Recusei, recuso e recusarei todos os convites para festas e casamentos.
Semana que passou, mais um convite chegou para um casamento. Vi a garota,
melhor, a moça que estaria se casando, ainda uma menininha. Evito casamentos e
cerimônias. Não vou a festas nem faço as regalias de juramentos que não servem
sena para desmenti-los e dizer da sua inutilidade. Se casamento fosse bom
demais, não precisaria tantas testemunhas e tantos juramentos com um juiz
hipócrita na frente a falar da indissolubilidade.
Não fui e não vou. Simplesmente dou desculpas, minto, sim, minto com
prazer (mão é só o diabo que mente), mas não vou. Trata-se apenas de hipocrisia
e de falsas promessas que não conseguimos cumpri-las até o fim.
Não gosto nem jamais comemorei um
aniversário. Acho uma chatice um monte de gente rindo falsamente, aqueles
sorrisos hipócritas e aquela socialização mentirosa, as pessoas contando
mentiras e inventando assuntos e demonstrando o que não estão sentindo.
Não vou à casa de pessoa
alguma. Só visito os filhos e assim mesmo a demora não pode ultrapassar, mas do
que dez minutos. Visita demorada enche o
saco e torra a paciência. Não tenho tempo para trivialidades e coisas
vazias. As pessoas de sociabilidade são rainhas e reis da mentira e da
hipocrisia. Ficam a olhar as roupas umas das outras, quanto custou, se foi
alugada, se já Fo paga, a contar suas riquezas e suas frivolidades.
Este mês, como de sempre, é claro, todo dia 18 de um mês de junho de
qualquer ano, faço uma mudança de idade. Não faço “niver”, mas, mudo de idade.
Fico desinteressadamente e desengraçadamente, um ano mais velho, mais cheio de
dores e limitações, mais distanciado da juventude bela que é a primavera da
vida como a bíblia nos fala e ensina, enquanto vou caminhando para a porta
daquele buracão que parece se distanciar cada dia mais, diante de um mundo
brasileiro cheio de pecados, que ameaça se tornar paraíso dos pederastas e
lésbicas, mulheres exageradamente siliconadas e vozes guturais como se de machos em formas femininas e
musculosas), e de corrupções, e de
ladrões, e dos três poderes falidos, e
absolutamente apodrecidos.
Só não me deixo abater. Amo e me deleito em estar na minha casa, que é o
meu refúgio terrestre e passageiro. Amo a minha casa, bela e exageradamente
grande e espaçosa, tenho vergonha quando ouço notícias pela televisão, que em
São Paulo estão construindo apartamentos de 20 metros quadrados para as pessoas
habitarem, fico envergonhado, por incrível que pareça, quando moro numa casa,
cujo quarto principal, o meu, possui
apenas 58 metros quadrados. Sinto-me até envergonhado! Onde moro sozinho,
rio, grito e faço festas particulares no meu indefectível bloco do “eu sozinho”.
Quase todos os dias dou uma volta pela cidade. Gosto quando as pessoas
não me notam nem arranjam uma dessas inúteis homenagens. Detesto quando pessoas
se aproximam para falar pornografias e coisas sem nenhum valor, corto na hora e
dou um basta, pois, apenas demonstram serem ignorantes e sem assunto algum. Não
me assento nas rodas dos escarnecedores, leio a Palavra do Senhor e oro todos
os dias. Aliás, quando aceitei Jesus fiz votos de não ser notado e somente
Jesus deve aparecer na minha frente recebendo honrarias. Não vou ver
presidentes nem políticos, abomino essa raça, nunca pedi um favor, todos os
concursos que participei para a justiça, fui reprovado, mas fora da esfera,
dois que participei fui aprovado em primeiro lugar. Sem pistolões.
Já recusei, gratuitamente, participar de um concurso publico para um alto
cargo público e bem remunerado, quando fui informado que era presente de um
senador biônico ao prefeito da cidade, e que tudo quanto eu deveria fazer era
assinar a prova, sem necessidade de passar por mérito, bastava assinar a prova
e estava aprovado, mas recusei na hora e de bate pronto, mas participo
ativamente de movimentos para a derrubada dos três poderes e das pessoas que
empesteiam a vida do país. A imprensa, mesmo quando fui dirigente de certa
instituição (atenção, por merecimento, bem entendido) me detestava porque eu
sempre me negava e me nego a dar entrevistas.
Outro dia, um sujeito meio puxa e estica saco, não sei se para agradar-
me, ameaçou de arranjar um desses títulos que são dados nas cidades por câmaras
de vereadores desocupados e ladrões do povo, mas eu recusei. Tenho a mais
profunda timidez em receber elogios. Ninguém me faz festa. Detesto políticos e
juízes venais, abomino puxa sacos e bajuladores (como tem!!!) Não me falta
dinheiro para “curtir” a vida preciosa. Nãoa devo um só tostão a pessoa
qualquer deste mundo. Não uso talonários de cheques e não compra fiado nem que
a burra desça da serra da Itiúba e morra de sede na porta da casa do Bertinho. Não
me sento com pessoas por escolha própria. Dizem que sou um homem extremamente
elegante, culto e educado. Demoro em fazer a barba, detesto roupas vistosas e
caras, uso um relógio caro que me custou 15 real (é o correto. Nossa moeda tem o nome errado. Não existe plural reais,
sabia?). No meu cavalo de aço (moto) mandei fazer uma bela inscrição
dourada e trabalhada: (urso solitário).Estou viúvo pela segunda vez e agora
parece que não serei pela terceira.
Sou um pai extremoso, amigo especialíssimo dos raríssimos, cujo circulo
dificilmente passa dos três, incluindo os filhos, sou vô caduco e bobão,
aliás, babão como todos os bons
velhinhos.
Assim cheguei aos 67 anos e estamos conversados. Tem mais.
Se eu não entrar
no Paraíso Eterno ao lado do meu Senhor e Salvador Jesus Cristo, ninguém mais
irá.
Você duvida???
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