Os negros
entre os quais estou incluído, estão festivamente, mais uma vez comemorando o
dia da “CONSCIÊNCIA NEGRA”. Antigamente esse dia era comemorado no dia 13 de
maio, ocasião em que eram prestadas homenagens à Princesa Isabel, a que
assinou, na ausência do seu pai, a Lei Áurea extinguindo, aparentemente, a
escravidão no Brasil.
Foi um feito e
tanto, sem esquecer que a pressão para que fosse extinta a escravidão já
ameaçava a segurança da nação. Ingerências políticas e econômicas têm de ser
vistas concomitantemente, não tendo sido fato isolado, muito menos por ser a
Princesa uma senhora delicada e sensível. A extinção ocorreu e evitou uma
guerra civil.
Este não é o
ponto. As comemorações pela libertação que passaram a ser realizadas anualmente
no Brasil, foram também politizadas e oportunizadas pelos muitos
aproveitadores, com exageros de todos
conhecidos.. De fato, se a Princesa Isabel evitou e abreviou o inevitável, não
será razão para que seu nome seja execrado como os movimentos negros fazem, como
se desejassem escondê-la da história e até apagar o seu nome da Lei que leva o
seu nome em vez da do seu pai o pomposo “rei brasileiro” mais conhecido por
“imperador brasileiro”.
Não comungo com
os movimentos nem a maneira de comemorar dos afros descendentes (se chamar
negros, posso até ser processado, embora seja eu um descendente de negros
africanos aqui aportados), em especial com essa mania de engrandecer o que não
nos parece ser lá tão grande, como substituir no Panteão da Pátria a Senhora
Isabel pela figura do Senhor Zumbi dos Palmares.
Como
historiador tenho encontrado sérias dificuldades para passar da Serra da Barriga na Serra dos Palmares em
Alagoas e descobrir essa figura misteriosa ou o que possa provar, ao menos
tenha existido.
Zumbi dos
Palmares é um mito, mera criação de algum historiador que supervalorizou ao
inexistente, mas que infelizmente não se provou a sua existência. Por mais que
alguém force a barra e torça a história, não nos parece ser acertado manter um mito
como se fosse vivo, ensinar às crianças, dar-lhe vida, impossível por não se
saber ao menos tenha existido. Talvez a culpa seja de alguns historiadores da
linha dos da Escola dos Annales, que com alguns exageros forçaram nominar
lendas e contos como se fossem expressões do inconsciente historiográfico.
Poucos historiadores
de verdade embarcaram nessa historia do Zumbi. Não conheço um só que afirme a
sua existência. Zumbi nunca foi visto, vez que ele foi criação sustentada por
outros negros para manter a luta. A Serra da Barriga e seu Quilombo não
conheceram nenhum herói encantado, mas abrigaram miseráveis pretos pobres e
cansados da perversidade da escravidão, da dor e do lamento que a
insensibilidade do homem branco ajudou a infernizar cada vez mais.
Mas não justifica
esquecer a Princesa Isabel. Afinal foi ela quem assinou entre as pressões das
forças poderosas que dominaram o Brasil. Expurgá-la, nos parece ato de
inominável desafeição e insensibilidade,inclusive do ponto de vista da historiografia,
enquanto Zumbi que não se provou ao menos tenha ele existido, reine soberano
cantado e decantado pela massa de afros que nem ao menos possui um só documento
capaz de dar vida embasar e dar alento
ao fantasma que as classes poderosas
manobraram para aprisionar outros “zumbis” da história, amalgamá-los e
mantê-los estanques, como se bastasse a manutenção de um mito para mantê-los
afastados da verdadeira luta de emancipação que ainda se encontra longe de
terminar.
Apagar a
Princesa sob os pés do mito Zumbi é inominável ignorância capaz de satisfazer
alguns políticos que manobram a luta enquanto , na verdade, roubam “consciência
negra”, negando-lhe empregos dignos, posições de mando, moradia digna, escolaridade
e igualdade, que, para tanto contam com equivocadas lideranças negras que
brigam por coisas de somenos, enquanto manobram os cordéis da ignorância na
falsa luta de dar impressão aos negros de que sua consciência está sendo
preservada. Não está. Muitos Domingos Jorge Velho estão com seus fuzis da
falsidade e da tolerância oferecendo
samba, cachaça, esbórnia e carnaval enquanto a criminalidade se agiganta entre
os negros enganando- os com terminologias proibidas e fobias criadas,
aumentam-se as favelas, miseráveis mocambos, guetos, palafitas e as penitenciárias se abarrotam de
negros, os mesmos de sempre, os que cantam todos os anos, furtivamente os hinos
e cânticos de enaltecimento do simples “mito”. São manobrados para enriquecer e
ajudar polpudos bolsos dando um verniz de que a luta do negro se perfaz na
comemoração falsa de um dia marcado como “dia
da consciência negra”. Mas o pior é saber que são outros negros chegados ao
poder cedente que madrastamente se prestam ao papel do feitor de ontem, do
capitão –do- mato, ou seja, do caçador de negros fugitivos. E isto vai desde
ministros e secretários que enchem os bolsos e nada fazem por nós até o mais
breve secretário de quarteirão das metrópoles arrebanhando votos e negros para
alimentar o estado de coisas em que vivemos.
Sem luta não
existe liberdade. E não será com um dia comemorado em novembro, todo vinte, por
enquanto, que teremos a liberdade que teve início, sim, com a Princesa Isabel e
não essa mentirinha para enganar as pessoas e que deram nome e estátua nas praças chamado Zumbi.
Propomos então que
seja restabelecida a figura da Princesa e apagado o mito. Afinal, mito não
existe, é mera criação capaz de apagar
os mais profundos sentimentos de verdade.
Max Brandão Cirne (8803-1829)