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quinta-feira, 26 de maio de 2016

O HOMEM DA PEDERNEIRA.

                                    

         Não me recordo exatamente o ano. Acho que foi lá pelo ano de 1960. Sei que já se esfumou no tempo e no espaço. Era eu um garoto tomando conta da “venda”, assim era chamado o armazém de secos e molhados dos meus pais, lá nos sertões da Bahia, numa cidade chamada Itiúba.
        De repente entra no estabelecimento um homem de meia idade, vestindo uma capa colonial, chape de feltro e botas caipiras. Aproximou-se e pediu uma jurubeba leão do norte. Servi-o enquanto ele sorveu-a com sofreguidão e sede. Pagou. Parou e retirou do bolso um charuto e um instrumento rudimentar acondicionado num pequeno pedaço de chifre de animal.
        Lembro-me de que tinha no fundo do instrumento um algodão amarelo e encardido, chamuscado e bastante usado. Aquele homem apanhou no mesmo bolso dois pedaços de seixos rolados e começo a bater um no outro poucas vezes. Tinha ele muita prática, e, assim, de repente, a faísca inflamou o chumaço pequeno de algodão. Ele soprou rapidamente e fez-se fogo. Acendeu o charuto. Pagou a bebida, agradeceu-me, despediu-se e desapareceu na bruma do meu tempo.
          Jamais o esqueci. Parecia saído da idade da pedra lascada. Bizarro, aquele senhor deixou-me a impressão de estar vivendo dentro de um mundo seu, o qual se apegara e não conseguia emergir. Podia pedir-me uma caixa de fósforos, acender seu charuto e devolver-me, ou simplesmente podia comprar uma. Não o fez. O homem da pedra lascada, ou polida, ou nas trevas do seu tempo particularizado deixou-me uma déia do quanto  o homem pode adaptar-se e permanecer independente da sociedade e do progresso da ciencia.
        Nunca mais o vi. Era um forasteiro. Ou uma mera ficção da vida!!!

        Assombração, não foi!

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