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terça-feira, 21 de julho de 2015

“MINHA PEQUENA-GRANDE MULHER”

                             

        Quase todos os homens possuem uma mulher em sua vida. Mas, não é desse tipo de mulher que quero aqui falar. Falo de outra, com uma disposição para conhecer pessoas, raramente vista. Ela atende, em primeiro lugar, no grande Hospital Português de Salvado,  é médica com especialidade em cirurgias de alta resolução.
          Olhos grandes emoldurados por grossas sobrancelhas, cabelos negros e escorridos, pequena, franzina, todas as vezes que eu a abraço faço-o com temor de esmagá-la sob os meus mais de cem quilos de banha.
          Seu nome está escrito na sua roupa de médica. Drª VANESSA MENEZES. Carismática, chega a ser simplória em meio a tanta dor e desespero dos que ali chegam e em suas mãos são confiados. Tive dois casamentos, vivo bem com a minha atual companheira, mas nenhuma das duas distintas que enfeitaram o meu pedregoso caminhar, jamais poderão se comparar a essa respeitável Senhora. Chamo-a simplesmente “Doutora Vanessa”. Parece mais uma menininha dessas que aparentemente ainda brincam de bonecas. Mas, ela é uma das médicas responsáveis pelo Centro de Oncologia do Hospital Português. Qual a razão?
          Seu ofício é abrir corpos de doentes desenganados, arrancar o bruto do câncer, ou seja,  que bicho for,  ajudando o sujeito a tirar os pés da cova.
          A franzina Doutora me conhece como as duas mulheres acima referidas, jamais me conheceram nem conhecerão. Primeiro aquela pequena-gigante me conhece por dentro, como resultado de sua perícia e capacidade de cientista, ao abrir-me a garganta numa primeira intervenção, tendo tamanha perícia em tapar o buraco para retirada de nódulos, ou seja, o que for, costurando-me com sua maestria.Foi ela mesma quem, mais tarde me  veio com  o amargo e doloroso diagnóstico: “Senhor Max seu câncer está no pulmão e precisamos retirá-lo”.
         Da paciência de Job em explicar-me com aquele palavrório profissional, consegue, com raros dotes, descer à minha mais miserável e escancarada ignorância sobre os assuntos de medicina. Passou-me delicadamente a fazer-me concessões, em especial explicando e reexplicando os procedimentos a esse bugre nas ciências de Hipócrates. A danada até explicou-me milimetricamente o tamanho do pedaço do pulmão que iria arrancar do corpo  cansado do velho Max.
          Finalmente pela segunda vez lá estava àquela mulher miudinha em tamanho, mas uma gigante de alma, profissão e conhecimento, a lacerar-me do lado direito, arrancando e expondo minhas entranhas e, de lá, arrancar um pedaço do pulmão direito aonde estava alojado o câncer que roia meu interior. Então ela conhece o velho Max por dentro, visitou meu interior e viu coisas que nem eu nem ninguém jamais vimos ou veremos.
         Tenho uma gratidão impagável por aquela a quem às vezes descontraidamente chamo alguns muitos médicos de “Doutores adolescentes”, já que se trata de uma equipe formada por jovens diante dos meus avançados anos de ancião e já dobrando a esquina da existência e o cabo da desesperança.
          Em artigo que escrevi para o meu Blog, cheguei para escândalo e licenciosamente ousado que sou, de chamá-los de “moleques”, porém, tudo num rasgo de eloquência e licensiodade poética, não como ofensa, explicação plausível que deixa claro, para que os intérpretes desinformados não me venham a dar puladas e bordoadas. E tenho motivos de sobra em dedicar aquele pessoal tanto agradecimento e tamanha afetividade.
          Já não sei quantas vezes eles retiraram meus pés da sepultura. A primeira foi em 2012 quando fui operado de aneurisma da aorta abdominal. O resto é só festa.

          Que viva minha amada médica com as bênçãos do Nosso Deus que manipula e dirige o seu bisturi manuseado por essa- Pequena-grande mulher -Doutora Vanessa Menezes- por mais uns duzentos e setenta e quatro anos, cinco dias, vinte e sete minutos e três segundos.

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