Essa história é dividida em dois atos, sendo de todos os idosos de
Itiúba conhecida, pelo menos, os mais antigos. Se passou na cidade de Itiúba semiárido
baiano e serve como libelo acusatório à impiedade e a maldade das pessoas,
devendo ser vista como aviso aos incrédulos e aos que não acreditam na justiça
superior.
Numa casa que ficava situada no pasto
da fazenda do senhor Valadares, imediações da cidade, rico comerciante hospedou
uma prostituta em casa recanteada e secreta, em troca de favores sexuais. Era
uma bela mulher. Chamemos o homem pelas inicias V. P. E a esposa ciumenta e irascível, D.
Comerciante casado foi descoberto o
ninho de amor. A esposa chamou um jagunço da cidade que lá existiram muitos e,
sob pagamento, para que desse uma surra na mulher e em seguida lhe aplicasse um banho de fezes humanas.
Dia aprazado o jagunço compareceu na
calada da madrugada à casa da pobre mulher, conseguindo, sob artifícios,
adentrar a intimidade da humilde casa. Primeiro, aplicou-lhe uma surra desumana
sob todos os aspectos e, em seguida, derramou sobre a cabeça da desafortunada alguns
recipientes que tinha preparado adredemente, de fezes humanas, apanhadas numa cloaca
imunda das imediações, líquido nauseabundo e pegajoso, deixando em seguida a
casa da pobre e desafortunada mulher.
Justiça não se lhe fez. Era uma pobre
brasileira órfã da justiça dos homens. Acobertou-se o crime nauseabundo e
hediondo. A mulher retirou-se para Salvador nunca mais tendo retornado à cidade
da sua infelicidade que a conspurcara de vergonhas.
Segundo
ato. Algum tempo depois, o jagunço enlouqueceu na mesma cidade. Ninguém
nunca soube ou o viu tomar um banho de água. Porém, não resistia a espojar-se
sobre fezes humanas onde quer que as encontrasse, sujando-se da cabeça aos pés,
morrendo nessa condição de louco sob a mais infame a abjeta miséria humana,
fatos assistidos e testemunhados pelas pessoas da cidade.
Parentes da desafortunada mulher que
chegavam do Salvador, apenas informavam que na capital “o sapo estava sendo costurado a boca ,e, o troco do malvado homem
estava sendo providenciado”. Acredita-se que fizeram bruxarias para
o jagunço.
A mulher, lá em Salvador, terminou
por casar dando luz a uma menina que se tornou uma das mulheres mais belas que,
por ironia da vida, veio a casar-se com um cidadão de Itiúba. Era de uma beleza
estonteante que refletia o que a sua mãe houvera sido. Não dou o nome para
preservar imagens.
Antes de dar um banho de fezes no
próximo, melhor seria olharmos para dentro de nós mesmos. Abaixo do céu e acima
da terra, certamente existem coisas que a nossa vã filosofia é incapaz de
explicar.
Nem tudo que pensamos, sabemos!
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