Alguém já disse, com
muita propriedade, que o homem morre quando perde a capacidade de sonhar. Verdade.
De fato, a capacidade de sonhar é inata na espécie humana. Mas, nos parece que essa capacidade deixou de existir,
ou simplesmente encontra-se em profundo estado de hibernação.
O século XX
embalou a todos os jovens, ou pelo menos grande parte da juventude que passou a
alimentar o sonho do socialismo, da realização da sociedade e suas relações,
onde se preconizava, se ensinavam e se
pregava o bem estar como aspiração máxima e expressão da felicidade como sonho
de realização humana.
Pelo sonho da
implantação do socialismo no mundo toda a sociedade parecia se redimir de seus pecados,
e, buscava consertar seus defeitos que a sociedade e as gerações passadas experimentaram.
Vieram as revoluções e as guerras, a exemplo da Primeira Grande Guerra cuja conflagração trouxe à tona problemas
existenciais, aflorando as grandes dificuldades dos homens viverem e se
adaptarem a um mundo de paz e concórdia, colhendo os frutos da riqueza
acumulada, pelas populações e pelas classes produtivas, a dominação, e,
escravização das nações sob o tacão da
exploração capitalista, o crescimento das fonte de produção e a exploração das
populações e nações por grupos cada vez mais reduzidos e fechados, a acumulação
poderosa de bens e capitais, a não distribuição de rendas e produção, a
crescente mecanização e concentração de rendas, e a concentração cada vez mais
poderosa dos bens sociais em mãos do capital internacional e aprofundamento das desigualdades sociais, das
mais poderosas, surgindo corporações e organizações econômicas, as disputas por
terras, os assassinatos no campo, mas que, não obstante,não logrou a libertação
e reconhecimento de independência de outras, saindo do jugo e da opressão.
O que se
verifica no mundo cada vez mais globalizado são o crescimento do capital e a
exploração do homem pelo homem, o enriquecimento desmedido sem a devida remuneração,
a concentração do capital em praças dominadas por grupos políticos e
economicamente fortalecidos pelas leis criadas por parlamentos cada vez mais
submissos e subjugados, enquanto as massas, países inteiros e populações, vivem
e estão obrigadas a cederem, via governos locais e sem o compartilhamento de
bens e capitais, aquilo que a terra zelosamente lhes proporciona, enquanto a
corrupção e a ganância das corporações e companhias econômicas, contando com as
simpatias dos governantes e das classes dominantes, estabelecem mecanismos e políticas
que alijem a humanidade, sustentadas por sistemas justiciais desfavoráveis,
mesmo submetidas ao capital, garantindo, desse modo, as mais vis formas de
dominação e escravização legalizada das nações.
A derrocada do
sistema de leis e legislativo, a omissão dos governantes e a entrega das
riquezas ao capital exploratório gerando a descrença e a ausência, até
mesmo de uma vontade de lutar, pela
ausência de exemplos dignos e pelo desaparecimento de estadistas que consigam
frear e brecar, justamente pelos sistemas de descrenças na capacidade de
remodelar e consertar o estado de coisas que se verifica no mundo.
Quando se
pensava que o homem apos o estabelecimento do socialismo tinha alcançado,
enfim, a sua libertação espiritual, social e econômica com a satisfação dos
seus sonhos e aspirações, eis que o mundo lança mão da Segunda Grande Guerra mundial matando e extirpando, em nome de concepções
filosóficas, políticas e econômicas, milhões de almas obrigadas ao sacrifício
dos campos de batalha.
O maior sonho,
indubitavelmente da mocidade foi embalado pelo estabelecimento de outro sonho, o
socialismo, no mundo. Por essa filosofia política o mundo conseguiria extirpar finalmente
a miséria e alcançar a liberdade, então preconizada e elevada ao grau máximo da
sua importância, aspirações maiores da humanidade em todos os tempos.
O socialismo
ou comunismo como queiram e prefiram alguns, fadou ao buraco das decepções da
história. Nada resolveu. Mas todo jovem ou pelo menos grande parte da juventude
sonhou e embalou seus sonhos, balizado pelas idéias libertárias que, por sua
vez, sacudiram o mundo em guerras internas. A pergunta inquietante parece ser:
e a juventude atual, sonha com o que mesmo?
Hoje, quando
olhamos ao nosso derredor, vemos uma mocidade sem sonhos, na aridez dos
descampados e dos órfãos existenciais, chafurdada em todos os tipos imagináveis
e inimagináveis de vícios, a torpeza de caráter, a criminalidade crescente, as
casas de recuperação, que se pretende sejam abarrotadas de criminosos juvenis
que, desde cedo, desarvorados de sonhos, inclusive dos seus pais e parentes, se
lançam ao mundo das conquistas facilitadas pelas armas e pela pregação de uma
sociedade consumista e sem educação, o analfabetismo crescente, a ausência de
sonhos, a delinquência que cresce assombrosamente, a ausência de sonhos e de
perspectivas.
Aonde estão
os nossos sonhos?
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