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quinta-feira, 26 de maio de 2016

UMA QUADRILHA DA PESADA.

                               
          Quem não se escusa de ler um pouco o que se passa no Brasil, descobre, estarrecido, o quanto o Brasil foi seriamente assaltado e vilipendiado por homens que tomaram, ainda que pelo voto, a coisa pública, transformando o país na pocilga mais abjeta e nojenta que se tem noticia.
        Podemos afirmar que uma quadrilha da pesada, ou seja, uma quadrilha que aparelhou o Estado Brasileiro para servir aos propósitos de políticos sem quaisquer escrúpulos, verdadeiros assaltantes a se locupletar, na garantia da impunidade, do que pertence ao bem comum.
          Estarrecidos, assistimos diariamente o noticiário, a publicação em livros e revistas, enfim, em todos os meios de comunicação, desatadas as correias e as correntes da proibição e sem o encanto que elevou os bandidos do Planalto a flanarem desavergonhadamente e com transito livre os cofres da nação.
         Assaltando despudoradamente a nação, o cinismo dessa gente conseguiu rebaixar o Brasil e suas instituições, delinqüentes escondidos e escudados sob um pretenso “esquerdismo,” cujo objetivo consistia em enriquecer mais e mais apaniguados, parentes e detentores de cargos, a mão cheia distribuídos, transformando o exercício do mando em verdadeiras peripécias de bandidos e delinqüentes muito mais cínicos e especializados na sangria que se verificou em todos os níveis.
       É de se notar que tão cedo a mácula abatida sobre os brasileiros e à má fama daí advinda de sermos os mais corruptos da face da terra, não será desmistificada se fosse mero e simples mito, mas a realidade sensível e palpável.
        Bate de frente aquela sensação de esfaqueados e surrupiados por mandatários inescrupulosos, transformando a nação em um templo obscuro onde a “seita lulista” se locupleta e se espalha sobre sua fedentina para espalhar a instabilidade e a descrença de um povo, solapando diuturnamente e lentamente o sentido de nacionalidade, de amor à pátria, de decência em que as instituições precariamente se sustentaram pelo aparelho formidando que a quadrilha de deliquentes montou em desfavor dos brasileiros.
         Resta-nos a esperança e o desespero de recomeçar do zero, de remontar uma nação, e, de encontrar, e, de punir severamente, os culpados; para que possamos voltar a respirar e a reensinar o povo a dignidade e o caminho da seriedade no trato da coisa pública..


O “BURACO DA VOVÓ”!

                                   
        Belos tempos aqueles em que “o buraco da vovó” era apenas uma reentrancia encravada na rocha sólida, formando um paredão que se desenhava contra os céus, nos sertões de Itiúba. Não aquela reentrância das vovós modernosas se exibindo em calendários pseudos modernos em que as vovós que se apresentam em trajes adâmicos, despudoradas, relapsas e absolutamente envaidecidas pelos falsos elogios das suas pudendas partes, outrora chamada íntimas, porém, secretas.
        Refiro-me aqui e agora para os incautos aqueles tempos em que existiam verdadeiros observadores do tempo, ensinados e aprendidos, acostumados e calejados na prática diária e na observação, desvendando fenômenos primários da natureza, tal o aproximar-se das chuvas e das estações.
        “Buraco da vovó” era então, e digo “era”, porque não sei se ainda as pessoas assim conhecem ou chamam, não passava de uma reentrância na montanha de pedra bruta, na “Serra do Encantado”, fazenda do senhor, hoje finadíssimo Ademir Simões, formando uma concavidade aonde, pela abaulada pedra, ficava retida a nevoa por dias e dias. Quando acontecia, era sinal, pelo menos para os sertanejos locais, de que teríamos um ano de chuva e de muita fartura. A neblina trazia um pouco de frio e quedas na temperatura, e os olhares de todos para lá se dirigiam para ver aquele mundo de brancura se desprendendo lentamente na medida em que o sol lançava sobre o buraco seus raios.

