Depois de lenta
e agoniada existência, encontra-se em fase terminal, no hospital dos inválidos,
depauperado, esgotado, exangue, profundamente enfraquecido, muito pouco
lembrado e muito menos agradecido, um senhor de poucos dias.
Ano passado sua
chegada ansiosamente esperada e desejada, foi recepcionada por milhares de
pessoas ávidas e preocupadas com o passado e o futuro se acotovelava, orava,
rezava, fazia mandingas, feitiçarias e bruxarias para esperar a sua festejada
chegada.
Embora esta
nota de falecimento esteja sendo redigida na véspera da sua morte, seu autor,
sabe e tem a certeza, quase absoluta que
se findará, encontrando-se na unidade de tratamento intensivo, batimentos
cardíacos mínimos e quase imperceptíveis, feições depauperadas e ausência de
pessoas que permaneçam fielmente à sua cabeceira na lenta e agoniada transposição para o outro lado dos
mortos.Segundo os médicos é só questão de pouco tempo.
Embora
moribundo e irremediavelmente enfermo, não responde aos estímulos, porém pode
ser sentido, nos olhos tristes, uma nesga de despedida sem festa e com muito
desprezo. Mulheres procuram vestirem-se com roupas íntimas de cores,
feiticeiros, prognosticam como se capazes fossem de prever o futuro, falsos
videntes mentirosos e sorrateiros fazem predições destituídas do mínimo de
veracidade, feiticeiros e feiticeiras infestam e emporcalham as praias levando
garrafas de espumantes, flores e perfumes de qualidade duvidosa, pessoas se
acotovelam nas praias e nas orlas para assistirem a queima desperdiçam milhões de toneladas de fogos dos impostos,
deixam as pessoas na maioria supersticiosas de comer certas iguarias como perus
e galinhas, porque dizem que esses animais ciscam para trás e, o ano que chega
não pode ser de atraso pessoas desejaram e almejam bolsos cheios de dinheiro,
cantam ao ano novo que se aproxima, se embebedam., se matam de cachaça no
trânsito e nas estradas, abandonam familiares à própria sorte, muitos atiram e
esfaqueiam uns e outros, hospitais ficarão abarrotados, a morte fará seu
banquete, também junto as pessoas e, com o mesmo ano velho que se finda,
recepcionarão o ano novo que chega, trocando na mais deslavada ignorância
promessas que se repetem, destituídas de veracidade e de vãs frivolidades. O quase
extinto ano de 2012 não será
chorado, mas muitos se esquecerão de que deveriam agradecer ao Senhor pelas
experiências, conquistas e derrotas da vida como experiência da vida.
É,
voluvelmente as pessoas se despedirão com cara de fastígio, não se lembrarão
das conquistas que tiveram e apenas desprezarão o ano que se finda. O ano novo
aparecerá e Serpa festejado na madrugada, reinará nos primeiros dias com as
promessas feitas, mas, terá ao cabo dos seus 365 anos, quando muito 366,
passará pela repetição do esquecimento e do desprezo das pessoas que darão ao
jovem 2013, no final, mais precisamente em dezembro, o desprezo repetitivo.
Max Brandão Cirne 31/12/2012
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