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domingo, 26 de outubro de 2014

Carta ao Bertinho

 Meu caro Bertinho, itiubano de quatro costados. Estou escrevendo para dizer que não fui ver aquela minha "namorada" a que tanto já lhe falei e escrevi no meu blog, assim como no "Sítio Serra da Itiúba do meu tempo".
"Vosmecê"como bom itiubeiro que é, também itiubista de cepa, é apaixonado pelo passado que se distancia dia a dia mais, num rasgo de aprovação e complacência, forneceu-me o endereço da "dita senhora". Após a operação que fiz, e, tendo voltado do lado de l´, do vale da sombra da morte, aonde fui peregrinar, mas fui recusado entrar no Paraíso, resolvi, em meio ao torvelinho da convalescença deixar a respeitável Senhora no seu merecido canto, nos seus mais de oitenta aninhos.
A razão é bem simples e tua cabeça de paquidérmica inteligência já' compreendeu e captou a decisão na irrevogabilidade desse escriba e apaixonado, não que os "amores "acabem, mas tem como mortal comum e miserável que voltei redobrado, após ser operado com a perda de um pedaço de pulmão sertanejo, pelo que numa reflexão mais profunda e madura, ponderando que o Doutor Carlinhos Accioly, filho da minha dileta, querida, amada e inolvidável Professora Zenaide não iria, a essa altura da vida deixar-se impressionar pela chegada de um cara a sua casa dizendo-se "namorado da sua mãe", com risco a determinar a morte do "desconhecido" sem readentrar o seu espaço sagrado, e, pior, mexer e remexer em velhos baús de recordações mortas da Professora querida, de sorte que fiquei a matutar e a pensar o Carlinhos com cara de paisagem, cheio de dúvidas sobre o total e abissal esquecido Max que nem ele mais se recorda, embora tivéssemos lá pela altura do nascimento da minha paixonite aguda, 8 a 10 anos quando frequentávamos a mesma Escola Góes Calmon de Itiúba, exatamente quando fui tomado de amores pelas letras e... pela inesquecível Professora Zenaide, na cegueira do amor platônico, do menino ensandecido por aprender aquela sublime arte que se embeveceu pela Professora, portanto sua mãe. São mais de sessenta anos decorridos, cara!
Receei então do danado ali mesmo na Pituba mandar-me prender-me a ferros e me devolver a África ou quando muito metido e em ferros num porão de navio, pudesse, ara piorar a situação obrigasse-me nadar até a África, como castigo inaudito e extravagante sendo obrigado ver o outro lado do mundo desterrado e apenado coisa que deveria começar pelo escárnio do mar da Pituba a vista de todos e ao escarmento dos seus vizinhos e policia.
Como a música do Gil, aliás bela versão americana, resolvi deixar pra lá e esquecer tudo, devendo manter aquele período de sonhos e devaneios no terreno do mero platonismo de um menino desavisado e desabrochado para a vida e para a sensibilidade do amor inocente sem as marcas do "Eros", mas do puro e fraternal "Agapau".É, meu caro itiubeiro Bertinho, fique absolutamente certo que o endereço que "vosmecê" me forneceu serviu muito, não obstante, quero e desejo deixar meus sonhos parados em suspenso no passado, em que devaneios nos apertam os corações, dão nós na garganta, mas que fiquem absolutamente intocáveis na sacralidade do menino que nunca foi "correspondido "do que não existiu de verdade, assim permanecendo na doçura de tempos idos e inocentes, sem a mácula da infâmia ne da maldade, temendo, outrossim, meu caro que o Paraíso permaneça somente para os imortais. E, como "vamecê" bem sabe, minha Professora Zenaide é imortal com todas as letras.
Quanto ao mais atento subscrevo-me na conterraneidade mesma , embora a distância nos impeça de um estreito e apertado amplexo regado à mais pura saudade. No conforto da sua esposa e da sua vidinha de fazendeiro temporão, receba então aquele abraço do
Max

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