        Era um espetáculo de simplicidade. Fugaz, desaparecia demorando-se poucos dias. O “Riacho da Grota” se enchia, lambaris subiam e desciam na sua temporalidade pelo pasto do Valadares e os meninos acorriam para apanhar pequenos peixinhos

SAVEIROS DA BAHIA

                                       
         O ano está cravado e gravado na mente. Era 1957. Chegado dos sertões, o garoto possuía 11 anos de idade e fora trazido com dois intuitos: Conhecer salvador, e os familiares do seu pai.
       A casa era  da Tia Cilu, irmã do meu pai, Joaquim Brandão Cirne, e fica no  outrora aprazível e poético Largo da Ribeira, onde joguei peladas, corri da polícia chamada de Cosme e Damião, de portada  oficialmente, chamada Praça General Justo . Ali o atônito menino sertanejo encontrou, pela primeira vez, mas não a última, a imensidão do mar debruçado na Ribeira e o vai-e-vem dos barcos e saveiros que chegavam trazendo telhas, peixes, farinha, tijolos, areia, cerâmicas de todas as espécies, enfim de tudo quanto aquelas soberbas embarcações podiam transportar. Resumindo: tudo quanto se possa imaginar. O Recôncavo, essa parte que praticamente só existe na Bahia, não conhecia estradas, nem as possuía, nem tinha asfalto, enquanto a Bahia se despontara como grande pólo desenvolvimentista a partir dos anos “50”.
      Aprendi que se chamavam “saveiristas” aqueles mulatos fortes e espadaudos que conduziam aquelas grande embarcações. Todos os dias fiz hábito em ir para o pequeno porto da Ribeira aguardar aqueles homens que traziam de tudo e a li descarregavam afoitamente, retornando aos seu lugares. Nunca fiz amizades com nenhum deles. Os mestres saveiristas como eram conhecidos soçobraram e sucumbiram ao progresso. Hoje a Bahia de todos os Santos quase não permite mais a visão de um saveiro, salvo e rara exceções. O tempo se encarregou e, talvez e certamente o progresso, de afogar e fazer desaparecer aqueles barcos formidáveis que singravam e desafiavam mares e ventos.

       Viajei, em outros tempos, quando já adulto e voltei para Salvador em pequenas viagens de saveiros entre a Ilha de Itaparica, Mar Grande e Salvador. Mas nada que se possa comparar ao período dos saveiros da Bahia.

O HOMEM DA PEDERNEIRA.

                                    

         Não me recordo exatamente o ano. Acho que foi lá pelo ano de 1960. Sei que já se esfumou no tempo e no espaço. Era eu um garoto tomando conta da “venda”, assim era chamado o armazém de secos e molhados dos meus pais, lá nos sertões da Bahia, numa cidade chamada Itiúba.
        De repente entra no estabelecimento um homem de meia idade, vestindo uma capa colonial, chape de feltro e botas caipiras. Aproximou-se e pediu uma jurubeba leão do norte. Servi-o enquanto ele sorveu-a com sofreguidão e sede. Pagou. Parou e retirou do bolso um charuto e um instrumento rudimentar acondicionado num pequeno pedaço de chifre de animal.
        Lembro-me de que tinha no fundo do instrumento um algodão amarelo e encardido, chamuscado e bastante usado. Aquele homem apanhou no mesmo bolso dois pedaços de seixos rolados e começo a bater um no outro poucas vezes. Tinha ele muita prática, e, assim, de repente, a faísca inflamou o chumaço pequeno de algodão. Ele soprou rapidamente e fez-se fogo. Acendeu o charuto. Pagou a bebida, agradeceu-me, despediu-se e desapareceu na bruma do meu tempo.
          Jamais o esqueci. Parecia saído da idade da pedra lascada. Bizarro, aquele senhor deixou-me a impressão de estar vivendo dentro de um mundo seu, o qual se apegara e não conseguia emergir. Podia pedir-me uma caixa de fósforos, acender seu charuto e devolver-me, ou simplesmente podia comprar uma. Não o fez. O homem da pedra lascada, ou polida, ou nas trevas do seu tempo particularizado deixou-me uma déia do quanto  o homem pode adaptar-se e permanecer independente da sociedade e do progresso da ciencia.
        Nunca mais o vi. Era um forasteiro. Ou uma mera ficção da vida!!!

        Assombração, não foi!