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sexta-feira, 28 de junho de 2013

MINHA PRIMEIRA ‘NAMORADA’



      Como já disse, entrei na Escola Primária Goes Calmon com 7,5 anos aproximadamente, segundo o sistema educacional somente permitia.É que mudo de idade no mês de junho, exatamente no dia 18 e, a escola não aceitava alunos no meio do ano, nem mesmo os  transferidos. Tinha de aguardar o inicio do ano letivo.
      Minha primeira professora foi a minha “primeira namorada”. Se ela estiver viva hoje, o que duvido muito, deve ter uns 100 a 110 anos aproximadamente. Mas, certamente já partiu deste mundo.
     A cidade pequena aonde nasci, chamada Itiúba, fica lá nos sertões, perdida nas dobras das Serras da Itiúba onde outrora se ouvia o canto da acauã e dos jacus que infestavam a mata rala e os pedaços de matas de madeira de lei que existiram um dia.
     Seu nome era ZENAIDE, era casada, e, muito bem casada, com o senhor Sandoval Acioli sujeito todo sorriso, óculos de grau de fundo de garrafa, sorridente e bonachão, então coletor estadual da cidade. Obviamente eu não “simpatizava” com o mesmo por razões compreensíveis, não? Tinham também, dois filhos, um de nome afetivo Carlinhos, mais velho que eu, e, outro menor e gordinho. Éramos colegas na mesma escola. Tínhamos a mesma idade, talvez o Carlinhos mais velho que eu um pouco, se muito, dois anos.
     Como se costuma dizer, Professora Zenaide era “minha namorada”, seu marido nem desconfiava da “paixão” avassaladora que aquele menino de sete anos e meio, nutria pela sua fiel e insuspeita esposa, minha professora. Era amor profundamente platônico desses que ficam para sempre pelo desprendimento, pelo carinho, pelos cuidados das professoras do meu tempo, pelo apego aos deveres e vocações de mestras e educadoras sem acepção de pessoas nem condição social.
     Lembro-me da minha falecida mãe despedindo-se a porta da nossa casa a exigir respeito pelas professoras e a declarar que elas, eram nossas mães, lá na escola. Hoje professoras (es)levam tiros, são espancadas por pilantras marginais sem educação doméstica, que era a primeira sala de educação que recebíamos, professores são agredidos, baleados, mortos, feridos à facadas , humilhados, espezinhados, sem salários dignos e aviltados nas suas condições até mesmo de seres humanos, sem afetividade, alunos não mais se “apaixonam perdidamente” pelas suas professoras, as relações se azedam e não existe mais estreitamento de afinidades e nem lugar para o amor.
     Aos sábados minha mãe se aproximava dela para perguntar sobre o “comportamento do Max”.  Nunca lhe disse, com palavras, o quanto a amava. Era a minha fase platônica e me lembro de quando foram embora da cidade. Então, aí, eu já não estava mais apaixonado pela professora. Não eram seus dotes físicos, pois, porém o respeito profundo que exigia postura e delicadeza. Não se tratava de amor erótico, mas o verdadeiro “amor agapau”, portanto, desinteressado e sem maldade física ou moral, senão a recompensa pulsando no peito de um menino que teve a honra de ter aquela mulher como professora, aliás, a primeira, por quem, naqueles tempos, via de regra, os meninos se apaixonavam pelas suas professoras.   
      Hoje, nem  sei mais,  parece que os meninos já fazem filhos nas namoradinhas desde a mais tenra infância, a maldade e a perversidade enegrecem corações que deveriam ter o platonismo de um velhão de 67 anos recém feitos, que não consegue tirar nem sepultar suas mais lindas e nostálgicas recordações.
     Obrigado minha Professora Zenaide! Continuo, aos 67 anos, um velhão nostálgico e apaixonado pela professorinha da cidadezinha. E, se os caminhos do destino indicarem aos seus filhos que já devem ser uns velhões, este blog, que eles saibam que no coração do hoje advogado e historiador Max - a dívida de gratidão e de carinho pulsa e revive sempre às voltas com as minhas mais belas recordações de um menino de cabelos brancos que o tempo não foi capaz de apagar o belo.
     Consequentemente Professora Zenaide continua eterna, enquanto nas minhas memórias e dos seus filhos sua figura for lembrada, certamente ela continuará viva!

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