Conheci o meu dileto e desaparecido
amigo e Irmão Lino, em dois
momentos distintos. O primeiro, quando eu era criança nas aulas de catecismo na
paróquia Local, quando nas tardes de domingo o velho pároco ladino e
espiritualmente equivocado nos ensinavam a nutrir ódio pelos “protestantes”,
“pelos bodes”, “pelos capas-pretas”, “pelos inimigos da virgem Maria” com as
recomendações para que nós disséssemos ao padre, no domingo seguinte, “se papai
e mamãe tinham recebido em algum
protestante capa preta”.
Passei a conhecer Irmão Lino e evitava
aproximar-me do seu filho de nome João e, outros que a mente já não se recorda,
como sendo “filhos do homem inimigo da igreja católica”.
No segundo momento, conheci-o no ano de 1968 e 1969 quando cheguei a
Itiúba transformado e lavado pelo Sangue
de Jesus Cristo e me dispus a fazer e a realizar a obra da pregação e da
salvação dos perdidos e desesperançados, para desespero dos meus pais que viam
com imensa tristeza seu filho “protestante”.
Jamais em toda a minha existência
conheci um homem de profundo amor e desprendimento pelos perdidos. Viajávamos
para lugarejos os mais distantes, em longas e cansativas caminhadas, cuja finalidade
era a de levar o Evangelho aos perdidos. Ganhamos desse modo, muitas almas para
Cristo. Humilde e conhecedor das escrituras,
Irmão Lino criou por mim uma amizade profunda e eterna dessas que nem a
morte consegue apagar nem fazer desaparecer pela ausencia.
Ele possuía oitenta anos. No ano de
1968 salvo engano, o homem conseguiu ganhar uma jovem tornando-a sua esposa,
acho que pela quarta vez casado daí nascendo uma garota hoje, já uma mulher
madura, e que, faz parte da nossa Igreja
Batista.
Eu tinha em 1969 a idade entre 22 ou
23 anos, portanto no melhor do meu rompante juvenil. As dificuldades em
acompanhar as longas passadas daquele gigante
Lino pelas estradas poeirentas eram imensas. Muitas vezes tive de
trotar para poder acompanhá-lo, o que disfarçava para não dar o braço a torcer.
Coisas da vida.
Não nos despedidos. Em 1969 fui para o
Rio de Janeiro completar meus estudos no Seminário Teológico Batista do Sul do
Brasil e, nunca mais nos vimos. Arrebatado deste plano, não pudemos nos
despedir nem eu fazer aquela prédica que sei, ele gostaria.
Essa minha homenagem ao Irmão Lino é eterna. Tenho dito
aos meus amigos mais chegados que, quando no Céu chegar, entre todos seremos os
primeiros a nos abraçar. Irmão Lino
foi um gigante na fé que na sua humildade e paixão pelas almas perdidas não se
poupou de levar a mensagem nos lugares mais difíceis.
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