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quarta-feira, 5 de agosto de 2015

UM MENINO DOS SERTÕES

                                    
         Nesta manhã cinzenta e chuvosa de segunda feira, o peito bate cheio de saudades de uma infância que cada dia mais se afasta, e,  não mais volta. Lembro-me com profunda tristeza dos meus dias de menino em Itiúba, sertões da Bahia, deixando-me uma profunda angústia a atravessar a minha alma e a rebrotar os olhos com indisfarçáveis lágrimas.
        Alguém disse que recordar é viver. Não sei; tenho cá minhas dúvidas e, devo confessar minhas muitas tristezas também.
        Nesta manhã acordei pensando na Praça Nova de Itiúba. Lá estavam os Parques como eram conhecidos, que eram montados no meio da aludida praça cheia de barquinhos, barracas de tiro ao alvo, de doces e de outras atrações, sendo a mais esperada a roda gigante imponente a desafiar os curiosos que viam os telhados das casas em voltas rápidas, dos que podiam pagar, e, dos que se faziam acompanhar das namoradinhas, aproveitando para roubar tímidos e inocentes beijos, ao som dos alto falantes com os tangos e fados mais belos que os nossos ouvidos já escutaram.
          Vejo o circo chegando, o palhaço com suas enormes pernas-de-pau anunciando pelas ruas da cidade o espetáculo da noite, acompanhado da garotada com cruzes feitas de carvão e óleo na testa, sem direito a tomar banho, para, logo mais a noite, sem pagar, ir ver os palhaços desengonçados e as rumbeiras, as indefectíveis rumbeiras, que enfeitavam os sonhos juvenis e despertavam lascivos e pecaminosos pensamentos, a cada remexida dos quadris voluptuosos, bem como os seus indefectíveis dramalhões apresentados sempre em “Três Atos”, ao final do espetáculo.
          Vejo-me garoto e sem dinheiro, na tentativa de burlar a vigilância dos “mata cachorros”, desesperadamente me introduzindo por baixo da lona circense, sem pagar a entrada!
          Como me faz recordar meus sertões! Hoje vejo que nós tínhamos teatro com funções todos os finais de semana; cinemas com filmes fabulosos e brincadeiras que se contássemos nos chamariam de loucos.
        Sobretudo, vejo-me com lágrimas nos olhos e aquele terrível nó na garganta, sentindo uma grande opressão no peito, de como estou me distanciando rapidamente da minha infância que se foi.
        Quanto não daria para retornar uma noite que fosse aqueles tempos...

          É minha praia alva está rapidamente se aproximando...

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