Nos últimos dias em que passei com a
minha velha mãe, hoje falecida depois de 86 anos de vida, costumávamos
relembrar coisas de família, como, por exemplo, o respeito que os filhos tinham
pelos pais e como as relações sociais aconteciam. De fato, chega a ser astronômica
a distancia, se comparados os costumes aos dos nossos dias. Diria com a mais
absoluta franqueza que as crianças do meu tempo possuíam genuíno respeito e
consideração, e, que, as de hoje, beiram muito mais ao deboche, ao desrespeito
e a degradação dos costumes.
Os mais velhos não admitiam certas
“ousadias” como, por exemplo, a de uma criança a dar bom dia, em vez de pedir,
respeitosamente a bênção. Assim fomos criados. Assim fui criado.
Salta-me em viva recordação a figura da
minha avó materna vestida no seu robe imenso, largo e comprido até cobrir os
pés, todas as vezes que algum tio meu chegava lá em casa do meu pai para
visita-la e a nós, já que, também, naqueles tempos não existia essa de genros e
sogras serem inimigos. Meu pai e minha avó eram excelentes amigos. Era como se
mãe e filho. Vovó morava na nossa casa aonde fora recebida com muito amor e
desvelo por meu pai. Eu fui o neto da predileção da minha vó.
Chegava um dos meus tios. Diante da
minha vó ajoelhava-se, punha as mãos em sinal de oração coladas ao peito,
abaixava humildemente a cabeça e dizia: “Louvado seja nosso senhor Jesus
Cristo”. Ao que minha vó respondia: “Para sempre seja Deus louvado”. Então os
meus tios completavam e pediam: “Bênção minha mãe”. E a resposta linda e
benfazeja: “Deus o abençoe meu filho”. Só após, eles, meus tios se levantavam.
Na despedida era a mesma coisa.
Com minha mãe que morava em casa, a
história se repetia todos os
dias.
Assim fomos acostumados ao respeito e a
pedir bênçãos aos nossos pais. Criei meus filhos, e os da minha casa não dão
“bom dia meu pai ou minha mãe”, mas pedem simplesmente a bênção. E, o
interessante é que meus filhos estão criando seus filhos, meus netos, nesse
mesmo respeito.
Temos verdadeiros cavalos matando pais
e avós sem a menor consideração, a crueldade aumenta e se multiplica porque
certamente na infância faltou a seriedade das famílias que não souberam, acima
de tudo, abençoar seus filhos. Pedir a bênção a papai e a mamãe hoje virou algo
cavalar e estupido para os sanguinários assassinos que abarrotam as cadeias do
Brasil. E ainda tem gente que entrega seus filhos para serem educadas pelo
Estado...
Pobre Brasil amaldiçoado por faltar-lhe um, “Deus o abençoe, meu filho”.
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