Não sei ao certo se o meu pai me fez num tempo civilizado e de
proporções aceitáveis. Aprendi a amar e gostar de coisas e pessoas. Fui criado
ouvindo a boa música nostálgica e romântica, cheia de erudição, letras poéticas
e merencórias, de plangência, capazes de aprofundarem nos
corações. Desse modo fui crescendo lá nos sertões aguçando e afinando os
ouvidos aprendendo a fazer a diferença e a adquirir bom gosto e refino musical.
Outro dia estava em veraneio na capital,
em lugar paradisíaco quando avistei uma garotinha de uns nove aninhos, se
muito, se sacudindo , remexendo as cadeiras e dançando uma musiquinha “minha égua pocotó” sob os mais vivos
aplausos dos seus alegres pais e amigos. Virei e torci o nariz.
Não sei o que faz pessoas
ouvirem e até cometerem o pecado de pagarem por coisas tipo: “Tô ficando atoladinha”. Mas a coisa não
para por aí com esse tal de funk que é uma excrescência só e denota a ausência
de afinidade musical das pessoas. Não consigo as paredes da minha casa sendo
violentadas com a música “É o lek, lek,
lek, lek” ou ainda é o “pente, é o
pente, é o pente”. Acho que ninguém vai me chamar de preconceituoso, mas
sim de conceituoso.
Bem verdade, sabemos que existe mau
gosto para tudo em especial pessoas que foram criadas ou deseducadas durante a
vida, ainda que sem culpa. Aqui não se culpa a pobreza, mas sim a ausência de
bom gosto que nada tem a ver com pobreza ou miséria.
Li um artigo de um sociólogo e filósofo
falando que as condições de miséria e a ausência de boa e farta alimentação, a
deseducação, a falta de boa moradia, boa escola, a ausência de saneamento
mínimo, tornam as pessoas assim submetidas, absolutamente incapazes de
raciocinar e de estabelecer o que é bom e saudável, desejando, passar, para as
demais fora do seu mundo, as suas misérias e frustrações. Acredito, pois as
letras e as coisas apelidadas de musicas que se ouve e se vê por aí é para
violentar ouvidos civilizados e educados.
Quase sempre são pessoas que saíram
dos guetos infames e das favelas aonde o crime e a ausência de oportunidades
existem. Cremos que a distancia dessas pessoas frequentarem clubes, teatros,
bons cinemas e outros lazeres, são capazes sim, de transformarem as mentes que se
fundem na negação de uma cultura social palatável. Quase que se bestializam e
vão levando essas coisas esquisitas e terríveis de se ouvirem, incapazes de
serem degustadas por civilizadas mentes que raciocinam essas infâmias que se
vendem como boa música.
Questão de sensibilidade.
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