Escrevemos dias atrás sobre um sujeito que viveu e se findou lá pras
bandas de Itiúba com o (in) sugestivo nome de Paôco.
Eis que passado algum tempo, recordo-me de que o dito foi o preferido do
senhor Joaquim Brandão para carregar as costas o pesado boi feito de madeira e
chita. Era o paôco.
As lembranças fragmentadas chegam-me com certa dificuldade, pois a idade
não perdoa as pessoas.
Sei, pois, era o meu pai quem gastava rios de dinheiro do próprio bolso,
veterano e inveterado boêmio do seu tempo, embora relegado ao campo do
esquecimento, desde quando foi para Itiúba, levando na bagagem de guarda-fios,
trazida de Jupaguá, lugar aonde morou e se deliciou em recordações fabulosas,
couros de sucuris, de jacarés, de capivaras e outros bichos, inclusive levando
uma capivara viva que soltou com um sininho no pescoço na as fazenda alto
Vermelho que foi devorada por famintos caçadores.
Assistia diariamente os ensaios, os pares e as coreografias que eram
ensaiadas em dois lugares. Na casa da cajazeira, que era emprestada ou alugada,
e num dos muitos quartos que existiam na minha enorme casa da minha infância,
na parte dos fundos.
No dia de Reis, salvo engano, descia do alto meu pai comandando aquela
bagunça bonita, puro folclore, a frente o Jaraguá que era levado pelo finado
Aloísio de tio Antônio, da tia Maricota, todos já motos, que, ainda era um
jovem, e lá na cidade a folia se desenvolvia.
O Paôco foi o maior carregador de boi que já se viu naquela cidade. Evoluía
com maestria e era o preferido do meu pai que gastava do próprio bolso para
garantia o folguedo alheio. Mesmo durante a partilha do boi, o paôco permanecia
lá embaixo, em silencio, até que a folgança acabava. Bons tempos aqueles. Meu
pai foi um grande homem.
Engraçado para não dizer triste e grave é que ninguém mais se recorda
daquele período. Ou do Joaquim Brandão.
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