Itiúba do nosso tempo era cheia de
coisas boas e inesquecíveis a exemplo do SERVIÇO
DE ALTO FALANTES – A VOZ DE ITIÚBA.
Funcionava num sobrado antigo. Seu
acesso se dava através de uma escada de madeira, íngreme, franqueada ao
público, fosse qual fosse a idade, durante todas as horas do dia. Velho, moço e
até criança podia adentrar as suas portas, sem segredos, para ver, na cabina do
locutor, o manuseio dos discos 78 rotações por minuto, verdadeiras
preciosidades da RCA Victor, as músicas chorosas, mas sempre atualizadas.
O tempo teima em retirar o me direito
de pensar e relembrar os dias idos. Porém, lembro-me de dois ou três locutores,
sendo um o Fernando Pinto de Carvalho, o outro,
salvo engano, seu irmão Hugo Pinto de
Carvalho, este,o moço de
cabelos negros e impecáveis, aquele topete chamado, no tempo, “maracanã”,
ostentantivo e chamativo, verdadeira obra da natureza em matéria de cabelo,
caprichosamente cuidados, fosse a que hora do dia, como se o Huguinho, apelido carinhoso do
moço, só tivesse tempo para cuidar e
pentear as suas madeixas, e o outro que o cérebro me permite, era o Isnar Barbosa, muito amigo dos
irmãos Carvalho.
Pensávamos que o serviço pertencesse
ao Humberto Pinto de Carvalho, então irmão dos dois
citados locutores. Anúncios, os mais variados, notícias de aniversários, de
viagens quem chegou quem partiu quem morreu, ofertas de lojas e serviços eram anunciadas
pelos estabelecimentos durante todo o dia.
O ponto mais alto era o anúncio dos
óbitos. Parece que os irmãos Carvalho retiravam muito da sua fonte de renda
daí, já que, a morte sempre foi uma tremenda vendedora. Durante as noites havia
bailes com rapazes e moças selecionadas. Mas não era uma coisa proibida se
alguém lá chegasse e dançasse.
Durante certo tempo enquanto minha escola, a Goes Calmon estava passando
por reformas, estudei muitos meses com a professora Ligia Carvalho. Bons tempos
em que o Serviço de alto Falantes a Voz de Itiúba vendia desde pentes a
brilhantina e vaselina perfumadas. E, quem não usou a indefectível vaselina e a
brilhantina?
Bons tempos, Inesquecíveis tempos.
Max B. Cirne é historiador - formado pela PUC do Rio de Janeiro e em
direito, pela UFBA.
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