Alguém me critica pelo meu
desprendimento no que diz respeito à existência, e sou, muitas vezes, criticado
pelo estilo de vida que escolhi para minha vida, com esse meu total
despojamento, humildade e modo frugal de existência. De fato, quanto mais vivo,
pareço estar adquirindo algum pouco conhecimento que só os anos trazem e os
cabelos brancos aceitam. Mas estou na contramão da vida moderna. Estou
deslocado do mundo, quase que fora dele, na prática.
Sinto-me acabrunhando, por vezes muito
triste, ao constatar os valores que as sociedades estão pregando e ensinando.
Penso-me um selenita, um semilouco, perdido e divorciado dos valores deste
mundo. De fato, estou deslocado completamente. Essa semana, assisti a um
programa chamado “café filosófico”,
na TV Cultura, em que o
palestrante com muito conhecimento de causa falava da “teologia dos que podem vencer na vida”, dos “vencedores, dos heróis de verdade”. Aos patrões ele afirmava que
deveriam ser chamados, porque são, os novos “deuses”, e, às reuniões e as
capacidades dos empregados de trabalharem em equipe, significava as novas orações,
enquanto aos empreendedores chamava-os
de “nova classe de anjos”. As
pessoas não devem falar em honra nem defender valores pessoais, porque todos
estamos numa aldeia global e devemos nos render ao capital e aos valores do
empreendedorismo. A moral e os bons costumes, as licenças e as libertinagens,
devem ceder lugar ao “empreendedorismo”,
a quem ele chamava de “novos apóstolos e
adoradores da teologia da prosperidade” enquanto o apego à família e os
valores familiares deveriam ser abolidos sob pena de ficarem as pessoas para
trás.
Fico a pensar a razão de se aprovarem
leis de tão esdrúxulas, as mais imorais, e contra a natureza, e o curso natural
das coisas, e porque as pessoas aplaudem tanto a imoralidade, e as famílias
estão tão destruídas. Em breve valores como família, filiação, paternidade,
maternidade e outros cederão lugar aos devaneios dos devassos e imorais, dos
libertinos e devassos tão aplaudidos e aclamados pelo povo. O aborto já tomou
conta do país e as mulheres se declaram donas dos seus próprios corpos
esquecidas de que não são donas das vidas dos fetos que assassinam em clínicas
devidamente credenciadas e pagas. Pobre mundo!Mas, eu é quem sou o criminoso, o
errado, o deslocado.
É materialidade demais para o meu já
combalido coração.
Não cai, porque assisto televisão
deitado, luxo devido aos meus ossos que teimam em desobedecer-me nas cadeiras e
poltronas. Senti-me imbecilizado, uma coisa, um traste, um deslocado deste
mundo, um desterrado, um criminoso, isto porque na tenho ambições e não sou
apegado a nada deste mundo, desejo com profundo anseio e anelo a vinda do meu Senhor,
Leio a bíblia e oro todos os dias, peço a Deus que abrevie meus dias na terra e
não consigo enxergar o mundo como a maioria esmagadora, inclusive e porque não
falar, os próprios crentes, muitos perdidos e cegos seguindo a falsos mestres e
ensinadores.
O apostolo Pedro na sua Segunda Carta diz: “E muitos seguirão a suas dissoluções, e por causa deles será blasfemado
o caminho da verdade”.
É assombrosa a distância do Sermão da
Montanha proferido por Jesus Cristo e o que os homens estão ensinando como
valores capazes de satisfazer os homens. O mundo se perfaz aqui e eternidade
soa como blasfêmia para a maioria, inclusive para muitos pregadores. O mesmo
apostolo fala no Capítulo 2º, verso 1º o quanto se segue:
“Mas houve também entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá
também falsos mestres, os quais introduzirão encobertamente heresias
destruidoras, negando até o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos
repentina destruição”.
Notemos que Pedro fala para o futuro
e que, sua Carta foi escrita há quase dois mil anos.
O Jesus do Sermão da Montanha dos
capítulos 5 e 6 do Evangelho de Mateus é o odiado e reputado sem serventia
pelos homens que se materializaram e se desviaram do Caminho da Salvação. O
mundo não termina sob algumas pás de terra sobre corpos inermes e sem vida. O morrer
fisicamente é apenas o sinal de uma semente que foi lançada para o rebrotar da
ressurreição conforme I Coríntios 15. Se não houver ressurreição então seremos
os mais desafortunados dos homens. Mas a Sua Palavra não mente.
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