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segunda-feira, 10 de junho de 2013

JOSÉ DE LIMA COUTINHO – GRATIDÃO ETERNA O HOMEM QUE MESMO MORTO, VIVE NA MINHA VIDA.



          Tenho o retrato dele guardado dentro da minha bíblia e me acompanha há exatos 48 anos de vida. Todos os meus filhos e amigos já o viram e tiveram de ouvir a minha história, e, sobre quem foi aquele homem. É muito comum eu sonhar, ainda hoje, com  José de Lima Coutinho.
          Este nome contém a minha gratidão que talvez nem tenha sido dispensada aos meus pais. O nome vive e mora nas minhas entranhas desde o distante ano de 1967 quando, fugindo da sanha perseguidora por causa do Evangelho que eu havia abraçado em 1966, tive de empreender várias fugas e escapatórias.
         A primeira começou com a perda do meu primeiro emprego federal, conquistado mediante concurso publico e aprovado em 2º lugar no Estado da Bahia no ano de 1964. Ao aceitar o Evangelho de Jesus meu chefe imediato foi  a Salvador exigir, como se dizia, a minha cabeça. Dizia ele que eu não era mais aquele menino da sua admiração, beberrão, mulherengo e valentão. Em Salvador contou um emaranhado bem cavernoso a meu respeito. Ironia da vida, muitos anos depois, teve de recepcioná-lo na cidade aonde vivo hoje, numa passeata política que atravancava minha passagem de carro, enquanto ele me bajulava e dizia que um seu filho pertencia a igreja Batista Betânia.
         Saindo de Muritiba fui acolhido em um colégio da denominação dos Batistas, o Taylor-Egídio aonde estudei um ano e meses quando, tive de ser despedido (expulso), por um diretor xereta e bajulador de ricos em meu desfavor. Sai pelas estradas da vida, certo de que Deus jamais abandonou os seus, e, fui parar, depois de ter tentado em Salvador encontrar um colégio, na cidade de Serrinha.
          Em Serrinha fui morar com um tio. Logo a má-fé, a desconfiança, a perseguição, a incredulidade e as perseguições do meu tio passaram a exigir a minha saída da sua casa, pelo motivo de eu ter pregado a Palavra do Senhor a ele e um rapazinho que vivia na casa, mas que, passavam o dia todo bebendo e farreando pela cidade. Sua casa era único abrigo em que vivi cerca de três meses em meio a todo tipo de humilhação. Fui posto para fora da casa que dizia não aceitar “crente,” nem “protestante”, nem “herege,” nem amaldiçoado que não praticava a religião do pai e da mãe, e que ia morar na casa de católico. Era, na verdade, um devasso miserável e infame que rejeitou a Palavra do Senhor, vivendo em pecado e abominação.
         Orei fervorosamente ao Senhor e, quando estava faltando dois minutos para deixar a residência do tio,pois o tio marcou dia, e hora de saída compulsória, eis que um jipe para a porta com um motorista nervoso a gritar pelo meu nome. Seu nome: Paulo Coutinho, neto de José de Lima Coutinho.
          José Coutinho era um senhor de 82 anos de idade. Disse-me que havia sonhado com um rapaz sendo perseguido e mandou pedir informações sobre esse rapaz. Nunca me vira na vida. Não sabia quem era o Max, não conhecia minhas origens, apenas me acolheu em seu lar, a sua mesa, aonde eu sentava sem limitações e conversávamos amigavelmente dia e noite, viajamos constantemente para Caldas do Jorro, lá passávamos dias e dias e visitávamos igrejas.
          Fui morar no coração da cidade de Serrinha. Tinha um jipe na mão, continuei meus estudos no colégio que Deus abriu as portas para mim, a Escola Normal da Serrinha, morava e partilhava o lar de um dos homens mais ricos de Serrinha, aposentado coletor estadual, fazendeiro de milhares de terras e gado abundante e me alimentava sem reservas e sem limites.
