Mais um carnaval da hipocrisia da
Bahia de todos os santos. Visivelmente desenhado nas telas, a branquidade e a
separação das pessoas num apartheid
impressionante que os baianos teimam ou fazem de contas, virando os olhos para
o outro lado, de que não existem separações. Rapazes vendendo “abadás”
que é nada mais, nada menos que um minúsculo retalho de pano com desenhos
alusivos ao carnaval, que possui a marca famosa ou não de determinado cantor e
trio, por preços absurdos. No final, dará ao turista, via de regra, o direito
de pular entre cordas e em seletos grupos de brancos e selecionados que podem
pagar mais de três mil por um pedaço de molambo.
Se prestarmos bem a atenção,
veremos blocos de brancos e raríssimos negros. Veremos também blocos de negros
quase retintos embora as mulheres possuam cabelos lisos pelos efeitos da “chapinha”,
daí que, a rigor não podemos mais dizer que mulher da Bahia possui cabelo duro.
Foi-se o tempo. A “chapinha” igualou, em lisuras de cabelos,
brancas e negras. Maravilha pessoal!!!
As locadoras de filmes, mais uma vez, faltaram
alto aqui na minha aplausível e ainda quase calma cidade. Loquei muitos filmes.
Mas, antes de chegar lá, que tal falar nos mais de 300 mil miseráveis vendedores
de espetinhos, picolés, cervejas, bebidas e outras coisas, meninos e menininhas
catando latinhas de cervejas para ajudar os pais a sustentarem as casas,
mulheres sendo aviltadas nas avenidas pela sua pobreza, homens sem o calor dos seus
lares pobres em busca do pão?
Nada disso os aviltantes camarotes enxergam. Dondocas e deslumbrados de
todos os naipes, deputados, prefeitos e autoridades lá em cima enquanto as
Ivetes da vida, os Bels da existência e as Claudinhas Leites deslumbram
deslumbrados, ganham rios de dinheiro e aquelas autoridades criminosas e
omissas esquecem-se das escolas, dos salários aviltantes e dos que passam as
piores necessidades nesse país.
Estamos bem conversados que a
televisão é janela aberta e, lá não estive, salvo em alguns flashes
televisivos que a incúria e a loucura desse nosso povo que teima em manter.
Antes que eu me esqueça, daqui a uns nove meses, não mais, vamos nos
preparar para uma enxurrada de bebes, sim, meus amados, os chamados “filhos do carnaval”. Eles não
terão pais, assim como jamais os conhecerão. Foram feitos na voragem do gole de
cerveja da adolescente, da refeição comprada ali mesmo, da ausência do
preservativo, e do embalo louco da confusão da festa.
Enquanto tudo acontecia, eu na minha
cama rodava clássicos da filmografia internacional. Não a brasileira. Estamos
bem entendidos, né?
E estamos conversados.
13/02/2013
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