a baixo. Jogávamos espadas para lá enquanto o doutor Manoel mandava as suas contra nós que ficávamos na ponta da balaustrada da estrada de ferro. No dia seguinte ele falava conosco, nos tratando por “Brandãozinho”, diminutivo do nosso sobrenome Brandão,  carinhosamente, enquanto  relatava as coisas entre sorrisos. Uma bela e inolvidável e inesquecível festa, em que preservávamos pessoas e bens.
        Dia seguinte seria o dia da fogueira de “Mãe Teodora”. Eu rapazinho afoito nos meus 13 a 14 anos, rumei para lá cheio de pequenas espadas, sobra do dia anterior, aonde iria, certamente me mostrar antes da queima da fogueira já que era supremo pecado queimar espadas na fogueira de Mãe Teodora que vinha a ser a parteira da cidade, que inclusive fez todos os partos da minha mãe.
          Cheio de orgulho e cercado de pivetes, acendi uma espada, e, ao voltear sobre o corpo e aprontar para fazer o lançamento, a espada estourou na minha mão. Cheio de dores terríveis e lancinantes, mito de desapontamento e humilhado, pedi socorro a uma pessoa que e conduziu-me de bicicleta ate a minha casa, naturalmente disfarçando dor e estrago na mão direita que por pouco não a perdi.
        Estoicamente suportei às escondidas a dor imensa e, só após sair toda a família desabei no sofá e pedi socorro à velha e querida Senhora, assim era o seu nome, nossa auxiliar domiciliar.
       Dia seguinte a mão cheia de pomadas denunciaria, para desespero dos meus pais, o queimador de espadas. Papai não mais tocou espadas. Só o Mario continuou não sei até quando. Aprendi a lição. Velhão que sou hoje, com os sinais bastante apagados na mão direitas, ainda visíveis, as cicatrizes que relembram o feito, pois que renunciei a toda forma de tocar fogos.

          Mais que era bonito, lá isso era!!!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

“BOLACHINHA”

                                         

       Quem nasceu numa cidadezinha perdida lá nas curvas do vento onde o tempo parece ter parado, sabe, com certeza, do que estamos falando. Conversa séria e densa, não dessas tenras, das criancinhas desavisadas que desconhecem o gosto das coisas. “Bolachinha” é coisa séria, muito séria! Mas não se trata de alimento feito na base de farinha de trigo.
      Não; “Bolachinha” é nome sagrado, amado, acalentado, e trás milhares de recordações doces que se embalam nos sonhos pueris, juvenis e da anciedade (velhice), que se despede dia a dia, nesse despedir-se sem limites, nesse plantar de cruzes, nesse apego terrível que temos de lotear e encher cemitérios, nesse apagar terrível de memórias, nesse desaparecer dolorido de vidas, nesse pagar preço de dívida que é a morte, nesse despedir-se terrível da vida e da existência, nesse desafiar e desfiar saudades e recordações, e nesse sepultar incansável das coisas boas.
       Mas devem ser sepultadas. As páginas dos livros precisam e devem ser lidas. É a renovação.
       Devemos, pois, nos recordar, embora coretos, dobrados, polcas, marchinhas, valsas de Viena e outros não possam ser alcançados, pela finitude das coisas que desaparecem na inexorabilidade existencial. Namorar, beijar, sonhar e acompanhar a bandinha de sapatos novos e de roupa nova que as mães faziam para os filhos e filhas, nas datas festivas, tudo para se esparramar na praça, nos coretos, ou acompanhar a “Bolachinha” com as tocatas de Mestres Bugué, ou de Mestre Evilásio com seus músicos itiubenses.
        Namorar escondidinho, sem luzes e sem testemunhas ao som da “Bolachinha”, apertar a conterrânea namoradinha nos escurinhos, dar os primeiros beijos e arrochar as cabrochinhas dos sertões, são coisas que a vida não mais pode repetir. Tornaram-se ícones, sacrários e relicários, cuja menção não se permite por impuros lábios. Era uma delícia! Duas belas coisas: namorar e ouvir a bandinha lá distante no coreto da praça, seus músicos de vez em quando engolindo fartos goles de cachaça ou cerveja, tudo escondido de Mestre Evilásio.
         É claro, que só nomear e titular a crônica, quem de Itiuba é, ou foi, já sabe que estamos nos referindo e evocando em saudade dolorida, marejados olhos e angustiado coração; a bandinha marcial de Itiúba tanto tempo regido pelos Maestros que fiz referência.
          Quando criança, acompanhamos com elevado espírito de bondade e admiração. Adulto e dirigente da Igreja Batista em Itiúba, sendo a esposa de Mestre Evilásio membro da nossa Igreja, muitas vezes ele se ofereceu gratuitamente para tocar dentro do nosso templo. Como era belo!
        Quase todos se foram. Quem não se foi, está em franco processo de despedida. Malas já prontas esperando o trem que se aproxima. Tudo muito de repente. Outros, nem se despedem de tão apressados. Outros logram lamurientos, perpassar dias.  É. Temos de ir. Um dia arrumamos as malas, nos despedimos, se dá tempo, e partimos.
       Mas aquele dobrado de um dia oito de dezembro de um ano qualquer, longe, distanciado, perdido e esquecido no passado não se apaga da mente de quem um dia ouvi a Bolachinha do Mestre Evilásio.
       “Tempus fugit regit orbe”.

