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segunda-feira, 17 de novembro de 2014

PULLU – O ANDARILHO


        Uma das mais vivas recordações da infância itiubeira sertaneja, é a de um homem, uma população assombrada e um homem simples e mirrado de apelido Pullu.
        Ocasionalmente o Pullu assombrava a cidade ou a punha em polvorosa com notícias de mulheres que foram atacadas, estupradas e mortas por ele conforme se afirmava no tempo. As noticias vinham da zona rural e chegavam à cidade com a força do impacto da moral vigente cheia de recatos e boas práticas desconhecidas do mundo atual .
       O Pullu era um home mais para andarilho com problemas mentais que costumava se vestir com várias roupas, umas sobre as outras, e, assim, saia pelas estradas da sua região, do Povoado de Cacimbas, bem próximo da cidade de Itiúba, levando nas costas sacos de roupas e outros petrechos.
       Quando atacava a sua doideira, o Pullu deixava sua casa e parentela dando lugar a toda sorte de boataria que lançavam sobre o pobre. Nunca, na verdade, ninguém o viu atacando ou matando, muito menos estuprando mulheres da zona rural ou de outra localidade. Jamais se provou tenha o Pullu causado qualquer nocividade a quem quer que fosse.
      Conheci-o bem. Era um sujeitinho branquinho, mirrado, mãos finas de quem nunca pegou no pesado, que naqueles tempos era a enxada das roças, dono de umaface pequena e um pouco encaveirada, olhos azuis claros e fala mansa, mas muito mansa mesmo, de uma educação de gestos impressionantes, a sair pelas casas a pedir um prato de comida e um copo com água. Costumávamos entabular pequenos papos com o Pullu, não obstante sua má fama, cheios de desconfianças daquele simples e miúdo homem,pois que, ele se encerrava num mutismo que nos incapacitava de travar bate papolongo ou até mesmo mediado.
      Pedia água e comida indo de porta em porta, isso quando raramente aparecia uma vez por ano, sendo diversas vezes preso na cadeia local onde passava dias até os seus familiares de lá o retirarem, mas não que o Pullu tivesse feito algum mau. Pura má fama. Nada mais.
      O Pullu sumiu no oco do mundo. Dele apenas a lembrança de um tempo que virou na esquina da vida com as lembranças e recordações.


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