Morei em Itiúba a partir de 2005. Um dia parei
num restaurante com minha esposa. O horário era do meio-dia, hora de almoço.
Pedi certo refrigerante e o cardápio. Estava sentado dentro daquele prédio da
minha infância e adolescência, verdadeiro templo de saber e de conhecimento, de
diversão e de felicidade.
O antigo Cine Itiúba do Bertinho!!!
Minha esposa não deixou de ver minhas
lágrimas indisfarçáveis encherem os olhos. Falei para ela, descrevi sons e
telas, lugares e recantos como se estivesse menino retornando no tempo e
rompendo de volta o espaço na invisibilidade.
Falei de pessoas entrando e saindo,
em especial nos dias de domingo e sábado, dos meus olhos compridos e tristes,
na frente do cinema, de quando não tinha dinheiro para pagar o ingresso, das
películas, de artistas, de monstros sagrados que se foram de prefixos musicais,
de filmes e de tudo que povoou meu imaginário. Falei ainda das noites mágicas e
feéricas, de faiscantes lâmpadas, das tabuletas pintadas pelo Isnar, assim como falei do Macambira espalhando-as pelas esquinas
centrais.
Chegou a comida. Comi-a em silêncio. Partimos
A vida é um “partir” sem fim.
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