         JOSÉ DE LIMA COUTINHO era um crente no Senhor. Criou seus filhos, a maioria médicos, no temor do Senhor. Conheci alguns deles. Jamais recebi um olhar de desconfiança de qualquer deles. Fundador e espalhador de igrejas era, também, benfeitor de pastores e de todos os que dele necessitasse. A família de José de Lima Coutinho se compunha de crentes no Senhor Jesus. Paulo Coutinho parece que se viu até aliviado em entregar-me o jipe, pois, não sendo ele ainda crente, não gostava de levar o velho avô José de Lima Coutinho aos templos, ter de esperar e participar. Então passei a ser uma espécie de motorista a visitar doentes, a levá-lo em igrejas, a pregar aonde íamos a seu convite e escolha.
         José de Lima Coutinho foi chamado para morar na Mansão Eterna no mesmo ano de 1967. Ajudei a vestir o terno cadavérico, juntamente com a bondosa e santa “Zifinha”. Familiares estiveram presentes, menos doutor Antonio que morava no Rio de Janeiro, que se despediu, meses antes do pai, com a promessa de se encontrarem somente na eternidade. Eu vi. Eu estava presente. Dizia o Doutor Antonio ser cheio de afazeres, mas não por negligencia ou desamor, mas na certeza de que os crentes e os servos do Senhor depositam e se depositam não na terra, mas na eternidade prometida.
          Ajudei a depositar JOSÉ DE LIMA COUTINHO na terra do cemitério de Serrinha. Ato contínuo, retornamos para a residência para velar a sua amada esposa que tinha sido filha do falecido Egídio, doador do terreno onde fundaram o Colégio dos Batistas, o Taylor-Egídio, na cidade de Jaguaquara aonde se formaram várias gerações, no começo da pregação do Evangelho, naquela localidade e estabelecimento do trabalho Batista no sudoeste do Estado da Bahia.
          Um dia depois de termos depositado o pó ao pó, de onde veio JOSÉ DE LIMA COUTINHO, voltamos ao mesmo cemitério para depositar, dessa vez, a sua amada e velhinha esposa de toda uma vida.
        Um mês após fui embora daquela cidade.
        No ano de 2005 fui àquela cidade e fiz questão de parar o carro em visita a casa. Surpreendentemente virou um montão de entulho. Os herdeiros deixaram que a casa ruísse. Nada foi construído sobre as antigas ruínas. Parece um monumento. Quedei-me entristecido e agradecido numa prece aos céus em agradecimento pelas vidas daquelas pessoas que, sendo desconhecidas acolheram um desconhecido no mais íntimo do seu lar, abriu-se em amizade franca dando acolhimento em vez de desprezo que muitas vezes o sangue comete.
          Quanto ao meu tio, morreu. Sem glória e nos seus pecados infames, procurou esconder-se e assim viveu, ao que eu soube o resto da sua miserável vida, porém, sem Deus, sem Cristo e sem Salvação.
         A saga continua. Hoje, qual viajante já cansado e saudoso, depois de plantar tantas cruzes e levar tantos à morada aonde permanecem seus corpos inertes a espera da trombeta ecoar e da volta do SENHOR JESUS, constato que tudo valeu a pena quando a nossa fé não se desviou do Caminho não obstante as quedas e dúvidas, dos ensinos do Senhor.
          No peito, uma certeza que o envelhecido Max carrega, a de que, um dia, muito próximo, em nome de Jesus, estarei adentrando os portais da Mansão Eterna, pisarei em ouro fino, pedras e especiarias aonde abraçarei e serei abraçado não apenas por José de Lima Coutinho, mas, também de outros muitos afortunados apressados que me precederam na vida. Hei de estar na alvorada quando soar a minha trombeta. Amém.
          JOSÉ DE LIMA COUTINHO vive. No meu coração ele continuará vivo para sempre.
Por favor repasse essa mensagem.
www.ursosollitario.blogspot.com

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