O que você quer saber sobre História?



Este blog tem como objetivo discutir História, postar artigos, discutir assuntos da atualidade, falar do que ninguém quer ouvir. Então sintam-se a vontade para perguntar, comentar, questionar alguma informação. Este é um espaço livre para quem gosta de fazer História.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

TIA MARICOTA E TONTONHO.

Assim chamávamos o casal de velhinhos que morava junto à nossa casa. Acostumados ao respeito e ao acolhimento, os meninos do meu tempo costumavam chamar as pessoas amigas e vizinhas de “tios e tias”. Então, Tia Maricota era aquela velhinha bondosa e delicada sempre mascando um pedaço de fumo de corda e a soltar suas cusparadas longas. Tontonho que suponho fosse “tio Antonio” era um estafeta dos Correios, cabelos completamente esbranquiçados pelo tempo a fungar continuadamente. Era uma família numerosa, todos os amigos e de idades diferentes, alguns muito mais velhos. Mas nos dávamos muito bem. Para lá íamos eu e o Mario, meu irmão, após o almoço, para fumar as escondidas na casa de Tia Maricota que, cúmplice inveterada, não nos entregava aos nossos Paes. Lá nos esparramávamos pelo chão da sala, sendo raras as cadeiras já que o casal era muito pobre. Aquela casa exercia um fenômeno de atração sobre nossas almas juvenis e ali aprendíamos muitas coisas, sobretudo o respeito e o carinho, a doação e a delicadeza. Saíamos por volta das 15 horas quando os velhos se retiravam para uma soneca, após o almoço. Nunca fomos mandados embora. Aquele poço de delicadeza e bondade era incapaz de ofender seja quem for. Como o mundo dá suas voltas, não pude despedir-me dos dois na passagem da janela do tempo quando se fechou para eles. Morava e estudava distante, aliás, marca registrada da minha vida de não me despedir dos entes queridos. Mas fica aqui o registro repetido daqueles amados velhinhos da minha mocidade com o meu preito de gratidão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário