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quarta-feira, 20 de abril de 2016

KRONOS versus THANATOS

             Já foi dito que o homem pode tudo. Já foi cantado e decantado o poder que o homem pensa ser e ter. Já foi dito que o homem pode vencer tudo.
             Não pode! 
             Apenas e tão apenas somos estuários de situações pré existentes ao homem. Não se pode dominar nem exercer nenhum poder sobre aquilo que não fabricamos consequentemente não se tira poder de onde não fora dado.
             Quando o homem, enquanto ser, se debruça sobre a existência e tudo quanto dela advém, sobra-nos um entendimento no sentido da nossa total e abissal incapacidade de gerir seus efeitos, prever ou até mesmo suportar. Vamos aqui e agora nos referir ao que os gregos na sua sabiedade e perquirição sobre o “desconhecido” legaram ao mundo através da filosofia, da inquirição, dos questionamentos, da razão e da profundidade levando-os ao reconhecimento das limitações do homem. 
              Queremos fazer referencia ao deus “Kronos” que vem a ser o “deus do tempo” em que o homem se antecipa na sua incapacidade de prever o instante seguinte, não tem sobre ele o mínimo poder, se distancia na sua incapacidade de antever e prever fatos e acontecimentos. Quando ele menos nota esse inexorável lapso, já se distanciou. O ontem é apenas um passado esvaido, enquanto o desvendar do amanhã é uma conjectura jamais alcançada compreendida ou até mesmo percebida.
               Kronos é o tempo, seus complexos e suas exatidões, embora o homem permaneça extático e imbuído de poderes que pensa tê-los, porém, absolutamente inservíveis para entrar na sua soberania sobre os mortais. A cronologia que é nada mais nada menos que a idade medida e estudada, passa a ser para o “ser” o que virá e nunca o pretérito.
               Do outro lado no mesmo Panteon dos deuses gregos tão fartamente criados e exaltados por eles, desponta na sua magnífica mitologia, a maior delas sendo, possivelmente, aquela a quem mais se devotavam que era o reconhecimento de “Thanatos” personificação da propria inexorabilidade da morte. Dedicando seus mais aprofundados questionamentos sobre o fenômeno morte, os gregos legaram ao mundo idéias que pensavam aprofundadas, com suas consequencias descrevendo formas e modos de morrer, mas ao mesmo tempo dedicando total e obsequioso desprezo sobre ela, uma vez que reconheciam sua inexorabilidade e sua exequibilidade.
                Os gregos dessa forma se esteavam na inexequibilidade mortal para, até certo ponto, criar nas suas mentes, tanto idéias quanto conceitos, chegando ao desprezo e pouco apreço pela propria vida.
                 Reconheciam desse modo o que eles mesmos chamavam de “Methanóia” que vem a ser a incapacidade de qualquer arrependimento, imbuídos de outro verbo que ao mesmo tempo é adjetivo “Methanuel”. Assim, o arrependimento para os gregos soava como uma incapacidade de voltar atrás mas reconhecer, assim como as idéias do “demiurgo” a não repetição dos fatos ocorridos, não permitindo nem admitindo nenhum mudança em que o ápice das suas concepções no reconhecimento de que o “homem não pode mudar as coisas”.
               Não foi à toa o nascimento e surgimento das mais variadas correntes de pensadores, a despeito dos “estoicos” que pregavam e ensinavam o desprendimento e a capacidade do homem suportar as dores e os reveses da vida. Nas cidades-estados, em especial Atenas e Esparta, a criança aprendia desde a infância o ônus das dores e aflições morais, físicas e espirituais, uma vez que eram entregues ao Estado, aprendendo e sendo disciplinados a suportar dores e a morte sem reclamar, ao contrario de outras correntes como a dos “Cínicos” encabeçada por Epicuro que ensinava que se devia “comer e beber, uma vez que amanha morreremos”.
              Oxalá pudéssemos beber, ainda que, de vez em quando, alguns desses conceitos. Mas que eles estão aí não se discute. 
              Seja como for, tanto a morte que é Thanatos, quanto o tempo que é Kronos aí estão no nosso dia, desafiando os homens a mudá-los ou a influenciar sobre qualquer deles.            
              Não pode!

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