Com a idade e a aposentadoria a
ociosidade se torna um fato e uma realidade. Então, rememoramos os
acontecimentos vividos e experimentados, desde a infância até os dias atuais. É
muito bom recordar.
Ultimamente as recordações dizem muito
da minha infância em Itiúba. Primeiro, a escola Goes Calmon onde ingressei com
sete anos e oito meses. Naquele tempo o aluno só era admitido a estudar aos
sete anos. Ora, minha data de nascimento é do mês de junho, então, conclui que
eu só pude ser matriculado no ano seguinte.
Pois bem, as recordações indicam que li muitos clássicos quando
completei nove anos. A escola distribuía livros que os alunos levavam para casa
com prazo certo e determinado para devolvê-los. Assim li, na infância tenra,
clássicos como os de Monteiro Lobato. Depois, lembro que li Miguel de Cervantes
e jamais esqueci. Antes de completar o primário já havia lido, entre doze e
treze anos, todas as obras de José de Alencar. Aos quatorze li obras densas que
poucos intelectuais, mesmo na atualidade, leram. Semanalmente lia a revista “O
Cruzeiro” e só após meu pai a lia. Depois veio “Manchete”,
As recordações me levam a um livro de
Felisberto de Carvalho, do 3º ano, não adotado pela escola, mas do passado, uma
vez que meu pai considerava que eu podia ler coisas mais alentadas.
Na Escola Primária e pública não tinha
palmatória, mas sim, “reguadas doces” e maravilhosas. Um dia na semana meu pai
me levava ao dentista juntamente aos meus irmãos, e sob as pedaladas do
dentista “Totonho”, carona vermelha, homem bonachão que cuidava de caries e dentes com
pouco estrago, já que não consumíamos nada além da puxa-puxa, da gengibirra e
outras guloseimas sem acidulantes e outros venenos da atualidade, feitos a base
de rapadura do São Francisco. Maravilha!
Fazíamos cinco anos só de escola
primária. Depois, para termos acesso ao ginásio, enfrentávamos uma coisa
chamada de Exame de Admissão ao Ginásio. Após, fazíamos três anos de científico
ou clássico quando terminados, podíamos nos aventurar no vestibular. Bons
tempos!
Palmatória da pesada ficava para a escola particular (naquele tempo era
assim mesmo e não reforço, ora, ora), e era durante a semana inteira, com
castigos sobre milho e feijão, ajoelhados. As sabatinas ameaçadoras entre
alunos sob a supervisão dos professores eram da essência. Bolos não quebravam
mãos nem pés, não nos tornavam revoltados, e o melhor de tudo é que até a
velhice não esquecemos professores como Juju
irmã do lojista Josias, e compadre do meu pai, e, Sinhozinho, todos particulares e saudosos. Não tínhamos revoltas
contra os professores, isso acontecia em turnos opostos, dentro da maior
respeitabilidade. As professoras particulares se incumbiam de repassar as aulas
da escola pública, tudo com denodo, carinho e amor profundo, dedicação de
manter a fama de bons educadores. Tempos
saudosos e bons...
E hoje a escola ó... Invertida,
professores apanham e são esfaqueados por alunos... “vixe”, “crendeuspai”
08/01/2013
Max Brandão Cirne é advogado e
historiador.
ursosollitario. blogspot.com
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