Não são números antagônicos, senão a
expressão de uma realidade constatada no tempo. Cada ano vivido traz mais que
uma marca, uma característica apaixonante e a presença inarredável das nossas
vidas.
O registro aqui feto não é senão, e,
nada mais do que a quantidade de anos vividos e experimentados, diferente e
cheio de nuances, caracterizado pela maneira como se passa e nos conduz. Alguém
disse que o homem é o condutor da história. Não o é; ele é apenas um conduzido
na crista, incapaz de fazer qualquer coisa para mudar ou não; as coisas.
Viver não é um privilégio. Viver é se
conduzir e ser conduzido. O homem nada é em si. Incapaz de transformar a
realidade, é ele apenas “urbe et orbi”,
ou seja, ele consegue apenas gravitar e ser levado através do cosmos. Não soma
nem diminui a sua existência. É assemelhado a uma coisa. Coisa simples e sem
qualquer significado prático, na sua finitude miserável e na sua total e
abissal incapacidade de mudar as coisas e se determinar segundo a sua vontade.
“Imutabilis
perpetuam est”, voltamos ao útero faminto da terra, tanto ou quanto saímos
dela, representado pelo útero das nossas mães. Nada modificável senão estragado
e deteriorado pelo tempo, pelas marcas indeléveis as quais somos incapazes de modificá-las
ou apaga-las.
Fiz dia 18 mais um ano de vida. Nada
acrescentei. Diferente do ano passado, neste apenas constato a minha
aproximação franca e vigorosa da cova que se aproxima, da última pá de cal que
célere corre ao encontro de minha quase finda existência. E depois, só o
silêncio e o adeus inexorável que fica na partida. O momento seguinte será a
solidão eterna e invisível da sepultura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário