1982. Estou
sentado dentro do ferry boat, aguardando a partida para Salvador, eis que entra
esbaforido um tenente emissário que estava em meu encalço desde a cidade de
Santo Antonio de Jesus. Representando um grupo político, o mesmo me fez ver que
fora escolhido para ser promotor público, cuja prova seria dia seguinte.
Presente de um senador biônico. O candidato escolhido não necessitava ser
aprovado, tudo quanto dele seria exigido, seria apenas a assinatura na prova.
Eis que hoje, eu deveria estar recebendo uma aposentadoria vultosa, em vez dos
caraminguás que recebo como professor do Estado da Bahia aposentado, além de
receber escárnios de pessoas que conhecem a minha história de vida.
Dentro das
considerações do tenente portador da notícia, eu não deveria sentir nenhuma
preocupação que era apenas “carta marcada”. “Pois é certo, Doutor Max, que o
cargo é nosso”.
O degas aqui lhe
respondeu: “Não; não acho justo. Recuso.
Já imaginou quantos estão estudando e se matando para serem aprovados? Vem-me
agora essa coisa de apadrinhamento? Não; diga ao chefe que eu agradeço, mas não aceito”. O portador,
desalentado, retornou para escolher, certamente, outro que ficasse feliz com a prebenda.
Não tem sido assim na Bahia e em outros Estados da Federação, nos concursos
púbicos viciados, naqueles em que somente filhos de juízes e desembargadores
passam em concursos, apadrinhados políticos e outros bandidos,quando sabemos
serem, na maioria pobres desconhecedores das leis?
Anos mais
tarde fui preterido pelo chefe político, dessa vez não se exigia concurso, mas
aprovação aberta, para outro cargo de confiança no Estado. Dizia ele “que não podia ser o Max porque é um homem
sério demais”.
Mina vida é
assim recheada de coisas pequenas e grandes que denotam que meus pais me
ensinaram moral. Esta pode
muito bem ser ensinada. Ensinei aos meus filhos. Se os pais ensinassem aos seus
filhos não veríamos essa terrível praga assolando o país, aonde a corrupção alcança
níveis astronômicos, o homem decente tem até vergonha da honestidade, se acha
um bobão de botas, cara de paisagem, um tolo diante de pessoas “vencedoras”,
mulheres e filhos visitando anualmente a Europa, pilotando lanchas e carrões de
luxo, vivendo nababescamente.
Enquanto
esses ricos apodrecidos vivem as delícias de vidas fáceis sustentadas pela
corrupção, pela ganância, e, pela ausência de vergonha, com seus discursos de “que venceram pelos seus méritos”, você
só tem de dar aquele sorriso maroto pelo canto da boca, ironizando esses
infames, uma vez que sabem que estão ocupando lugares imerecidamente, seja por
papai ser do meio, seja por ter-se perdido nas facilidades das licenciosidades
da vida, seja por ser um invertebrado infame que é, seja por pertencer mesmo
aos escaninhos do diabo, meninos e meninas pobres das zonas mais conflagradas
de miserabilidade retornam das escolas sem merenda escolar, nos hospitais
pessoas morrem nas filhas intermináveis, remédios do SUS apodrecem nos
depósitos, políticos enriquecem; secretários e bandidos mais chegados formam
patrimônios de milhões, organizam-se em quadrilhas especializadas para roubar,
fraudar e dilapidar bens públicos e privados. Vejam os retratos eles. Quase
sempre e sempre homens públicos, Desde o juiz togado vendendo sentenças, seja
empenando ações em favor dos amigos e camaradas dos tapinhas nas costas, dos
bajuladores, dos xeretas, enfim daqueles que tecem loas baratas e desmerecidas
enchendo egos e cérebros apodrecidos.
Existem
aqueles que oferecem mulheres e filhas para o botim em troca de cargos e
aprovações. Conheço meia dúzia deles. Alguns foram até humilhados, como se fora
possível essa canalha sentir alguma vergonha. Já são uns humilhados, já
nasceram infames, degradadas, imortalizados e amoralizados, amortalhados na
miséria da existência, terrivelmente desavergonhados como se impermeabilizados
de sãos ensinamentos, pelos seus “benfeitores”.
Esquecemos de
ensinar a moral, a decência, o respeito, a vida regrada e disciplinada porque
os apelos de uma sociedade licenciosa, a política suja e imoral, os juízes
corrompidos por vencimentos fora das realidades, se entregaram a um festival de
degradações e imoralidades sem que surja alguém de poder para dar um basta em
tal situação. Homens sérios e decentes são preteridos para cargos pelo fato de
terem as mãos limpas e imaculadas.
Meus filhos
vibram com minhas histórias, me parabenizam e se dizem orgulhosos com os pais. Existem
muitas outras que envolve vida ilibada e inatacável. Mas, custa muito. Vida
decente exige sacrifícios terríveis, renúncias e fé em Jesus. E, muitas vezes
você se vê trocado por uma desgraça que não possui nada de mínimo de mérito.
Ia esquecendo.
Meus filhos são todos CRENTES NO
SENHOR JESUS, COMO OS PAIS.
“Somos, considerados pelo mundo, simples rebotalhos”, loucos, desocupados,
tolos a pregar e a ensinar a vida eterna em Cristos Jesus.
Mas somos
assim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário