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sexta-feira, 18 de setembro de 2015

PERIGOS DE UM ADVOGADO.

                            
        Década dos anos 1980. Fui contratado para liberar um cidadão em Aracaju viajei em carro particular, com familiares do preso e motorista. Dia seguinte, em lá chegando, dirigi-me à Superintendência da Polícia de Sergipe. No centro da cidade de Aracaju, o nosso carro bateu na lanterna de um carro preto chapa oficial 003 do Governador do Estado, o então João Alves, porém desocupado, provocando uma pequena mossa de menos de 10 centímetros de tamanho, coisa insignificante.
        Eu de terno e gravata quis descer para acertar as coisas. Não o pude pelo que fui contido pelo motorista, pedindo-me, logo após, para desembarcar, em rápidas palavras, confessando-me que não podia ser preso. Fi-lo imediatamente. Pasta à mão, terno impecável quadriculado, entrei num estabelecimento que me pareceu um bar, enquanto uma perseguição terrível se desencadeou com lanços absolutamente cinematográficos, em que carros entravam na mão e contramão, davam cavalos de pau numa ferocidade, enquanto eu rapidamente me dirigi à superintendência.
         Em lá chegando todos os policiais com os armamentos mais sofisticados como metralhadoras, fuzis e outros, saiam declarando que o governado tinha sofrido um atentado no centro da cidade.
        Dando risadas compartilhei para um colega, então professor da universidade de Aracaju, na superintendência para resolver caso seu, a mentira e o puxa saquismo da humanidade, uma vez que o governador não estava no carro nem era transportado pelo carro abalroado inadvertidamente, e, sem intenção, pelo meu motorista.
        À tarde tive de viajar para uma das principais cidades do interior para ver o processo do meu cliente, e, da janela do ônibus, nas barreiras de policiais que paravam e revistavam todos os carros, podia sentir a estupidez do modo como fazem na nossa terra quando o dinheiro é público e gasto por eles, os mandões.
         
Em algumas barreiras eu acenava para alguns poucos policiais que eu já os conhecia, enquanto, ficava impressionado com a desfaçatez daquela gente, gastando horrores por uma pequena e insignificante mossa que podia ser desamassada em menos de quinze minutos de lanternagem,não obstante aqueles rebotalhos e capachos serviçais  declarassem  em alto e bom tom “que o seu governador havia sofrido um atentado”.
        A perseguição demorou o dia todo. Recebemos, lá pela tardinha, um telefonema do nosso motorista que se escondera numa pequena oficina e consertara o Voyage avariado na perseguição espetacularmente empreendida na fuga rocambolesca. Saímos da cidade na madrugada sendo perseguidos por viaturas da Polícia Rodoviária Federal até as imediações dos limites com a Bahia.
         Só aí vim, saber, que o nosso motorista era um bandido altamente perigoso e procurado na Bahia e no nordeste, por vários crimes, os mais variados, de sorte que, nas suas palavras não podia ser pego.
        Soube, anos mais tarde, que o motorista usava nome falso de um policial que ele matara e assumira sua identidade. Depois, naturalmente, que os familiares me confessarem que fora assassinado num hotel de beira de estrada, retalhado em pedacinhos e sepultado em cova rasa, cavada com as mãos, por um dos seus irmãos, também, facínora, igualmente morto, mais tarde, pela policia de Santo Antonio de Jesus, a tiros de escopeta.

        Os caminhos de um advogado criminalista, muitas das vezes são confundidos, inadvertidamente e sem aviso por aproveitadores que se aproveitam de situações. Nunca mais viajei com o rapaz, pois achei uma falta de consideração não ter sido avisado da “companhia”. Sempre me perguntei: e se a polícia tivesse parado aquele carro ou balas tivessem nos acertado? Ou ainda, se eu tivesse sido preso pelos policiais? Decepções e vergonha até explicar as coisas.

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