Pode-se
afirmar que foi uma bela e pungente experiência. Na sala da OAB no Fórum Ruy
Barbosa, em Salvador, um quase menino atendia pessoas necessitadas como parte
do seu aprendizado e exigências da Ordem dos Advogados do Brasil. De repente,
adentra uma jovem senhora conhecida da Ribeira, e começa a explanar e a pedir,
quase que implorando alguém que fosse atender os leprosos em Águas Claras. Ela
era uma funcionária da instituição, cheia de abnegação. O meu auxílio era
absolutamente gratuito e desprendido.
Não sei o que
deu em mim. Aceitei e passei a prestar assistência àquelas pessoas ali
confinadas com suas enfermidades, e sentia uma recompensa invisível, alegria e
felicidade, mesmo diante de rostos e membros desfigurados, porém cheios de educação
e cuidados para conosco, muito mais do que tínhamos com eles, chegava a ser
constrangedor os cuidados que eles demonstravam, como se fosse possível pegar a
doença, de modo que se sentavam sempre a favor do vento, bem como distantes
prudentemente, e, jamais pegavam em nossas mãos e até nos admoestavam com
cuidados.
A equipe
médica e administrativa era composta de jovens idealistas e esperançosos da
cura, falando com o mais profundo entusiasmo e orgulho do que faziam. Íamos
pela manhã e voltávamos por volta da tarde em uma Kombi, todos apertados.
Prestei assistência jurídica tentando resolver questões daquelas pessoas
segregadas e afastadas do convívio social e familiar, mas que não perderam suas
cidadanias, até o final do ano, quando terminou o meu estágio profissional.
Foi muito
gratificante, e, passados quase quarenta anos não consigo apagar aquelas
pessoas do meu consciente, muito agradecido por ter contribuído de alguma forma
com pessoas absolutamente necessitadas.
Meus parabéns
e minhas saudades aquele pessoal todo sem exceções.
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