Semana passada certo canal de televisão apresentou o tema das crianças
nascidas em casa. Evidentemente existem correntes prós e contra.
Eu nasci em casa. Ou seja, mamãe não foi levada ao hospital. Naquele
tempo a gente nascia era mesmo em casa. As mãos calejadas das parteiras
aplicavam a primeira palmada no bumbum. O choro, o anúncio, o banho da mãe e do
filho e depois aquele foguetório. Os irmãozinhos e vizinhos eram convidados a
conhecerem ali mesmo, o novo parente.
Todos da minha geração dos “sessenta e alguns” assim nasceram. É. O
cabra vinha ao mundo entre quentes paredes de um lar aconchegado, protegido
pelos pais orgulhosos.
Assim nasceu o Max e mais uns doze irmãos pelas mãos de “Mãe Teodora”,
velha e afável parteira de fala grossa, atarefada entre partos e parturientes. Assim
nasceram milhares de outros da mesma geração.
Não nascemos entre as paredes frias, gélidas e impessoais dos hospitais
e das maternidades, assim como não recebiam as crianças, mamadeiras de
vaselina, nem tínhamos leite injetado nas veias como fazem algumas enfermeiras
atualmente, não nos deixávamos cair dos berços nem éramos trocados como bibelôs.
A amável parteira dava o primeiro banho e ensinava a mamãe os primeiros
cuidados. Quem é da geração dos “sessenta e uns” sabe o valor e o que
representa.
Minha mãe, misteriosamente, tornou-se uma parteira muito famosa,
realizou mais de dezoito mil partos, vinha gente do exterior para ter seus
filhos por suas mãos. Possivelmente até a década de 80 todos os itiubenses
nasceram por suas mãos ou grande e esmagadora maioria deles. Chamávamos-nos de
irmãos e às parteiras chamávamos de “Mãe”.
Coincidência ou não, existiam menos bandidos, corruptos e boiolas
praticamente não existiam, lésbicas, idem, ladrões, raramente, políticos não
roubavam nem desmoralizavam nem roubavam, a criminalidade era mínima.
Mais tarde, quando casei, tive de importar uma parteira, velha
“aparadeira” que sabia muito mais do que muito “obstetra de renome”, para outra
cidade, para assistir à minha primeira filha. Na segunda, como a parteira não
pode vir, peguei a mulher, mala e cuia, e fui ao encontro dela lá nos sertões
da Bahia aonde nasceu a minha segunda filhona. Já o rapaz, meu filho, nasceu
num leito de hospital. Os médios desconheciam contagem de tempo e sinais de
parição, de sorte que deixaram o menino na barriga da mãe por quase oito dias,
tendo nascido com sequelas.
Não somos contra as transformações nem o avanço da medicina. Só fico
tiririca quando ouço de médicos pretendendo impor sua tirania proibindo que
mulheres possam escolher parir em suas casas.
Pena que as parteiras estejam em extinção. Também proibiram tudo... Hoje
a acusação de falsa medicina é corrente mesmo para um simples chá. Mas deve-se
defender o direito das mães terem e escolherem que seus filhos venham ao mundo
dentro do aconchego de um lar, entre o burburinho de outros irmãozinhos na
expectativa, na segurança de quentes paredes revestidas com o carinho e o amor
que as paredes dos hospitais e maternidades, sem contar as imundícies, não
permitem.
LEMBREM-SE: NADA DE VOTAR. ANULE SEU
VOTO.
Max Brandão Cirne (75)8803-1829
Eu posso falar da prática de nascer em casa, pois minha mãe me pariu em casa, e quase morreu, minha avó, parteira renomada, experiente percebeu que minha mãe estava tendo hemorragia e a socorreu de forma adequada. O grande perígo agora são as dolas, que com a desculpa de esperar a hora natural tem deixado bebes morrerem asfixiados pelo cordão umbiical, mulheres que não tem abertura, diatação para pari o bebê e aí em pleno século XXI temos um alto indíce de natmorto e mães morrendo de parto. Pari com parteira, com experiência e humildade para reconhecer quando o " natural" não está dando certo é uma coisa, agora fazer uma mãe passar horas sentindo dor, ouvindo música e dentro de banheiras dizendo que está fazendo parto humanizado é algo para se pensar com muito cuidado. A vida tem grande valor.
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