Toda tarde de sábado a Estação da
Calçada, em Salvador, ficava cheia de pessoas que lá comparecia para embarcar
no trem. Muitas iam apenas para ver quem estava indo para o interior
aproveitando para encontrar-se com amigos e conterrâneos, saber notícias e se
inteirar de alguma novidade vinda do interior.
O trem partia na parte da tarde, e,
era muito comum as pessoas reservarem nas suas agendas, aquela tarde de sábado
para uma passada na Estação da Calçada. Muitos aproveitavam para enviar
cartinhas e pequenas encomendas, pedidos para transmitirem aos seus, lá nos
interiores, mandar dizer que tudo estava bem, enfim, era uma festa em que se
punham os assuntos em dia e as conversas beiravam os acontecimentos.
Inegavelmente a vontade de embarcar
naquele poético e romântico trem era muito grande. Na plataforma permanecíamos
até o trem dobrar na quase esquina do Lobato em direção à Ponte São João no seu
resfolegar malemolente em direção ao interior deixando e apanhando passageiros
na sua viagem longa.
Na segunda-feira, mais difuso, porém
não menor a afluência de conterrâneos, marcava a chegada do famoso trem noturno
que passava em Itiúba entre 19h00min e 20h00min, para apanhar ou receber pequenas encomendas
trazidas de favor, por alguém que chegava da terrinha.
Com o cruento golpe militar de 1964
foi questão de pouco tempo para os militares entreguistas venderem a preço de
banana, todas as linhas e trens, desaparecendo uma parte da história de todo o
Brasil e, em especial dos itiubenses.
Nenhum comentário:
Postar um comentário