Sempre fui curioso no trato com a história brasileira. Parcial, ela não
é ensinada nas escolas com o crivo da realidade, mas os historiadores não se
sabem os motivos, sempre primaram pela discordância e a modificação e alteração
sem contar com a infidelidade dos relatos. Acredito mesmo que tudo não passa de
um infame complô para distorcer realidades e nos apresentar perante o mundo
como um povo ordeiro e “sui generis”
o que não é, em absoluto, verdade.
É preciso que assentemos de uma vez por todas que nós somos um povo com
poucos brios, muita violência no sangue, e, nada de dignidade na nossa história
que é permeada de mentiras e de coisas que absolutamente não condizem com a
realidade do dia a dia da nossa história, e que precisamos nos civilizar cada
vez mais.
Quando observamos a nossa história constatamos ser ela feita de hiatos,
saltos e distancias, como quando ensinamos aos nossos estudantes que no Brasil
não existiram nem ocorreram às chamadas “GUERRAS
CIVIS”. Na verdade, tivemos muitas
guerras civis que é o mesmo que chamar de guerras
intestinas. Vemos os olhares negativos de outras nações, nomeamos-lhes as
guerras, porém, temos o vezo de interpretar as nossas guerras civis como meros
e ocasionais Movimentos Sediciosos.
Não entendo como os cronistas podem chamar de “Praieira”, ou “Balaiada”,
ou “Confederação do Equador”, “ou Revolta dos Alfaiates”, ou “Revolução de 1932”, a dos “Dezoito do Forte de Copacabana” ou “Intentona Comunista” como alguns
apelidaram para mascarar as realidades, a “Revolução
Farroupilha” “ou Revolução de 1964”,
ou “Revolta do Contestado”, sem esquecer a mais famigerada e fratricida delas, a “Guerra de Canudos”, de meros movimentos
ao longo da nossa história negando-lhes os status
de guerras civis.
Creio que a posição dos nossos
historiadores, por demais bairristas e jacobinistas para não dizer altamente
tecnicistas, tem impedido de enxergarem obviedades, pelo que não costumam, na
sua esmagadora maioria, atribuir que tivemos não simples e passageiros “Movimentos”, mas cruentas e fratricidas
guerras civis, portanto guerras intestinas que mataram e destruíram muitas
vidas e bens em disputas.
Igualmente, será preciso reconhecer mais modernamente que o Brasil
enfrenta outras guerras poderosas e mortais como a do trânsito em que matamos,
com nossos bólidos sobre rodas, ficando na impunidade das nossas leis, mais de
cinquenta mil pessoas nas ruas, anualmente, sem esquecermos as permanentes guerras
que se desenvolvem a guisa de combate à marginalidade nas principais cidades
como Rio, São Paulo e Salvador, para só ficarmos nessas três, sem esquecer outras
cidades violentas como Goiânia e Belém.
Vemos os “outros” e não
aprendemos, ainda, a interpretar as nossas guerras quando diante dos países
vizinhos e mais distantes não lhes negamos as existências de guerras civis.
Está na hora dos historiadores deixarem esses pruridos e escreverem
sobre as nossas guerras civis, abandonarem a ideia de que somos um povo
pacifico e pacifista, que a violência nunca ocorreu como as que de fato
macularam e maculam o nosso solo.
O Brasil teve sim, e muitas guerras civis. Aliás, as mais perversas como
todas as guerras e não simples movimentos passageiros ou movimentos simplistas
reducionistas. Como explicar uma Revolução que matou mais de 800 brasileiros
não ser uma guerra civil, como a de são Paulo, apelidada de “Revolução Constitucionalista”, ou como
entender uma Revolta dos Farroupilhas que teve uma duração de
mais de 10 anos não ser considerada guerra?
Vamos mudar a linguagem da história e deixar de pruridos ufanistas?
Com a palavra os historiadores.
WWW.ursosollitario.blogspot.com
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