Heródoto é antes de tudo um viajante. Como
especulosos viajantes são os que viajam nos seus relatos. Seus périplos e suas
investigações sobre o passado, dão a ele, a firme convicção de que os fatos se
relacionavam numa permanente causa e efeito dos acontecimentos.
Prefiro
ser pragmático.
Investigativo chega a observar pequenos
detalhes em meio aos problemas, buscando compreensão dos fatos para o que se vale
além daquilo que vê, no relato dos que estão próximos, e, portanto, vivenciando
os fatos do cotidiano.
Ele é organizado e s e envolve com
que está investigando, procura confirmações e adquire como que uma filtragem, busca causas prováveis,
embora nele se vislumbre mais que opiniões históricas muito de conjunturas improváveis.
Cérebro privilegiado pelo sabor e proficiência da filosofia do seu
tempo, sedimentado, sobretudo numa cultura da Grécia. Só assim se explica. Não
é um extático, mas mutável camaleônico. Vertendo das contradições do homem,
seus limites e ambições, seus relatos assim seriam passados a posteridade.
Não se furta a realizar comparações entre costumes de povos para povos,
mas aproxima as experiências, elabora raciocínios encadeados, porque lógicos,
visando, sobretudo, oferecer conclusões que lhe parecem acertadas, porque, na
lógica, embora o ofício de historiador seja sempre os posicionamentos do “eu”.
Mas danem-se as regras. Que importa se
a ciência de historiador ou do historiador é, com ele mesmo que está nascendo e
será, doravante, até cognominado de “o
pai da história”?Então que se danem em Heródoto, as regras que a
posteridade, quem sabe, até pedantemente adicionou aos seus escritos ou excluiu
deles.
Mas, como no dizer de March Bloch “- a história é feita por gente viva para gente
viva” – Heródoto vale-se dos recursos contextualizados na temporalidade da
sua existência e, ação, pelo que usa e abusa dos recursos filosóficos aproximando
causas improváveis do provável numa especulação que corresponde à curiosidade
humana, gênio fabuloso que o criou e o impôs através dos séculos, sem uma
existência provável. Este sim, gênio sobre todas as coisas que de Heródoto
chegam a ser ditas.
E, é nessa exposição de fatos e dados
coletados a que ela a história, consegue encadear o passado ao presente através
da lógica e do provável.
A grande questão é: Heródoto existiu ou
apenas subsistiu o mito idealizado por alguém que assim se denominou?
Max Brandão Cirne
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