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segunda-feira, 20 de junho de 2011

VELHO NÉ E O LOBISOMEM - PARTE II

Esaú deflorara a filha sem dó nem piedade, sem resquícios de civilidade, projetando dentro de si a sua monstruosidade onde a ausência fatal de moralidade atestava seu hediondo crime. Alimentado o seu ego animalesco e bestial, a criatura jogara a própria filha na maldição, condenara à desdita e amancebara-se com a bela e farta Isaltina.
Assim mantida as relações incestuosa, encontrando na miséria solo fértil para desenvolver-se, foi crescendo mal disfarçado, gerando na cabeça de todos, aquilo que as loucuras morais podem fazer.
Entre os afazeres de cuidar da casa ajudando a mãe, Isaltina e os pendores de uma mulher bonita, as relações pecaminosas de Isaltina foram aumentando entre os rapazes, enquanto, e, vez em quando, Esaú mantinha suas relações incestuosas com a filha. Os homens não queriam nem um dedo de prosa, a sociedade moral o reprovava, embora apenso na surdina se comentassem os acontecimentos, desbragrando-se Isaltina descaradamente para os lados do padre que fizer sua, satisfazendo seus embatinados pecados, cometendo toda sorte de licenciosidades consentidas pela Cúria Romana.
A rapariga era para usar vestis os mais vistosos, namorar com vários homens, ao mesmo tempo, mas, até os seus dezessete anos, ainda era incubada, ou seja, nem todos sabiam da sua infelicidade. Ela, encontrando nos seus genes e gametos a marca a devassidão não possuía e nem demonstrava qualquer pudicícia, nem rasgo de arrependimento, fazendo a cabeça dos rapazes e homens maduros de todas as idades.
Lançada à sarjeta pelo pai fora aconselhada a procura um homem, já que o infeliz não suportava insistentes olhares da sociedade. A infeliz “viciada” negara-se, fizera-se toda beicinho, jogara-se sobre os braços do pai, chorava e esperneava porque não gostava da ideia de viver e se dar a outro.
Chispito era um rapaz moderado educado e fino cheio de cabelos lisos penteados para trás. Bem verdade não tinha estudos, era semi- analfabeto, porém possuía uma profissão de marceneiro construindo somente sob encomendas para uma clientela crescente e da mais alta categoria. Tornaram-se famosas as finas cristaleiras que construiria com desenhos e arabescos, além de guarda-roupas de jacarandá e sucupira, camas e mesas além de cadeiras, dali tirando o sustento bem com da sua bondosa mãe, mulher prendada, sendo ainda possuidor de um comportamento irrepreensível e modelar, vivendo da sua casa para o trabalho, exemplo de rapaz muito bem apessoado e delicado, acima de tudo, amigo de todos.
O casamento foi maçado para o fim o ano. A noiva cínica, grinalda e flor de laranjeiras à cabeça, bebera e enchera a cara, terminando por vomitar na sala onde estavam os vizinhos e amigos do casal sujando o alvo vestido e dizendo impropérios que fazia e escandaliza os convivas. Já aí, Isaltina demonstrava a ausência de moralidade quando descrevia os homens com quem tivera relações numa ausência de pudor que maçaria de vergonha a face de Chispito. Entretanto como e ainda uma semi menina, as mais velhas mandavam que ela, Isaltina, tomasse vergonha e parasse com aquelas conversas escandalosas e em púbico, servindo apenas para aumentar em Isaltina aquele desejo incontido e desavergonhado de fazer com que os outros se sentissem inibidos. Lua de mel humilde, na casinha que se tornara mais tarde famosa, vivendo o casal só Deus sabe como, até que nasceu o último filho a que apelidaram de Quitinho. Na verdade estamos adiantando. Tiveram três filhos. Uma menina e dois meninos.
