Essa festa a que chamamos Natal,
representa, em verdade, um pouco de suplício por ocasião. É que a companheira
de jornada tem a mania de arrastar-me para a casa de um dos seus parentes para
“ceia”, almoço e outras coisas. Tenho sérias discussões, e, como bom líder, não
vou. Acho um verdadeiro suplício essas reuniões anuais e sem espontaneidade.
Sorrir desmotivado é um saco. A razão é simples: Abomino ir para a casa de
qualquer pessoa. Meu filho se ressente, reclama, quando faço esporádicas
visitas para ver a netinha. Acho que demorar cinco minutinhos é uma eternidade.
Detesto ir à casa das pessoas.
Não visito pessoas, sou mal humorado
por escolha e opção, desconfio de pessoas com sorriso espalmado na face e a
facilidade com que riem. Lembro-me sempre das hienas. Já olharam as suas
mandíbulas? Assustadoras! Desconfio sempre das pessoas que riem vinte e quatro
horas, incansavelmente, como se esbanjassem felicidade ou se estivessem
participando de um concurso tipo: “Eu sou o mais feliz e posicionado na vida”.
Não tenho e não gosto de muitos
amigos. Não sei mesmo se os tenho algum. Na verdade, amigos mesmo, só os
filhos. Só aqueles de mentirinha tipo: “Você é um amigão”, sem tapinhas nas costas. Sou um juramentado
antissocial, diria que de carteirinha. Não tenho inveja das pessoas bem
humoradas, assim como não canto, (mesmo porque detesto, a musiqueta chata do
R.Carlos que diz “Eu quero ter um milhão
de amigos”), pois, no fundo são doentes ou quase, levadas por ventos de
opiniões e imposições. Não; o caso é que sou um antissocial mesmo, daqueles que
sentem orgulho de ser. Não frequento, não almoço, não durmo e nem cultivo
amizades, não as visito em suas casas e constranjo-me todas as vezes que sou
convidado a sentar-me em seus sofás e manter conversas. Não confio em pessoas.
Em ninguém que seja humano. Minhas filhas costumam perguntar-me, de
brincadeirinha, se eu gosto de gente. Tenho sérias reservas. Também não quero
nem você deve confiar em mim. Crente de
verdade não pode confiar no homem, basta olhar e ler a Carta de Paulo aos Romanos capítulo 7 e você
compreenderá que nenhum ter amigos e andar por aí sorriso na cara. Sorriso de
metro.
Além do mais a Palavra do Senhor ensina que ‘MALDITO É O HOMEM QUE CONFIA
EM OUTRO HOMEM’.
Jesus nunca sorriu, nunca contou uma
piada e quando foi beijado e abraçado foi para ser traído. Custaram apenas
trinta moedas.Ademais, quem vive num mundo de idolatria, de pecado e de tanta
infelicidade, de crimes horrendos e de impunidade, não pode mesmo, de sã
consciência, andar por aí gastando sorrisos de felicidades.
Entretanto, sou o sujeito mais
solidário possível dentre os poucos que conheço. Vibro e fico feliz quando
recebo, em nossa casa, pessoas para comer e dormir. Gasto uma pequena fortuna
para receber bem. Mas não vou nas suas casas. Só de parentes bem chegados
(filhos e noras). Detesto e não gosto mesmo.Durante mais de 30 anos de advocacia
nunca fui sequer a casa de um colega ou de um juiz, muito menos de promotores
ou defensores públicos. Não vou a festas, não participo de confraternizações, abomino
“amigos-secretos”, chatices que inventam com aquelas piadinhas desengraçadas.
Não vou a cerimônias de casamento por achá-las mentirosas e formais,
despropositais, aqueles votos falsos e que ninguém cumpre. As pessoas são
profundamente hipócritas. Assim mantive minha total e abissal
independência.Nunca pedi nada imoral ou moral que fosse. Assim, não devo
favores nem me comprometi. As relações
públicas me incomodam. Só aquelas que o dever impõe. Assim, não preciso dizer
que não devo favores nem nunca os pedi. Intransigente, sonhei com um mundo de
respeito entre os homens, cada qual no seu cada qual sem imposições, fazendo e
cumprindo deveres. Sujeitei-me diuturnamente a disciplina da moral e dos bons
costumes. Sou um solitário por vocação. Desafio quem me vê na rua, comprando
fiado ou devendo um tostão a quem quer que seja, contando piadas sejam decentes
ou indecentes.
Na verdade resolvi, por opção, ser um
“antissocial”. E o faço lembrando-me todos os dias de uma pessoa chamada JESUS
CRISTO. Desafio quem conseguir ler na Bíblia que Jesus teve amigos. Ou ainda,
que Jesus cultivou amizades, ou que Jesus andava rindo e era um sujeito bem
humorado. Em casa sou um tremendo anfitrião, mas só na intimidade da minha
casa. Ora, ainda que muitos escrevam, outros digam que o sorriso representa
felicidade, podemos afirmar que tudo é mentira. Até sorrir em público é
antissocial.
Evito julgar as pessoas para que não
me julguem. Mas a verdade é que sou o mais miserável dos pecadores e, antes que
me lancem aos cães e me enforquem publicamente, não permito que minha
inatacável vida seja emasculada por quem quer que seja.
E cada louco com sua mania.
Estamos conversados.
Max Brandão Cirne 14/12/2012
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