Quando eu o conheci, ainda era eu um
garoto imberbe, lá pelas bandas de Itiúba. Refiro-me ao “seo” Jovem, homem de cabelos grisalhos, olhos se não me engano
claros, mais ou menos biótipo americanizado.
Usava uns óculos de aros prateados
sobre o nariz e com sobrolhos, pacientemente a esperar no seu armazém que
ficava aos fundos do Bar do senhor Carlos Pires as peles que comprava para
exportação.
Ali “seo” Jovem recebia as peles de
bois, bodes e carneiros que eram compradas no sábado, na feira, eram retiradas
para, depois de secas, serem enviadas para a Capital. Era ele o exportador de
peles para os curtumes na distante capital Salvador.
Pois bem, me recordo que “seo” Jovem
era sempre visto no seu escritório, no enorme prédio, sempre as voltas com
cálculos e contas que fazia, sempre escrevendo, não sei lá o quê, mas que
jamais perdia a pose ou a paciência quando eu, ainda menino, adentrava as
portas timidamente para pedir ao “seo” Jovem um pedaço de “sabão de pele”.
O tal do “sabão de pele” era um produto
extremamente tóxico que nós passávamos na pele do rosto e dos braços para
exterminar o chamado “pano branco” que era nada mais, nada
menos, fungos na pele que atacava-nos indiscriminadamente.
O que realço é a refinada educação
daquele homem, a boa vontade daquele homem, os bons modos de um homem que
certamente vindo da Várzea Formosa, da zona rural ,mas que espantava pela sua
“finesse”, sua fidalguia impressionantes, que não se exasperava e,
pacientemente entregava do seu estoque, aos meninos e às pessoas que lhe
pediam, pedaços de ‘sabão de pele” para que pudéssemos curar as manchas que
surgiam periodicamente.
Quem conheceu “seo” Jovem sabe de quem estamos falando.
Obrigado jovem “Jovem”.
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