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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

O ‘TEIA’ DE ITIÚBA

        Existem sujeitos que nascem com verdadeiro carisma. O “Teia” é um desses. Nascido em Itiúba, pequena cidade encravada nos sertões da Bahia, filho de um ex-prefeito, antigo coronel, prefeito por várias vezes, com curral eleitoral cativo, e, bem amarrado, era filho do senhor Belarmino Pinto de Carvalho, homem de sorriso afável, saído das caatingas para a cidadezinha, embora sendo pobrezinho, conseguiu, por essas coisas inexplicáveis, tornar-se “coronel” sertanejo... e prefeito por várias legislaturas.
          O “Teia” cursou o primário, e, parece que jamais saiu de Itiúba, e, com a morte do seu pai, parece ter herdado a loja de tecidos que ficava bem no centro da cidade, embora todos os seus parentes tenham saído da cidade. Casara-se ainda jovem com uma professora filha do senhor Damasceno, moça  recantada e fina educação doméstica quanto acadêmica, atraída, possivelmente, pela posição familiar e pelo conceito que a família do “Teia” possuía. Com a morte do senhor Belarmino o    “Teia”continuou residindo no belo casarão da família de onde só saiu para ir morar em Salvador, e, ao que parece, curtia uma aposentadoria cedo e compulsória.
          Era um sujeito bonachão e de sorriso largo e fácil, chegado a umas cachaçadas da pesada, mas nada que incomodasse a quem quer que seja. Montava e vivia pedalando em uma bicicleta que era pilotada por ele com duas braçadeiras amarradas às bocas da calça para evitar se enroscassem na corrente, usava óculos de aros grossos e lentes de grau profundo, aliviando sua miopia,  sendo portador de um humor ferino que fazia com que todos rissem das suas piadas. Vez ou outra o “Teia” era acometido de umas doidices passageiras que terminavam por ceder na base de remédios.
          Parede que não era lá bom comerciante, terminando, ao que parece, por fechar a loja, passando-a adiante. Todos os dias o “Teia” era visto encostado em alguma parede no centro da cidade olhando o movimento, reencontrando amigos e contando suas indefectíveis piadas, embora fosse um sujeito até com certa timidez. O “Teia” foi, sem dúvida, um desses meteoritos que passaram e deixaram seu rastro de simplicidade em Itiúba.
          Não sei se o “Teia” ainda está vivo. Se for, aquele abraço.
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