Quem viveu em Itiúba sabe muito bem
quem foi o “Queixinho”. Malandro assumido, “bom vivant”, jamais alguém soube
ter ele exercido alguma função, desenvolvido um trabalho ou desprendido uma só
gota de suor para ganhar o pão nosso de cada dia.
Exímio jogador de sinuca, jogador de
baralho e compulsivo malandro vinte e quatro horas, Queixinho era o protótipo
do desocupado que fugia do trabalho como o diabo foge da cruz.
Sabia fazer alguns truques de mágicas
baratas como aquele de transformar papel em dinheiro. Cachacista juramentado,
raramente era visto de cara limpa. Exercia as funções de “prendedor de louco”,
toda vez que era solicitado pelo delegado e pelo soldado Zé de Souza,
especialmente quando era para prender o louco Cassiano, negrão da tapera, que não
respeitava, na sua loucura, a ninguém. Obedecia ao Queixinho como se fosse uma
criancinha, deixando-se conduzir até o xadrez local.
Muitas vezes o Queixinho era preso por
arruaças e pequenos delitos. Como era um prestidigitador exímio, tão logo era
preso, aparecia na cidade. Levava o cadeado do xadrez para mostrar a cidade. Um
assombro. Xadrez nenhum o segurava. Pelo menos o de Itiúba. Todos diziam que o
queixinho “tinha pauta com o demo”.
Desavenças com certa família levou a
que retalhassem o Queixinho a facão, bem alí na frente do Bar Central do senhor
Carlos Pires. Escapou. Dizia-se que haviam lhe quebrado “a pauta e que sua
madrinha catimbozeira” o havia esquecido e o desprotegido.
Queixinho foi morar em Serrinha,
cidade próxima. Vi-o poucas vezes, mas nem de longe se parecia com aquele
malandro com certo romantismo dos meus tempos de criança. Apenas um homem que
se lamentava da vida perdida e malbaratada que tivera. Nunca mais retornou para
Itiúba.
Os malandros não são eternos.
EMBRE-SE:
ANULE SEMPRE SEU VOTO.
Max
Brandão Cirne (75)8803-1829
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