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quinta-feira, 26 de maio de 2016

SAVEIROS DA BAHIA

                                       
         O ano está cravado e gravado na mente. Era 1957. Chegado dos sertões, o garoto possuía 11 anos de idade e fora trazido com dois intuitos: Conhecer salvador, e os familiares do seu pai.
       A casa era  da Tia Cilu, irmã do meu pai, Joaquim Brandão Cirne, e fica no  outrora aprazível e poético Largo da Ribeira, onde joguei peladas, corri da polícia chamada de Cosme e Damião, de portada  oficialmente, chamada Praça General Justo . Ali o atônito menino sertanejo encontrou, pela primeira vez, mas não a última, a imensidão do mar debruçado na Ribeira e o vai-e-vem dos barcos e saveiros que chegavam trazendo telhas, peixes, farinha, tijolos, areia, cerâmicas de todas as espécies, enfim de tudo quanto aquelas soberbas embarcações podiam transportar. Resumindo: tudo quanto se possa imaginar. O Recôncavo, essa parte que praticamente só existe na Bahia, não conhecia estradas, nem as possuía, nem tinha asfalto, enquanto a Bahia se despontara como grande pólo desenvolvimentista a partir dos anos “50”.
      Aprendi que se chamavam “saveiristas” aqueles mulatos fortes e espadaudos que conduziam aquelas grande embarcações. Todos os dias fiz hábito em ir para o pequeno porto da Ribeira aguardar aqueles homens que traziam de tudo e a li descarregavam afoitamente, retornando aos seu lugares. Nunca fiz amizades com nenhum deles. Os mestres saveiristas como eram conhecidos soçobraram e sucumbiram ao progresso. Hoje a Bahia de todos os Santos quase não permite mais a visão de um saveiro, salvo e rara exceções. O tempo se encarregou e, talvez e certamente o progresso, de afogar e fazer desaparecer aqueles barcos formidáveis que singravam e desafiavam mares e ventos.

       Viajei, em outros tempos, quando já adulto e voltei para Salvador em pequenas viagens de saveiros entre a Ilha de Itaparica, Mar Grande e Salvador. Mas nada que se possa comparar ao período dos saveiros da Bahia.

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