O CRIMINOSO GETULIO VARGAS

       Eu era uma criança, ainda na escola primária, quando via aquele retrato do senhor Getulio Vargas ostensivamente sujando as paredes das repartições. Aonde chegava, lá estava o indefectível retrato do Getulio. Fui encafifando, fui crescendo e ninguém me dizia o porquê daquela homenagem, salvo que era o “pai dos pobres”. Nada mais. Alguém até arriscava a dizer que foi o presidente do Brasil. Nada mal. Mas ninguém dizia que tinha sido um abominável ditador.

       Fui crescendo e a curiosidade, idem. Lembro-me do dia do seu suicídio, não obstante ser eu apenas um menino. Até que comecei a pesquisar sobre o tal sujeito. Então fiquei sabendo que ele foi responsável pelo morticínio da guerra de são Paulo, tendo mandado assassinar mais de 800 brasileiros paulistanos na famigerada revolução, ordenou pessoalmente que suas tropas famigeradas enterrassem vivos os soldados que não delatassem companheiros, ao mesmo tempo em que cavassem suas próprias sepulturas aonde seriam fuzilados e enterrados, que assassinassem sem dó e sem piedade todos os seus opositores, cujo pecado foi sonhar com um governo constitucional cujas origens encontramos com a deposição de Washington Luiz e questões de constitucionalismo.

       Mais tarde fiquei sabendo que o criminoso Vargas apoio com todas as cores e tintas os senhores Benito Mussolini e Adolfo Hitler tiranos da Itália e da Alemanha, o que se pode dizer, que era fascista e nazista, sem contar que apoiava a loucura, também, dos Japoneses, com sua megalomania apoiada pelo também boneco imperial de lá, assim como, só não  enviou tropas para defender o nazi-fascismo porque o governo dos Estados Unidos conseguiu subornar o Varguinhas, doando a usina siderúrgica de Volta Redonda.

        Fiquei sabendo da sua polícia política, criminosa e sem compaixão dirigida pelo seu boneco “chefe de polícia” Felinto Müller, também de homens da gestapo (polícia secreta da Alemanha em território brasileiro) interrogando em nossos porões, os brasileiros que eram perseguidos e presos arbitrariamente, do envio de Olga Benário para o campo de concentração da Alemanha, ali falecendo, como resultado da cortesia do nosso” bondoso e carinhoso bom velhinho”.

          Fui crescendo e fui ajudando a derrubar das paredes os retratos de Vargas. Aliás, simplesmente isolado, nessa minha visionária e isolada luta, tive de ouvir em acaloradas discussões fanáticos varguistas defendê-lo e me ameaçar de todas as formas, apaixonados, fanatizados por serem muito mais ignorantes, pois uma das características mais marcantes dos ditadores é que são ostensivamente bem humorados e risonhos, e conseguem carrear simpatias e apoios incondicionais.

      Quem se recordar de um deles, um dos mais sanguinários, na figura de Médici, sabe do que estou falando. Já sequei os dedos, gastei muita tinta e papel, lábia e esforço, para que prefeitos, prefeituras e câmaras de vereadores retirassem os nomes de logradouros, de todos os ditadores e dos que serviram denodadamente, nomes dados por bajuladores de 1964 a 1985. Uns podres e imorais bajuladores desde o chefe de polícia do quarteirão até o mais aviltado industrial ou político. Covardões e coonestadores das vilanias dos ditadores que, ao final a história só consegue lhes conceder migalhas de desprezo e ódio. Luta em vão. Alguns declaravam que tinham receio de que um dia eu chegasse a ser uma alta autoridade. Diziam temer as consequências, mas jamais se dispuseram a remediar, retirando as honrarias desmerecidas concedidas por medo, oportunismo, vilania e bajulação inominável. Sim, merecem cadeia os que não desagravaram o Brasil depois da (re) democratização. Sempre tive verdadeira ojeriza, ódio figadal aos ditadores e serviçais das ditaduras, por terem sido teleguiados, egocêntricos, oportunistas e sanguessugas dos demais brasileiros perseguidos e desassistidos dos poderes ditatoriais, usufruindo imerecidamente, do suor dos brasileiros que tanto lutaram, sofreram e foram perseguidos pelos ideais de justiça e respeito, pelo sonho de terem e viverem numa pátria justa.

       Não posso entender, como a Argentina, ainda ontem, dia 12/03/2013 condenou os ex ditadores presidentes argentinos a prisões perpétuas enquanto nós não conseguimos botar um só general preso nem domiciliarmente. E tem gente que usufruiu dos crimes dos ditadores brasileiros para dizer que seria revanche e vingança. Mas, não apenas os militares, mas, muitos civis estão na surdina e foram tão ou mais criminosos quanto aqueles. Os cadáveres, os desaparecidos, os assassinados, os familiares que choram sem poder dignificar os seus, certamente não se acham uns vingativos.

        Ô Brasil até quando seremos o país da impunidade?

13/03/2013

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