É um tema que costumo
falar com muita delicadeza embora no primeiro momento pareça grosseiro. No entanto,
examinado pela ótica da sociologia- a prostituição é uma realidade através dos
séculos- não apenas era estimulada pelas autoridades, como era a prostituição
considerada necessária, evitando o avanço da rapaziadas sobre as “moças de
família” e contendora das ameaças às “donzelas
casadoiras”chegando até ao ponto de muitos afirmarem ter sido a “mais antiga profissão do mundo”, o que
discordo ser uma profissão, merecendo algumas reflexões, resgatando as mulheres que
por variadas razões chegaram ou foram prostitutas.
Aliás, sobre a
temática da prostituição, merece referencia a excelente monografia escrita por
minha filha Dianayara dos Santos Cirne – intitulada “GLAMOUR E DECADENCIA DA
LADEIRA DA MONTANHA”. 2004 -Tese de Colação de Grau e Especialização,
Universidade do Estado da Bahia –UNEB –Departamento de Ciências Humanas e
Letras Campus V.
O registro mais
antigo que se faz da prostituição encontra-se na Mesopotâmia, mais precisamente
perante o Império Assírio, e se refere desde a época do início da civilização
Camita, cujas observações da sua “profissão”
obrigavam-nas a usarem um longo e pesado véu cobrindo desde a cabeça até o
peito, assim como elas estavam obrigadas ao corte de cabelos curtos, quando não
raspados, a usarem vestes absolutamente identificadoras para que as “pessoas de bem” não cometessem, em
especial os seus usuários, qualquer dúvida a respeito das senhoras recatadas.
Porém, não
quero falar de antiguidades prostitutas, mas das modernas e não tão atuais, a
exemplo das “putas” fossem novas ou
velhas, e, que tanto fizeram parte das vidas dos jovens da minha geração. Eram
apelidadas de várias maneiras. “Putas”,
sendo o mais comum; “prostituta”,
bastante usado pelas senhoras quando a elas faziam referencia; “vadias”, não muito usual; “rameiras” pouquíssimo usado; sendo o
indefectível “mulheres –de- vida-facil”
o mais comum e conhecido.
Hoje a coisa
ficou mais sofisticada. Elas mantém hospedados “sítios” nas redes de computador
com preços e exposição de corpos, condições e circunstâncias, para expor em
poses sensuais e estudadas, explicar e expor um mesmo fenômeno. Outras desfilam
com homens endinheirados pelas baladas, pelas festas sociais, ainda outras são
as indefectíveis “acompanhantes”, trocando
alimentação por badalação social. Talvez “garota
de programa”, muitas que afirmam serem possuidoras de patrimônios fabulosos,
segundo dizem, graças aos “programas”,algumas
se tornam artistas de cinema e atrizes de novelas de televisão.
Já existiram
prostitutas que foram mulheres de papas, amantes de reis e não foram poucas as
que se transformaram em rainhas. Que saibamos muitas se tonaram espiãs, amantes
de presidentes e poderosos, mas sem perderem condição de rameiras, outras
receberam comendas e agradecimentos.
A velha fórmula continua a mesma. A mulher é paga pelos
necessitados e “abafados” se trancam
num quarto e começam a fazer “aquilo”;
“naquilo”, como todo e qualquer mortal da vida. Resumindo: tudo termina num
quarto qualquer da vida.
Entretanto, se
trata aqui, de uma homenagem, ainda
que tardia devida à velha e quase sepultada, para não dizer esquecida “puta” da minha e da sua
existência de adolescente. Ela funcionava como quebra-galho dos sem dinheiro,
dos rapazolas e dos despossuídos, e, não foram poucas às vezes em que elas “financiaram as atividades dos arroubos
juvenis, deixando “fiado” para receberem, normalmente “as sextas-feiras”, exatamente véspera da feira lá
nos sertões. Tinha aquelas que confiavam e deixavam a rapaziada “desafogar”, e “afogar” ainda que fiado, com a promessa de receberem até a sexta. Era
o “nunca mais”
Tinham os
malandros que batiam em portas cerradas nas madrugadas, diziam modulando as
vozes, à luz rubra e mortiça dos fifós sertanejos, nomes absolutamente errados,
porém propositais desgraçando para sempre as vidas de amigos e irmãos, entravam
furtivamente ludibriando a confiança da pobre da “puta”; fazia o “serviço”,
ficava fiado, mas terminava dando o “virote”,
passando o “calote” e assim
desgraçavam as vidas dos que lhe seguiam desavisadamente os passos.
Outro dia num desses
programas de televisão; duas moças, de fino trato, se declaravam e se diziam “garotas de programa” e que saíam com
homens que lhe pagavam até trinta mil para ter um só programa. Quem sou eu para
discutir? Outras se diziam universitárias outras em final de curso de
faculdade, outra, que era casada, outra, que era noiva e assim sucessivamente.
No meu tempo
que se esconde na bruma imperdoável da existência as “putas”, eram pobres e comuns seres mortais assustadas e assombradas
com as ameaças das senhoras casadas, como se dizia. Coitadas! Não podiam seque
ir ao açougue antes de certo horário, bem como não podiam permanecer sobre a
mesma calçada que alguma senhora, nem
levantavam as cabeças quando saíam as ruas. Coisas da vida.
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