O ano está cravado e gravado na mente.
Era 1957. Chegado dos sertões, o garoto possuía 11 anos de idade e fora trazido
com dois intuitos: Conhecer salvador, e os familiares do seu pai.
A casa era da Tia
Cilu, irmã do meu pai, Joaquim
Brandão Cirne, e fica no outrora
aprazível e poético Largo da Ribeira, onde joguei peladas, corri da polícia
chamada de Cosme e Damião, de portada oficialmente, chamada Praça General Justo .
Ali o atônito menino sertanejo encontrou, pela primeira vez, mas não a última,
a imensidão do mar debruçado na Ribeira e o vai-e-vem dos barcos e saveiros que
chegavam trazendo telhas, peixes, farinha, tijolos, areia, cerâmicas de todas
as espécies, enfim de tudo quanto aquelas soberbas embarcações podiam
transportar. Resumindo: tudo quanto se possa imaginar. O Recôncavo, essa parte
que praticamente só existe na Bahia, não conhecia estradas, nem as possuía, nem
tinha asfalto, enquanto a Bahia se despontara como grande pólo
desenvolvimentista a partir dos anos “50”.
Aprendi que se chamavam “saveiristas” aqueles mulatos
fortes e espadaudos que conduziam aquelas grande embarcações. Todos os dias fiz
hábito em ir para o pequeno porto da Ribeira aguardar aqueles homens que
traziam de tudo e a li descarregavam afoitamente, retornando aos seu lugares.
Nunca fiz amizades com nenhum deles. Os mestres saveiristas como eram
conhecidos soçobraram e sucumbiram ao progresso. Hoje a Bahia de todos os
Santos quase não permite mais a visão de um saveiro, salvo e rara exceções. O
tempo se encarregou e, talvez e certamente o progresso, de afogar e fazer desaparecer
aqueles barcos formidáveis que singravam e desafiavam mares e ventos.
Viajei, em outros tempos, quando já
adulto e voltei para Salvador em pequenas viagens de saveiros entre a Ilha de
Itaparica, Mar Grande e Salvador. Mas nada que se possa comparar ao período dos
saveiros da Bahia.
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