         

sábado, 9 de janeiro de 2016

ESPERANDO NUREMBERG

                                          

       Quem na sua santa ignorância espera que o Brasil resolva seus problemas de gestão com esses fascistas que tomaram o poder, a frente o PT e seus asseclas, está redondamente enganado.
      O panorama não é de simples crise. As prisões liberam presos, os mais perigosos, sete vezes ao ano, nas chamadas saídas temporárias, presos que deveriam estar pagando severas penas, por crimes horríveis, entre eles, os rotulados no Brasil, como hediondos, como se o crime em si já não fosse hediondo.
     Ano passado a gastança cm construção de estádios de futebol para hospedar o que a megalomaníaca e incompetente presidenta do Brasil chamou de “copa das copas”, de ‘ mãe de toda as copas” como se fossemos um país sério.
          Este ano no Rio de Janeiro a gastança se repete com o enriquecimento de grupos de apoio ao assalto da coisa pública,  essa praga que se abateu sobre nós, esvaindo o Rio para os tais Jogos Olímpicos, num desperdício de recursos, a custo de casas desapropriadas e cedidas a grupos que as revende o Estado mancomunado, enquanto as filas se formam nas portas dos hospitais que não contam com médicos, enfermeiros, nem técnicos muito menos remédios e assistência.
          Tudo acontece aos olhos complacentes de uma justiça baqueada, vendida e encolhida comprometida em assegura as classes privilegiadas e detentoras de poder, açambarcando as riquezas e amealhando em desfavor e em desserviço do povo.
          Nos demais estados federados a gastança continua e sem fiscalização desafiam o respeito de um povo que deseja ser respeitado enquanto nas pequenas cidades desde o vereador ao prefeito a roubalheira se tornou epidêmica e desgovernada.
         Sucateada a educação, fechadas as instituições sérias, estudantes desistem de estar por ausência de recursos, restaurantes universitários fecham suas portas enquanto a televisão em pagas chamadas anunciam “Pátria educadora” num amoucado e tresloucado ato de uma presidenta insensível que trata com menosprezo e desrespeita a população como se fosse formada e composta de imbecis.
        A inflação apregoada como estacionada em 10% desde muito já ultrapassou os 25% ou mais, corroendo salários e vencimentos num empobrecimentos descarado enquanto os asseclas e bandidos      que tomaram o poder, pelo voto, diga-se de passagem, rouba e assola o país como se fosse seu, num franco e descarado patrimonialismo.
        Um ex presidente se tornou miliardário enquanto seus filhos e parentes disputam entre eles quem será o mais rico, uma presidente notívaga, louca e ensandecida de tudo pedala sua bicicleta em derredor do palácio e, qual fantasma vaga pelas dependências do palácio, sua morada lauta, como louca desvairada deixando ea assistindo ao país qual barco em alto mar afundar com tudo que nele há.
        Impassíveis assistimos a esbórnia e a ausência dos políticos e dos magistrados de darem cobro nas coisas criminosas.

       Enquanto tais coisas acontecem, Nuremberg precisa despertar para julgar esses criminosos com o povo nas arquibancadas na claque para a condenação dos lesa-pátria. Até quando este país vagará na loucura de seus governantes?