Continuou o bom homem a desenvolver suas atividades e, por algum tempo, se peava que a infeliz havia pegado juízo. Pois se tornara irrepreensível seu procedimento social, embora mais tare se descobrisse que um dos filhos, exatamente o Quitinho, teria sido produto das suas relações incestuosas com o velho Esaú.
Ao cabo de oito anos, três filhos e alguns abortos, Isaltina resolvera separa-se do marido sob a acusação de que o homem não tinha um membro grande e descomunal como aqueles a que estava acostumada e assim partia francamente para uma vida muito mais devassa, agora como uma mulher casada civilmente, aboletando-se no Cabaré de Letinha onde fazia sexo em qualquer lugar desde que seu parceiro pedisse-a ou a solicitasse. O retrato de Isaltina era a de uma deusa do sexo, cuja ocupação marcaria tantas vidas que ao seu redor gravitavam.
Mais tarde resolve amaziar-se, embora já um tanto gasta pelo tempo com o “seo” Pedro , tendo havido comes e bebes, já aí, na casa do pai e velho Esaú. Na noite do casamento a ninfomaníaca é flagrada aos beijos e agarramentos além de chupões com certo cidadão, bem ali na frente e diante dos cornos “seo” Pedro, que alma caridosa resolveu não contar na hora, tendo obrigado o homem levá-la de volta para a casa do pai,sendo entregue aquele dizendo que na podia continuar com uma puta, ao que o velho Esaú cinicamente orientou que a matasse, com impropérios em que a chamava de cadela, ao mesmo tempo em que lhe dava uma espingarda socadeira. Seo Pedro, homem velho e alquebrado, de profissão muito humilde, apaixonara-se pela Isaltina que estava uma mulher ainda na plenitude da maturidade sexual, embora perdida alguma coisa, a beleza que possuíra. O tempo, velho implacável sem perdão não poupara também aquela mulher com tanta sede de viver, embora sem medir consequencias, nem atinar para a sociedade. Que se danasse. Alimentava-se a “mula-de-padre ” das sobras que destino lhe deixava, cedendo ao infeliz pai, todas as vezes quando solicitada.
Menos de vinte e quatro horas durou o casamento com o seo Pedro.
O espojeiro dos jumentos no pasto de Dona Zifinha recebia, por toda a semana, uma arisca mula-de-padre que lá ia se espojar, saindo em seguida, arrombando cercas e arames a procura de jumentos e burros num eterno cio, num interminável cruza,mento de bicho, na satisfação bestial dos apetite que a carne amaldiçoada e transformada em “mulinha” pedia, como praga, já agora por ser não apenas amante do pai de quem nunca se desgrudara do incesto, nem do padre Eutiquíco que a refinara na pecaminosa relação, ensinando-lhe todas as maneiras de alcançar a satisfação física, pois dizia-se que Padre Eutiquíco era um incorrigível amante escondido sob a batina preta.
Zé Perninha atestou num sábado que vindo na sexta-feira da paixão para a feira da cidade, seu jerico foi importunado por uma mulinha desde o Grotão até o portão da Fazenda do Estado “suspendendo e rebaixando o rabo, zurrando e mijando”, como se quisesse, a todo custo, aproximar-se o seu jumento em que estava montado, tudo descrevendo o bom homem que mais parecia uma mulher se oferecendo, ao tempo em que olhava a mulinha para ele e seu animal como se tivesse alma. Zé Perninha esgotara seus ofícios, suas Ave-Marias e seus Padres-nossos”. Atestava com conhecimento e convicção que havia se separado com a Mula-de-padre, não lhe restando nenhuma dúvida, sendo confirmado pelas informações, pelo Paôco que na noite anterior estivera no Bonfim onde ouvira histórias de pessoas da cidade atestando da rapidez da mulinha e do impulso que dava, num trote seguro e firme, e que, ao chegar no Cariacá três vaqueiros tentaram aprisioná-la sem sucesso, vistoso animal sem que, contudo seus cavalos conseguissem alcança-a, muito embora cavalos campeiros famosos e vaqueiros os mais experimentados correndo a notícia o misterioso animal em muitas cercanias que outra coisa não poderia ser senão artes do demônio, porque não era possível uma criatura de Deus estar em tantas partes em tão pouco tempo.
