Belos tempos aqueles em que “o buraco da vovó” era apenas uma
reentrancia encravada na rocha sólida, formando um paredão que se desenhava
contra os céus, nos sertões de Itiúba. Não aquela reentrância das vovós
modernosas se exibindo em calendários pseudos modernos em que as vovós que se
apresentam em trajes adâmicos, despudoradas, relapsas e absolutamente
envaidecidas pelos falsos elogios das suas pudendas partes, outrora chamada
íntimas, porém, secretas.
Refiro-me aqui e agora para os incautos
aqueles tempos em que existiam verdadeiros observadores do tempo, ensinados e
aprendidos, acostumados e calejados na prática diária e na observação,
desvendando fenômenos primários da natureza, tal o aproximar-se das chuvas e
das estações.
“Buraco
da vovó” era então, e digo “era”,
porque não sei se ainda as pessoas assim conhecem ou chamam, não passava de uma
reentrância na montanha de pedra bruta, na “Serra
do Encantado”, fazenda do senhor, hoje finadíssimo Ademir Simões, formando
uma concavidade aonde, pela abaulada pedra, ficava retida a nevoa por dias e
dias. Quando acontecia, era sinal, pelo menos para os sertanejos locais, de que
teríamos um ano de chuva e de muita fartura. A neblina trazia um pouco de frio
e quedas na temperatura, e os olhares de todos para lá se dirigiam para ver
aquele mundo de brancura se desprendendo lentamente na medida em que o sol
lançava sobre o buraco seus raios.
Era um espetáculo de simplicidade. Fugaz,
desaparecia demorando-se poucos dias. O “Riacho
da Grota” se enchia, lambaris subiam e desciam na sua temporalidade pelo
pasto do Valadares e os meninos acorriam para apanhar pequenos peixinhos
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