Era um homem completamente
esquelético. Os braços desafiavam a lógica por não possuírem músculos. Tentava
ser simpático com as crianças. Naqueles tempos não existia muito essa coisa de
pedofilia, de modo que os mais velhos brincavam com as crianças e nós
confiávamos nelas.
Ele morava na casa aonde nasci na Rua
do Alto, numa esquina, e que hoje pertence a uma minha irmã, também nascida lá
na mesma casa. No tempo, pertencia ao senhor Antonio Castro comerciante da
cidade.
O Vavá-Bom-no-Pó apareceu em Itiúba,
do nada. Diziam ter vindo da capital do Salvador e era envolvido com
feitiçarias e adivinhações. Parecia um ser macabro. Havia muito mistério.
Chamava a nossa atenção por ter o cuidado de distribuir balas de confeitos com
a meninada, entre as quais o escriba, relatador da história. Era uma festa.
Mas, não entrávamos na casa de modo e forma alguma. As crianças são precavidas
e, mesmo na infância inocente tomávamos algumas precauções.
Como se dizia, pé na frente, um pé atrás. E pronto.
Dificilmente avistávamos as pessoas
que lá moravam. Eram pessoas taciturnas e cheias de segredos daí todos
atribuírem que vivia de fazer feitiços e bruxarias, evitavam serem vistas e não
faziam amizades com a vizinhança, as pessoas diziam que atrás da porta da casa
tinha uma negra de cera com um toco amarrado à cabeça. O universo infantil é
deveras farto.
Eles sumiram como apareceram. Alguns diziam que eram ladrões, pois
ninguém nunca os viu trabalhando embora viajassem sempre de trem em idas e
vindas que se dizia e se acreditasse fosse para a Capital. Eles se escafederam
e nunca mais se ouviu falar deles.
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