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

LEMBRANÇAS

                                 
        Em 1967 fui estudar num colégio chamado Taylor-Egidio pertencente aos Batistas Brasileiros. Era um crente convertido no ano e 1966, nos primeiros dias de lutas e aprendizado que jamais chega ao fim.
        Certo dia fui chamado pelo Pastor Esmeraldo, então pastor da Igreja Batista de Jaguaquara, o qual me incumbiu de ir pregar na Igreja Batista de Lafaiete Coutinho que ficava distante, porém muito mais perto de Jequié.
        No sábado arrumei a humilde maleta e lá fui eu. Desci naquela ermidão deixando a estrada que seguia para Jequié, no ponto de desembarque, à beira da estrada para Lafaiete Coutinho cujo nome antigo era Três Morros. Apaixonei-me logo pelo nome.
        Sempre fui considerado apressado. Esperei alguns longos e eternos minutos à beira da estrada de chão batido que conduz à cidade e, depois de aguardar um transporte, que era raríssimo, e quase inexistente, resolvi, na minha costumeira solução de apressado, contar até cem, ao cabo da contagem viesse ou não o transporte eu iniciaria a caminhada a pé.
       Terminei a contagem. O dia declinava aquele sol típico da região e então comecei a caminhada pela estrada indicada rumo a Três Morros. Andei. Fora informado que a estrada se alongava por três léguas. Caminhei, caminhei e caminhei sozinho enquanto o dia declinava na mornidão avizinhada da noite e fui andando de olhos fixos na estrada e na idéia da pregação e da cidade. Adiante, na curva de uma estrada, apareceu uma mulher horrivelmente trajada, cabelos sem pentear e partiu para cima de mim com uma enorme faca, ameaçando me matar.
       Tentei argumentar com a mesma, relutei em como agir, pensei em correr, mas desisti; permaneci estoicamente a defender-me dos golpes enquanto buscava chamar aquela pobre criatura à razão. Era uma louca!
        Desvencilhei-me, não sei como explicar, acho que por livramento do Espírito Santo e reiniciei a marcha batida com a louca lá atrás a perseguir-me, mas distanciando-me. Nada de passar um transporte. Nem carros de bois. Nada.
       Caminhei naquela lonjura que me pareceu umas dez léguas. Daquelas que se diz nos sertões que o “Dinho esticou”. E nada de transporte que eu já imaginava, por pura tolice, não aceitar mais. De repente, de longe, ao aproximar-se da noite, arrastando eu  os sapatos no chão, cansado e estafado, eis que passa um jipão daqueles americanos doados ao Brasil pelo governo norte americano. Neguei-me a embarcar nele. Já avistava as luzes. Andei uma eternidade. Quando entrei nos limites da cidade por volta de dezenove horas, não andava, arrastava-me.
       Pedi informações sobre a pensão aonde seria hospedado. Era de propriedade de duas irmãs bem velhinhas; a única pensão da cidade. Bem humilde. Tomei um banho enquanto elas providenciavam comida que consistiu em feijão dormido e envelhecido (sobra), uma salada de tomates excelentes da região, não tanto maduros conforme pedi, e um baita pedaço de carne de sol assada. Que repasto!
         Em meio à curiosidade das irmãs que eram dois corações maravilhosos, fui para meu humilde quarto. Praticamente desmaiei na cama, de cansaço. Dormi como um justo! Manhã seguinte, vesti minha roupa, terno e gravata, conforme era costume nosso, nas nossas igrejas ,e fui para o templo humilde. Havia pouco mais de seis pessoas. A Igreja era bem pequena e não se desenvolvera muito. Irmãos não conseguiam renovar nem ganhar almas para Cristo. Preguei para aqueles irmãos. A noite de domingo; preguei na mesma Igreja. Fiquei de voltar. Ganhei algumas almas para Cristo.
       Jamais retornei aquele lugar. Mas o nome ficou marcado na minha cabeça. Hoje, passados 49 anos, me assaltam os pensamentos, e me recordo tanto, e tento encontrar, pela internet, em vão.
      Belos dias da juventude.
      Adeus.



sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

SEM “MARIOLATRIA”, PORÉM AMANDO A MARIA.

                       
        Ontem, pela televisão assisti uma coisa triste. Uma camioneta preparada com vidros à prova de balas rodando no meio de uma multidão numa cidade chamada de Fátima, em Portugal, em meio a centenas de milhares de pobres e desinformados católicos a acenar com lenços brancos.
        A estátua de cerca de um metro e alguns centímetros completamente cercados e protegidos por vidros transparentes, é apresentada todos os anos como a Padroeira de Portugal, assim como é considerada padroeira de muitas cidades aqui no Brasil em verdadeira afronta à fé alheia, uma vez que o Brasil na tem religião oficial, muito menos é um país de religião única.
        A cegueira que se ressente do catolicismo é ofensiva e imoral porque obriga países que vivem na ignorância espiritual a que seus governos gastem verbas e dinheiros de pessoas que nada têm a ver com a crença católica, uma vez que sabemos que os governos deviam, com frequencia, recursos para o catolicismo em doações inexplicáveis.
         Notemos que onde o catolicismo é maioria a corrupção domina, o atraso e a depravação moral se alastram com pedófilos que se declaram católicos, padres, bispos e cardeais na esbórnia, pois sabemos que eles são, na verdade, destituídos absolutamente de fé, pelo menos a fé salvadora em Jesus.
       Razão da desgraça e da miséria que atravanca a Espanha e Portugal secularmente. Nos países aonde o catolicismo foi derrubado existe bem estar e riqueza das suas populações como é o caso da Europa civilizada e não católica.
       Vejamos o antro de perdição e devassidão que é Roma e toda a Itália, assim como o encravado Vaticano, esse cancro da humanidade cega,lugar de depravados, de furtos, de roubos de assalto ao próprio Banco do Vaticano de desvios de somas milionárias resultado da exploração das nações católicas cujos governantes desviam dos cofres públicos para Roma corrupta, com seu Vaticano hospedado no território Italiano cujos culpados, Pepino, o Breve, e seu filho Carlos Magno com suas doações criminosas ao catolicismo, doou, sob pressões, terras conquistadas aos povos, sob ameaça de excomunhão, e  de enriquecimento, mas com promessas de serem sustentados pela religião, influenciando o povo negativamente  em apoio aos seus governos.

