Sob a presidência de Luiza Erundina o
seminário de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados se reuniu com transmissão
pela TV Câmara, muitos cidadãos nacionais e estrangeiros para apurar os crimes
da ditadura.
Verdades doloridas estão sendo reveladas,
como as de que a outra comissão chamada da “Verdade”, não tem demonstrado
nenhum interesse, assim como tem participado dos debates ocorridos no aludido
seminário.
Já nos manifestamos sobre a Comissão da
Verdade criada com a finalidade de trazer a público fatos ocorridos na noite
negra do Brasil. Fato, é incompreensível que os membros daquela comissão ainda
não se reuniram para apurar os fatos bem como parece não se mover para a
apuração que a pátria reclama.
Atuação suspeita pelo desinteresse e
inércia, nega aos brasileiros passar a limpo os acontecimentos ocorridos, bem
como permitir que a memória não seja apagada, a verdade não seja esclarecida e
a justiça não se faça.
Em total descompasso com o Tribunal
Internacional e, diferentemente dos demais países envolvidos que apuraram e
puniram os generais criminosos, o Brasil parece sofrer de letargia. Ainda esta
semana um dos mais sanguinários generais, Jorge Rafael Videla do Chile, foi
condenado há mais 50 anos pelas crianças arrancadas dos seus pais privados de
liberdade e entregues aos seus asseclas e colaboradores.
O período de 1946 até o governo militar de
64, nos parece longo em demasia. Ora, é sabido que o golpe foi dado pelos militares
que o encabeçou coadjuvados por muitos civis. Por aí se vê que a ditadura
sangrenta aqui instalada, evidentemente não pode ser de responsabilidade apenas
dos militares.
Por outro lado a famigerada “Operação
condor” envolvendo Uruguai, Argentina, Chile e Paraguai, criada para suprimir
as vidas dos dissidentes, sabe-se hoje, teve a supervisão e coordenação dos
militares brasileiros que, sob as orientações da organização terrorista CIA deu
total apoio logístico.
Será preciso, ademais, que os
governadores dos estados-membros sejam também responsabilizados, pois foi
através deles que as populações foram caladas, suprimidos muitos, além de terem
se enriquecido eles e seus familiares, devendo trazer a lume suas ações, pois
os militares isoladamente não seriam capazes, sem a sua anuência, apoio
incondicional e subserviente.
A anistia deverá ser desconsiderada, por
lhe faltar legitimidade, por ser auto anistia e por ter sido votada por um
Congresso absolutamente dependente das orientações dos militares. Pretenderam
se perdoar dos crimes que cometeram. É mais que vergonhosa a ação dos
parlamentares do período, em que raras exceções aplaudiram entusiasticamente a
chamada “redentora”. Além de perpetuarem crimes, criaram mecanismos como o de
crimes conexos, o que é um absurdo jurídico, tratando qualquer delito como se
fosse de natureza política.
Não se trata de vingança, mas de justa
reparação, devendo ser trazidos os fatos e aquele período ao conhecimento, pois
é impossível que um país continue sem memória, as pessoas não tenham o
verdadeiro alcance do quanto os delinqüentes, em nome do Estado Brasileiro
praticaram sem medidas éticas, tudo para assegurar poder, dinheiro e fama à
custa do povo.
A famigerada Operação condor com todos os
seus desdobramentos há de desvendar os crimes de nacionais e estrangeiros que
foram suprimidos aqui e lá fora, como política de estado e de dominação, de
supressão de dissidentes e dos que contestavam a ditadura.
Servirá a apuração, para mudar os rumos da
história. E, se em nada der, veremos a história ser reescrita nos seus
pormenores, desmascarará muitos serviçais lambe-botas e seus parentes, cujos
nomes serão execrados em letras garrafais. E isso em si já é uma punibilidade.
Repito. Não acredito na tal Comissão da
Verdade que até aqui não se manifestou, mesmo porque, alguns dos seus membros
estão sendo acusados de suspeitos, não procuraram até o momento apurar nada,
enquanto o tempo não lambe com os seus pijamas amaldiçoados, aqueles cabecilhas
que trouxeram para o Brasil tanta dor e tanta infâmia em nome de uma doutrina
de segurança nacional que, no final das contas, não passou de assegurar
privilégios aos Estados Unidos da América.
E que sirva de lição aos evangélicos,
meus irmãos que coonestaram, pelo silencio, as infâmias da ditadura.
Viva a Comissão de direitos Humanos.
Dela se espera muito, em especial os socialistas e humanistas.
LEMBRE-SE:
ANULE SEMPRE SEU VOTO.
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