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quarta-feira, 3 de agosto de 2016

UM CRENTE CHAMADO LINO

                                       
         Conheci o meu dileto e desaparecido amigo e Irmão Lino, em dois momentos distintos. O primeiro, quando eu era criança nas aulas de catecismo na paróquia Local, quando nas tardes de domingo o velho pároco ladino e espiritualmente equivocado nos ensinavam a nutrir ódio pelos “protestantes”, “pelos bodes”, “pelos capas-pretas”, “pelos inimigos da virgem Maria” com as recomendações para que nós disséssemos ao padre, no domingo seguinte, “se papai e mamãe tinham recebido em  algum protestante capa preta”.
          Passei a conhecer Irmão Lino e evitava aproximar-me do seu filho de nome João e, outros que a mente já não se recorda, como sendo “filhos do homem inimigo da igreja católica”.
        No segundo momento, conheci-o no ano de 1968 e 1969 quando cheguei a Itiúba transformado e lavado pelo Sangue de Jesus Cristo e me dispus a fazer e a realizar a obra da pregação e da salvação dos perdidos e desesperançados, para desespero dos meus pais que viam com imensa tristeza seu filho “protestante”.
          Jamais em toda a minha existência conheci um homem de profundo amor e desprendimento pelos perdidos. Viajávamos para lugarejos os mais distantes, em longas e cansativas caminhadas, cuja finalidade era a de levar o Evangelho aos perdidos. Ganhamos desse modo, muitas almas para Cristo. Humilde e conhecedor das escrituras, Irmão Lino criou por mim uma amizade profunda e eterna dessas que nem a morte consegue apagar nem fazer desaparecer pela ausencia.
          Ele possuía oitenta anos. No ano de 1968 salvo engano, o homem conseguiu ganhar uma jovem tornando-a sua esposa, acho que pela quarta vez casado daí nascendo uma garota hoje, já uma mulher madura, e que, faz parte da nossa Igreja Batista.
          Eu tinha em 1969 a idade entre 22 ou 23 anos, portanto no melhor do meu rompante juvenil. As dificuldades em acompanhar as longas passadas daquele gigante Lino pelas estradas poeirentas eram imensas. Muitas vezes tive de trotar para poder acompanhá-lo, o que disfarçava para não dar o braço a torcer. Coisas da vida.
         Não nos despedidos. Em 1969 fui para o Rio de Janeiro completar meus estudos no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil e, nunca mais nos vimos. Arrebatado deste plano, não pudemos nos despedir nem eu fazer aquela prédica que sei, ele gostaria.
          Essa minha homenagem ao Irmão Lino é eterna. Tenho dito aos meus amigos mais chegados que, quando no Céu chegar, entre todos seremos os primeiros a nos abraçar. Irmão Lino foi um gigante na fé que na sua humildade e paixão pelas almas perdidas não se poupou de levar a mensagem nos lugares mais difíceis.



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