       No Brasil existe uma igreja chamada, ou melhor, apelidada de “igreja da maioria”. Nela vicejam os mais terríveis costumes e barbaridades teológicas, numa demonstração de cegueira moral e espiritual bastante compreensiva para os que estão acostumados e são salvos em Cristo. A “igreja da maioria” é um amontoado de ensinos tradicionais, todos criados ao bel prazer dos seus mentores, totalmente e completamente afastados e distanciados dos ensinamentos das ESCRITURAS SAGRADAS. A igreja da maioria é silente, fede, é prenhe de imoralidades, calada e rancorosa a respeito dos santos que somos nós os CRENTES PROTESTANTES e dos que pregam e ensinam  Verdades ínsitas na bíblia sagrada.
        Um dos mais bárbaros e terríveis ensinamentos do catolicismo se refere à Maria, aquela que foi escolhida para ser a Mãe do Messias, do Senhor e Salvador conforme expresso em Lucas, capítulo 1, versículo 43 que diz: “E DE ONDE ME PROVÉM QUE ME VEM VISITAR A MÃE DO MEU SENHOR?”
          A bíblia se refere “a mãe do meu Senhor”- ou seja, a Mãe do Messias. A expressão cunhada pelo catolicismo “mãe de Deus”não existe dentro da bíblia e ,é só para engano   dos incautos e desavisados, exatamente que podem ser ludibriados e distanciados, eis que seu pecado maior reside na falta de leitura da bíblia e na ausência de fé em pesquisar, eis que Jesus disse-_O “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que testificam de mim” (João 5, verso 39), podendo ser lido e apropriado por qualquer que se disponha a abrir e ler as Escrituras em vez de “tradições e contos de velhinhas e lendas destituídas” de veracidade.
       Pois bem, outro erro que os católicos cometem com frequencia é estabelecer que Maria fosse uma mulher imaculada, o que não bate nem condiz com a verdade expressa nos Evangelhos. Se abrirmos a bíblia em Lucas capítulo 2 versículo 22 que diz: “Passados os dias da purificação deles segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentarem ao Senhor conforme o que está escrito na Lei do Senhor”.
       Ora, se Maria precisou se submeter ao rito da Lei de Deus deduz-se que ela foi como todo mortal, uma pecadora. Jesus foi circuncidado conforme preceito da Lei explícito em Levítico capítulo 12 verso 3º.
        Quanto aos dias da purificação, segundo a Lei Mosaica, a mulher que dava a luz a um menino era considerada impura durante quarenta dias. O menino era circuncidado aos oito dias, mas, a mulher permanecia imunda por outros 33 dias ao fim dos quais deveria apresentar um holocausto e uma oferta pelo pecado para a sua purificação. Confira e leia Levítico capítulo 12 versículos 4 até o 6.
          Então Maria não foi pura nem imaculada como quer a igreja da maioria, muito menos deixou de ter relações sexuais com José, razão pelas quais teve outros filhos a exemplo do relato encontrado em várias partes da bíblia, a exemplo do relato encontrado em
 Marcos capítulo 6, versos 3 e 4 que assim diz:
“Não é este o filho do carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E não vivem aqui entre nós suas irmãs”.
        Outros Livros que falam da família de Jesus e seus irmãos podem ser lidos em Mateus capítulo 1, verso 25, I Coríntios capítulo 15 verso 7, Atos 12, verso 17, Atos 15 versos 13 a 21, Tiago 1 verso 1, Judas 1, verso 1.
        Esperamos que renda frutos de aprendizado e de esclarecimento.