Pedro-da-Onça velho e experimentado caçador, havia estado naquele mesmo dia no Pé-de-Serra, lá pras bandas de Camandaroba e notara que as armadilhas para as onças estavam todas desarmadas, coisa incrível, que só poderia ser mesmo coisa do “Tinhoso”. A mula-de-padre estava naqueles sítios cumprindo a sua triste sina, todos conheciam e sabiam quem poderia Sr, mas ninguém tinha coragem de quebrar os seus encantos, necessitando, ao demais, um padre de vida regrada e contrito a Deus, pois o animal só podia perder seu encanto através do desencantamento, muito reza e muito terço e, logo no dizer do Caboclo- do- Grotão, só mesmo um padre de outra freguesia e que chamasse pelas sangrentas chagas de Jesus Cristo, contanto que na fosse o “descarado do padre Eutiquíco que tanto colaborara para a danação da coitada da Isaltina.
Por esse tempo velho Esaú ficara viúvo, e, achando que já era tempo e arrumar uma mulher com quem s casaria, uma vez que o padre, unindo confissão teológica à confissão das carnalidade dos bacanais, senhor de Isaltina, dominador egoísta, impusera que a danada da Isaltina abandonasse ao seu pai, assim os dois iriam virar bicho nas “semanas santas”, estando já sua vidas irremediavelmente condenadas à eternidade de sofrimento e danação nas profundas dos infernos, possuídos pelo demo. O que o padre não sabia era que Esaú já era um “bicho” que nas semanas santas se transformava, também, em mulo, dirigindo-se para os espojeiros dos animais, nas malhadas, tendo sido reconhecido quando dando urros medonhos, aquele enorme jumento cobria a fêmea. As almas sofriam desde muito tempo deixando a vizinhança entre paredes, todos receosos de serem alcançados pelos monstros da semana santa.
Esaú arranjara uma mulher e casa-se na igreja perto de cidade de Senhor do Bonfim, uma vez que lá ninguém conhecia a sua vida, sendo fato que, na sua cidade, dificilmente o padre o deixaria sequer entrar na igreja.Do consórcio geraria dois filhos horríveis, sendo uma menina e um menino, brancos como cera de vela, próprio dos seres não bafejados pelos sol, cuja pigmentação ia do amarelo ao branco sem via. A mulher logo se acostumara às revelações de Esaú que por sua vez não encontrava satisfações nesta a quem fala das dificuldades de relacionamentos sexuais com a esposa, por isso mesmo precisava estar com Isaltina. .
Será necessário para completar o relato dizer que Esaú era um homem de pênis avantajado, famoso e conhecido na região como se um jumento, tanto em cumprimento quanto em espessura, não tendo sido poucas às vezes em que as “mulheres damas” experimentaram o senegalês e ficaram literalmente “frouxas” e sangrando, dado `s proporções e dimensões descomunais daquele membro em ereção. Gebara tivera uma experiência sendo necessário seu internamento em casa de saúde até restabelecer-se, desaparecendo do “puteiro” local porque homem nenhum encontrava mais nada, pois dizia-se até ter retirado o útero provocado por estocadas de um animal irracional. Esaú preferia, é certo, fazer amor se assim se pode falar, com as lamparinas apagadas, sempre envolto em uma capa colonial espessa, não tirando a roupa na vista das mulheres, enquanto todas juravam que as costas do homem era cabeluda e com fios de mais de quinze centímetros, conforme aquilatavam pelas apalpadelas sendo que ele as possuía invariavelmente de costas, na posição animal, de quatro, jamais as “damas” repetindo em qualquer circunstâncias, a triste experiência.
