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segunda-feira, 23 de março de 2015

MEDIEVALISMO E SARNEYSISMO

                   

          Dificilmente os padrões atuais poderiam mesmo numa visão distorcida, aproximar o Brasil e seus costumes, às práticas medievalistas. O período historicamente apelidado de medievo representa uma síntese das relações de submissão, ao mesmo tempo em que caracteriza o ápice da valorização da terra e estabelece as relações com bases em antigos costumes bárbaros, na fidelidade entre suseranos versus vassalos, criando, assim, laços de dependência, ultrapassada a fase do “beneficium”.
        Atualizado o medievo e ajustado a pratica nossa de cada dia, não há como estabelecer, mesmo fora dos padrões e princípios historiográficos, tamanhas diferenças e latitudes quando nos comparamos e cotejamos nossos costumes, em especial o de amealhar terras e bens em detrimento de populações inteiras, como, se verifica, no Estado do Maranhão aonde o clã dos Sarney conseguiu inexplicavelmente amealhar e arrebanhar contingentes enormes de pessoas apoiadoras e acumular imensas glebas de terras.
        Alguém poderia dizer que o chefe do clã, serviçal incondicional dos militares em certo período da história do Brasil, referentemente aos golpistas militares  de 1964, e pós, permitiu e abriu mão, não sem contrapartida,  para que os Sarney conseguissem, a custo da miséria das populações daquele Estado e das sangrias  de cofres públicos,  sem vigilância, mas capaz de comprar silêncios e conivências, fosse o condutor natural para o enriquecimento do suserano maior daquele Estado decano vergado pelo tempo que envelhece, também, os canalhas.
          Mostra a história uma espécie de “comitatus” prática oriunda dos poderosos, permitindo solidificar numa sociedade agrária, sem nunca ter sido gregária, mas capaz de concretizar um sistema tudo por tudo feudal com a aquiescência e aprovação da igreja católica, aliás, religião apadrinhadora dos Sarney, só para nos limitarmos ao Estado infame e triste do Maranhão.
        Beneficiaria sempre direta da rapinagem, da fraude e do roubo a Igreja Católica sangrou nações e mais nações, apoio diretamente e sem pudores todo tipo de tirano, desde que fosse repartido por estes escolhidos e “abençoados” os despojos das nações, dos povos e das populações.
         Quando se observa a cerimônia de transmissão da gleba ou feudo aparatosa e impressionista, a idéia era causar impacto nas mais circunspectas e impactantes formalistas ações e rituais, seguindo e obedecendo a parâmetros ditados “à priori” pelo criminoso conjunto religioso denominado catolicismo apostólico romano, cujos parâmetros seguem rigorosos e abarrotados de desproporcionar formalismo, porém capazes, por si, de criar nas mentes do homem medieval a certeza da aprovação, pelos mais poderosa donos do mundo, no caso, a “Cúria ladra e criminosa representada por papas e prelados”.
   Embora no costume baseado, por isso chamado consuetudinário, desprezava a lei escrita, aliás, inservível, desde quando a legislatura era ocupação e vontade do Papa e da Cúria Romana mentirosa e ladravaz, muito mais na palavra empenhada envolvendo personagens pertencentes e exclusivas da aristocracia centralizada e representada no Suserano versus Vassalos, mas tudo sob as bênçãos aprovadoras e abonadoras, além do testemunho favorável da Igreja romanista, afiançadora das transações e doação “inter-vivos”, observadora das condições impositivas e obrigacionais em que as tais relações pessoais se baseava no “juramento” que obriga à nobreza a submissão do suserano.
          O feudo assim chancelado pela Igreja Católica assumia o vassalo miserável e infame peça do tabuleiro dos ainda mais  infames usurpadores, ainda que a título religioso e de salvadores das suas pobres e desinformadas almas, concluindo a finalidade da terra ou da gleba, também o obrigava a socorrer o suserano quando, e, se solicitado, tanto em dinheiro quanto mantimentos, em soldados e víveres segundo as necessidades e apelações nas questões militares.
        O processo de ruralização numa Europa que se fragmentara pelas disputas, necessitava e exigia urgentemente a união de forças em torno de certas ideologias de dominação para a expansão dos suseranos e influencia nos negócios de Estado, identificando-se como sendo o mesmo que se transformaram antigas “vilas” romanas dos tempos de apogeu do Império Romano após ser vencido, em cidades com o conseqüente desenvolvimento urbano que a aglomeração paulatina de pessoas, provocaria.
         Essa expansão contaria com a compreensão e visão, ainda que distorcida dos suseranos, ao contrário de um Maranhão em que não foi cedido um palmo de terras as populações marginalizadas no que hoje é considerado o maior bolsão de miséria e infames, sucedendo nos poderes internos e na nação, os seus membros, ainda que na dissolução da ética e economia de um povo, sem contestação e com a aprovação dos governantes maiores que a tudo fizeram vistas grossas numa aberração da compreensão do que seja “valor social da terra e função social”, não permitindo a expansão nem qualquer disputa entre suseranias e vassalagens, mas explodirão e eclodirão em guerras de disputas, o que jamais aconteceu no Maranhão com a mão de ferro dos Sarney, com o jagunço assalariado pelo emprego do criminoso bacamarte, com policiais corruptos e a seu mando, com os  poderes constituídos, Juízes e Judiciário subalternos e comedores e recebedores das propinas e migalhas lançadas das mesas dos Sarney em pagamento pelos acobertamentos cínicos e criminosos.
         Não existe até 1988 um só juiz, um só desembargador, um só alto servidor público do Estado que não tenha beijado as mãos do Sarney pedindo e implorando suas nomeações.
             Não     foi um processo que se estabeleceu sem a aquiescência dos poderes, dos juízes nomeados e indicados, dos desembargadores silentes e criminosos, omissos e que precisarão de julgamentos da história, não se verificando, por culpa desses agentes e atores nem invasões nem ocupações para alargamento e anexações de territórios através dos processos dinâmicos como o trabalho da terra, posse e ocupação pacíficas, etc., etc.
        O vassalo membro da nobreza, em regra, se obrigava e abrigava-se a socorrer o suserano com todos os seus bens. As relações feudo-vassalo e as chamadas relações de produção, outro capítulo especial, obrigavam o dever de fidelidade e reciprocidade, diferente, por conseguinte, da relação servil que dizia respeito ao senhor da terra e o trabalhador que tinha como base a desigualdade e a exploração da sua força trabalho.
          Enquanto o vassalo era o nobre que retirava a sua riqueza do trabalho servil, sua relação com o suserano era subalterna tanto territorial, quanto militar e religiosa.

(Trabalho oferecido À PUC-RIO quando aluno daquela Instituição)

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