Os segredos de um homem que esconde em si as maldições dos seus pecados, não poderiam ficar impunes por tanto tempo, sendo Isaltina a única que possuía calibre, porque fogo atrai fogo, animal, atrai animal. Transcorrendo a fatalidade, nada mais restava aos “bichos” senão a danação eterna. Ninguém segurava as mãos de Esaú. Ninguém lhe dava um bom dia ou boa tarde, ninguém comprava coisa com coisa em suas mãos, evitando tanto quanto possível o contato, pois o casal havia entrado num estágio de completo abandono e cegueira, onde a moral e os bons costumes eram coisas de atrasados, não mais tomavam mais cuidados de si, nem de serem vistos nas posições mais comprometedoras ou nos caminhos do roçado da Serra o Cruzeiro ou na pequena roça da Serra do Encantado tendo o velho Ademir, certa feita, proibido até o infeliz de ir na sua fazenda, ainda que fosse para quebra e apanhar lenha, quanto mais penetrar e plantar os pés em seus domínios.
Era comum o “Couro” arrebentar no lajedão do encantado, estrugindo o barulho danado, alguns afirmando tratar-se, em verdade, dos monstros em colóquio amoroso, rolando por sobre as pedras, urrando e se arranhando, no torpor da carne adormecida agora desperta, mas adormecida de sãos sentimentos, porque caso perdido era, não havendo mais salvação, senão a da morte física, porque espiritual já havia ocorrido o desenlace, órfãos do bondoso Deus que já os havia abandonado e condenado.
Os pais procuravam evitar que os filhos fossem à casa de Esaú, sobrando-lhe fama, mas reconheciam que animal que descarava com a própria filha, certamente não era digno da menor confiança, estando passível de violência sexual em quem quer que seus apetites de besta humana, besta fera, entendessem. A mulher de Esaú, a que lhe dera duas horríveis criaturas como filhos, acostumara com a situação. Porém, abertamente chamava a Esaú e a Isaltina de descarados, sem vergonhas e outros impropérios, não fazendo a menor cerimônia, muito menos segredos das relações com seu marido, amalgamada ao ambiente de luxuria e pecado, ela mesma tornando-se ninfomaníaca dos apetites de Esaú.
Queixinho – famoso malandro das quebradas, brigara no sábado, às três horas da madrugada com dois outros, de nome Escurinho e Saco-Furado, na disputa pelos amores de Isaltina. Deu-se que, estando numa casinha na roa de Sinval, num Cabaré onde todos dançavam nus, Isaltina caira para os lados de queixinho, malandro bem arrumado e com dinheiro no bolso, mágico amador de grandes possibilidades, convidara Isaltina para fazer par com ele durante toa a noite. A ordem era que ninguém poderia ter elações sexuais no meio o salão, tendo os casais que o desejassem e afastar-se da pista de anca que era chão batido, ocupando um quarto miserável ao lado da sala, sendo a renda destinada à compra de cachaça distribuída entre os mesmos convivas. O facão comeu solto. Escurinho, caboclo zangado, bom de facão e Saco-Furado, exímio na faca peixeira, zangaram-se entre si, correram as mãos nas armas e a desta espalhou. Queixinho malandro vivo e sabido não brigava senão empalmando um soco inglês, ao tempo em que se valia das suas pernas, pois era exímio capoeira.
Ninguém sairia ferido, porém Escurinho levou um soco no queixo e saco-Furado teve de correr para não cair no pau. Isaltina de cima de um pequeno morro junto a uma cacimba sertaneja dava urras e vivas, instigando os contendores a que continuasse prometendo que o vencedor iria dormir com ela, égua retada. Acúrsio garantira, mais tarde, que na escuridão da madrugada os olhos de Isaltina refletiam como se duas pequenas e minúsculas bolas de fogo, enquanto seus pés transformados, eram duas autênticas patas de burro.
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